Produtores devem ficar atentos à época de plantio de cada cultivar
No último dia 15 de setembro, encerrou-se o período de vazio sanitário da soja no Mato Grosso do Sul e já é permitido a semeadura da cultura em todo o território estadual. Para que o agricultor obtenha boas produtividades na safra 21/22, o pesquisador responsável pelo setor de Fitotecnia Soja da Fundação MS, Dr. André Bezerra, ressalta que há uma série de fatores que devem ser considerados antes e durante o plantio, para alcançar sucesso na implantação e desenvolvimento da lavoura.
“Nesse primeiro momento, o produtor deve se assegurar, principalmente, de que as sementes adquiridas correspondem a cultivar adaptada à janela de semeadura e ambiente de produção em questão”, destacou o pesquisador.
Ele lembrou ainda que o produtor necessita estar atento se dispõe de insumos de qualidade e máquinas revisadas e reguladas para a aplicação da quantidade correta. O próximo passo é garantir uma boa dessecação para semeadura no limpo. Durante a semeadura é importante verificar a correta distribuição das sementes e observar a emergência, ocorrência de pragas e doenças nos estágios iniciais.
Os resultados dos estudos relacionados à cultura, que podem ser consultados no Portal do Associado, da Fundação MS, mostram que o setor está investindo cada vez mais em tecnologia para que haja maior desempenho no campo.
Esse comportamento é corroborado com os números apresentados nos últimos anos. O mercado tem visto um crescimento no volume de produção e na produtividade de grãos, superarem as estimativas. Na safra passada, segundo informações apresentadas pela Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Se magro) e Associação de Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), a colheita no estado chegou a 13,3 milhões de toneladas, tendo um aumento de 17,8% em comparação com a safra 2019/2020, fechando em 62,8 sacas por hectare. Outro destaque fica por conta da área plantada, que teve aumento de 4% em relação ao período anterior, chegando a 3,5 milhões de hectares.
Com expectativa ainda maior para a safra 21/22, Bezerra explica que a janela ideal de semeadura pode variar de acordo com a localidade da propriedade. Para áreas no Cone Sul, o melhor período para o plantio é no mês de outubro. Já em outras regiões de Mato Grosso do Sul, como ao norte,Bezerra destaca que é possível semear mais cedo. Em alguns municípios mais ao leste do estado, que possuem clima mais seco, a época ideal para plantio necessita de regularização das chuvas para que haja umidade no solo. “O entendimento sobre a melhor janela de cada região, onde estão reunidas as melhores condições climáticas, chuva, temperatura e foto período, maximiza o rendimento da cultura”, disse.
O pesquisador também ressalta que pode haver variação da época de semeadura de acordo com a cultivar que o produtor escolheu. Se a opção foi por uma semente adaptada para a semeadurano final de setembro, esta possui ajuste populacional ideal para esse período. Com a mudança de janela, é preciso verificar qual se adapta melhor para o momento. O produtor também terá que fazer ajustes de cultivares em função da fertilização. “Sempre deverá observar os fatores do ambiente de produção, época e cultivar que ele está trabalhando. Se adquirir sementes de uma cultivar adaptada ao planto no final de outubro, por exemplo, e plantar no início, esta pode não expressar o máximo potencial”.
O pesquisador também alerta para a inspeção das máquinas que serão utilizadas na semeadura. A regulagem dos equipamentos precisa atender o planejamento do produtor e ao entrar em cada área é preciso conferir se todos os elementos estão de acordo. As regulagens variam conforme as características físicas dos insumos. Para sementes com tamanho e formato diferentes, o mesmo disco pode não servir para atender as duas igualmente.
Outro ponto importante para melhorar a qualidade da semeadura é a velocidade da máquina no campo. Segundo Bezerra, o recomendado, atualmente, é que o trator trafegue a 5 km/h. “Assim ele terá tempo de fazer todo o processo, que é cortar palha, abrir sulco, depositar o adubo, abrir o sulco da semente, depositar a semente e fechar o sulco, garantindo boa distribuição longitudinal da semente e profundidade adequada”, explica.
Após o plantio, o monitoramento do desenvolvimento da cultura nos primeiros dias é fundamental. É importante ficar atento durante todo o ciclo para ocorrência de pragas e doenças. O acompanhamento permite o controle ainda no início dos danos, minimizando as perdas de produtividade. O pesquisador da Fundação MS reforça que o avanço das tecnologias embarcadas nas sementes, como as biotecnologias, está tendo resultados significativos. “Vemos que não há uma pressão forte de lagartas, mas para os percevejos, percebemos a necessidade de monitorar a lavoura durante todo o ciclo. A mosca branca também tem sido um problema, tem aumentado, então precisa de uma atenção especial para essa praga”.
A Fundação MS realiza trabalhos de pesquisa em unidades em Mato Grosso do Sul, na safra e safrinha. Com atuação sempre pautada em demandas advindas dos produtores rurais, em um sistema de trabalho conhecido por 2D´s (Demanda e difusão), os pesquisadores realizam experimentos que visam o desenvolvimento, a produtividade e a qualidade dos produtos.
Através do Conselho Técnico-Científico (CTC) os problemas e desafios são levantados pelos membros, os pesquisadores elaboram protocolos de pesquisa que são levados ao campo. Após todo o manejo, colheita e tabulação dos dados, os resultados são apresentados em cada uma das unidades de pesquisa por meio de eventos promovidos pela Fundação MS: dias de campo, apresentações de resultados, no site, Portal do Associado e Showtec.
A Fundação MS também atua com parcerias e cooperações, testando eficiência, validação, posicionando e auxiliando no desenvolvimento de produtos que estão em fase pré-comercial ou já disponíveis no mercado, prestando serviços nas áreas de Manejo e Fertilidade do Solo, Fitotecnia Soja, Fitotecnia Milho e Sorgo, Herbologia/Entomologia e Nematologia/Fitopatologia.
Fonte: Fundação MS