A transformação da agricultura brasileira, impulsionada por práticas regenerativas e o uso de bioinsumos, promete posicionar o país como um líder mundial na produção agropecuária sustentável. Esse é o tema do mais recente episódio do Podcast Minuto Agro, produzido pela Indigo Agricultura, que já está disponível no portal e nas principais plataformas de áudio. O convidado especial do episódio 31 é José Carlos Polidoro, pesquisador da Embrapa Solos e assessor no Ministério da Agricultura, que compartilha detalhes sobre o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD).
No episódio, conduzido por Aline Araújo, head de comunicação da Indigo, Polidoro compartilha insights valiosos sobre a ambiciosa meta do PNCPD de recuperar até 40 milhões de hectares de pastagens degradadas no Brasil. O objetivo é não apenas aumentar a produtividade agropecuária sem desmatamento, mas também integrar práticas de agricultura sustentável, como rotação de culturas, plantio direto e o uso de bioinsumos, biológicos de alta performance que contribuem para a revitalização dos solos e o fortalecimento de uma agropecuária brasileira mais sustentável. Ele também destacou como o uso de biológicos poderá transformar o Brasil em uma referência mundial em agricultura de baixo impacto ambiental, contribuindo diretamente para a mitigação das mudanças climáticas e o sequestro de carbono.
40 Milhões de hectares de oportunidades
“O Brasil tem nas mãos a oportunidade de recuperar 40 milhões de hectares de pastagens degradadas”, afirmou Polidoro durante a conversa, destacando o potencial de aumentar a área agrícola do país sem desmatamento. O PNCPD é uma das principais estratégias para alcançar esse objetivo, e sua execução pode significar um salto de mais de 50% na área produtiva do Brasil, com foco em tecnologias sustentáveis como plantio direto, rotação de culturas e a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).
Segundo Polidoro, o programa visa converter cerca de 28 milhões de hectares em sistemas agrícolas de alta produtividade, enquanto outros 12 milhões de hectares serão direcionados para a regeneração florestal ou recuperação da vegetação nativa. “Estamos estruturando um modelo que unirá produtividade com sustentabilidade, reduzindo a pressão sobre o desmatamento e promovendo o uso responsável da terra”, explicou o pesquisador.
O papel dos biológicos
Uma das grandes apostas do programa é o uso de biológicos de alta performance, que, de acordo com Polidoro, são essenciais para garantir a sustentabilidade da produção agrícola. Ele lembrou que o Brasil já é um líder global em bioinsumos, citando o exemplo do inoculante de soja, que, ao longo dos anos, permitiu a redução de emissões de gases de efeito estufa e economizou bilhões em fertilizantes nitrogenados.
“A ciência brasileira nunca parou de evoluir”, enfatizou. “Com a adoção de bioinsumos, estamos eliminando o uso de defensivos químicos sintéticos e fertilizantes minerais em larga escala, o que contribui diretamente para a preservação dos recursos hídricos e para uma agricultura de baixo impacto ambiental.”
Essa combinação de biológicos e práticas conservacionistas tem um potencial transformador: segundo estudo da Embrapa, a agricultura regenerativa pode reverter a emissão de 300 milhões de toneladas de CO2 por ano, sequestrando até 100 milhões de toneladas de carbono da atmosfera.
Oportunidades globais
Para Polidoro, o impacto positivo da adoção de práticas sustentáveis vai além do Brasil. Ele vê no PNCPD uma oportunidade de liderança mundial, especialmente para países do cinturão tropical, como na África e Ásia, que enfrentam problemas similares de degradação de terras. O modelo brasileiro já está sendo observado como exemplo por nações africanas, como Angola, que busca replicar as soluções aqui desenvolvidas.
A demanda crescente por produtos agrícolas sustentáveis no mercado internacional, em especial na União Europeia, também coloca o Brasil em uma posição estratégica. “Os bioinsumos são uma peça-chave para que o produtor rural brasileiro atenda aos critérios de sustentabilidade exigidos por mercados internacionais cada vez mais rigorosos”, ressaltou Polidoro.
Quando questionado sobre o futuro da agricultura regenerativa e o uso dos biológicos no Brasil, Polidoro foi categórico: “Vejo o Brasil como um líder mundial na agricultura sustentável”. Ele acredita que, nos próximos 10 a 20 anos, o país consolidará um modelo agroambiental que será referência global, especialmente para outras nações do hemisfério sul.
Fonte: Silva, Robson (SPL-WSW)