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Pecuária familiar do Nordeste avança com a adoção do Santa Gertrudis na monta natural

Cerca de 80% da reprodução bovina no Brasil ainda é realizada por monta natural, segundo dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia). Nesse cenário, a busca por produtividade e eficiência dos reprodutores se torna essencial para aumentar a rentabilidade. A raça Santa Gertrudis, por exemplo, vem ganhando destaque entre produtores do Nordeste — especialmente em regiões de clima desafiador, como o Semiárido — pela capacidade de aliar rusticidade, desempenho reprodutivo e bom ganho de peso dos bezerros em sistemas de produção simplificados.

No município de Junqueiro, em Alagoas, o produtor Edson Cavalcante relata que a adoção da raça transformou a produtividade da propriedade. Com histórico familiar na atividade, ele conta que passou a utilizar o Santa Gertrudis em 2019, após buscar alternativas para aprimorar o cruzamento industrial do rebanho. Segundo o produtor, os resultados apareceram rapidamente, sobretudo no manejo reprodutivo e na fase inicial da cria, graças à facilidade de parto e à vigorosa capacidade de amamentação dos bezerros, que exigem pouca ou nenhuma intervenção dos vaqueiros nas primeiras horas de vida.

Edson também destaca a diferença observada na eficiência sexual dos touros. Ao comparar um reprodutor Santa Gertrudis com animais de outra raça trabalhados no mesmo lote, afirma ter percebido superioridade clara do Santa tanto no número de vacas cobertas quanto na proporção de bezerros desmamados. “Coloquei os dois animais na vacada, o Santa e o outro, mas na hora do aparte vai ter mais bezerro do Santa. O libido do Santa é muito maior, ele percebe a vaca no cio de longe”, relata. Segundo sua experiência, um touro Santa Gertrudis cobre cerca de 40 vacas com tranquilidade, mantendo comportamento dócil e facilidade de manejo. Os resultados também são evidentes na balança: de acordo com o produtor, bezerros do cruzamento com Santa Gertrudis apresentam entre uma arroba e meia e duas arrobas a mais em relação aos demais animais.

A rusticidade é outro ponto ressaltado por Edson na adaptação ao clima de Alagoas. Ele destaca a resistência da raça ao carrapato, um dos principais desafios sanitários na região. “Com Santa você não vai ter problema com carrapato. Ninguém quer ver essa praga no rebanho. Esse foi um dos pontos que mais me deixou satisfeito com o cruzamento”, afirma. O produtor também reforça o temperamento dos animais, considerados dóceis e fáceis de manusear, característica que contribui para reduzir riscos operacionais e otimizar o manejo diário.

Para Gustavo Barretto, proprietário da Fazenda Mangabeira, que há mais de 47 anos trabalha com a seleção da raça no Nordeste, depoimentos como o de Edson demonstram o potencial do Santa Gertrudis como alternativa sólida para sistemas de monta natural em diferentes escalas de produção. “Quando um produtor volta para comprar mais Santa Gertrudis, significa que a genética entregou resultado dentro da porteira. Nosso trabalho é selecionar animais funcionais, com libido, ganho e rusticidade, pensados especialmente para quem depende de eficiência no campo. É gratificante ver o Santa transformando realidades como a do Edson”, afirma.

Fonte: Mayara Martins

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