A banana é a fruta mais consumida no Brasil e no mundo, movimentando quase 14 bilhões de reais por ano. Mesmo com essa expressiva representatividade econômica, o setor de bananicultura ainda apresenta um potencial de expansão muito grande no mercado externo, em que se reforçam as tendências da sustentabilidade.
Para falar sobre o assunto, a Verde convidou a Doutora em Fitotecnia e Professora Adjunta na Universidade Federal de Lavras (UFLA), Dra. Leila Aparecida Salles Pio, para o “Encontro com Gigantes – Bananicultura: como ter uma produção sustentável?”.
O evento foi promovido pela Verde, empresa que produz os fertilizantes BAKS®, K Forte®, K Forte Boro e Silício Forte, no dia 05 de agosto de 2021.
A produção sustentável de bananas
A banana está entre as principais culturas frutíferas do Brasil, tendo sua produção absorvida quase que integralmente pelo mercado interno. A professora Leila Aparecida explicou que, diferentemente das demais frutas, a banana proporciona uma vantagem ao agricultor logo no primeiro ano de cultivo:
“A banana apresenta um fluxo contínuo de produção a partir do primeiro ano de cultivo e isso para o agricultor é extremamente importante, porque as frutas, de forma geral, não produzem no primeiro ano. Então, toda vez que o agricultor for no bananal, ele tem banana para ser colhida.”
Existem três principais sistemas de produção que podem ser adotados pelos agricultores, sendo elas a produção convencional, integrada e orgânica.
Enquanto na produção convencional utilizam-se fertilizantes sintéticos e pesticidas em grandes quantidades, as produções integradas e orgânica recomendam o uso restrito dos insumos agrícolas, de acordo com as diferentes normativas que regulam as atividades.
Para que um desses sistemas de produção seja considerado sustentável, ele precisa atender os 13 indicadores de sustentabilidade para sistemas de produção de banana, apresentados no V Simpósio Brasileiro sobre Bananicultura em 2003. São eles:
- Preservação do solo e água;
- Otimização de recursos naturais;
- Uso de variedade melhoradas;
- Uso de insumos externos (químicos);
- Ciclagem de nutrientes;
- Qualidade do produto (sem contaminação);
- Preservação da biodiversidade (inimigos naturais);
- Manejo integrado de pragas e doenças (MIP e MID);
- Perdas na pós-colheita;
- Custos de produção;
- Competitividade no mercado;
- Segurança no trabalho;
- Segurança do alimento.
Para alcançar todos os indicadores de sustentabilidade, por onde o agricultor deve começar?
A implementação de um modelo produtivo sustentável da bananicultura
Segundo a Dra. Leila Aparecida, os primeiros passos para alcançar modelo produtivo sustentável se iniciam com a escolha da variedade mais adequada:
“Para termos uma produção sustentável, nós precisamos escolher a variedade certa, porque é preciso avaliar se vamos querer qualidade de fruto ou resistência de plantas. Numa produção sustentável é extremamente interessante nós termos variedades resistentes para manejo da planta. Porém, há alguns problemas com relação ao sabor da fruta que podem interferir na comercialização.”
Nesse processo de escolha e aquisição das mudas, também é muito importante se atentar à sanidade do material para não levar potenciais contaminantes (nematoides, pragas e doenças) para área de plantio.
Já na fase do preparo sustentável da área, o manejo deve ser direcionado para potencializar a qualidade do solo, buscando utilizar adubos verdes, compostos orgânicos e mantê-lo coberto com fitomassa viva e/ou morta.
A professora Leila Aparecida destacou que a cobertura do solo proporciona diversos benefícios, como:
- Melhora as condições físicas, químicas e biológicas do solo;
- Ameniza a temperatura do solo;
- Proporciona ambiente favorável à criação/multiplicação de inimigos naturais de pragas da bananeira;
- Reduz a incidência de plantas espontâneas;
- Controla a erosão.
Também é possível potencializar alguns desses benefícios na fase de implantação do bananal. Para o melhor controle da erosão, por exemplo, práticas como o cultivo em faixa, cordão de contorno e terraciamento são essenciais.
O emprego simultâneo de múltiplas práticas agrícolas, muito presente nas fases de manejo integrado de pragas e doenças, favorece a estabilidade e a sustentabilidade do sistema de produção e proporciona benefícios que vão se somando ao longo da cadeia produtiva.
A Dra. Leila Aparecida também destacou a importância das práticas preventivas, já que em algumas condições pode se tornar impossível a reversão dos danos:
“Como sabemos que a banana sente muito em relação a geada, é preciso procurar regiões mais altas com a face mais voltada para o sol para o plantio. Porque quando os danos são severos é recomendável renovar o bananal, enquanto em casos de danos leves a própria planta consegue se recuperar.”
Além da adoção do manejo sustentável do bananal, o agricultor também precisa identificar o potencial de todos os produtos e subprodutos da sua lavoura para garantir a sustentabilidade financeira do empreendimento.
O potencial da bananicultura no mercado
Dentre as diferentes etapas da cadeia produtiva da banana, a professora Leila Aparecida destacou o potencial comercial dos resíduos gerados nas fases da colheita e pós-colheita. Muitos desses resíduos orgânicos, podem ser aproveitados na forma de:
- Produtos artesanais;
- Embalagens biodegradáveis;
- Compostos orgânicos;
- Alimentos como palmitos, farinhas, etc.
Além disso, a Dra. Leila Aparecida destacou que o desenvolvimento da bananicultura brasileira é dependente da exploração do mercado externo, já que hoje apenas 1% da produção nacional é exportada.
Segundo a professora, para alcançar esse objetivo é preciso cada vez mais um trabalho conjunto de todas as pessoas e organizações envolvidas no setor:
“Acredito que, por meio da vivência dos produtores e do conhecimento dos centros de pesquisas em suas diversas especialidades, é possível com essa integração aumentar a rentabilidade no campo e sua sustentabilidade.”
Para entender mais sobre a produção sustentável da bananicultura, confira o vídeo do Encontro com Gigantes na íntegra!
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Fonte: Stella Xavier