A adoção de sistemas integrados, como o de soja e algodão, transformou o modelo produtivo brasileiro e ampliou o potencial de uso das áreas agrícolas. Ao mesmo tempo, a repetição de cultivos e o manejo contínuo do solo trouxeram novos desafios, especialmente relacionados à presença de nematoides, que reduzem a eficiência do sistema e exigem soluções genéticas e agronômicas combinadas.
De acordo com Gustavo Zimmer, consultor de desenvolvimento de produtos da TMG – Tropical Melhoramento & Genética, empresa brasileira de soluções genéticas para algodão, soja e milho, a presença do Rotylenchulus reniformis em áreas tradicionais do sistema tem se tornado um dos principais entraves à sustentabilidade do cultivo. “O nematoide compromete o desenvolvimento das plantas e, em muitos casos, os sintomas passam despercebidos na soja, mas se manifestam de forma mais evidente no algodão subsequente, com queda expressiva no rendimento”, explica.
Segundo Zimmer, o avanço no melhoramento genético tem ampliado as opções de cultivares com diferentes níveis de resistência a nematoides, o que representa um avanço importante para a sustentabilidade do sistema. “A resistência genética reduz o fator de reprodução da praga e ajuda a controlar sua população ao longo dos ciclos, permitindo maior estabilidade produtiva”, destaca.
Ele observa que o nematoide se dissemina facilmente pela água e tende a se concentrar em pontos de acúmulo na lavoura, onde o desenvolvimento das plantas é afetado. “Por isso, a combinação entre resistência genética, rotação de culturas e boas práticas de manejo é essencial para preservar o potencial produtivo das áreas”, completa.
Resultados de estudo com a Fundação Mato Grosso
Em parceria com a Fundação Mato Grosso, a TMG avaliou diferentes combinações de cultivares de soja e algodão em áreas com histórico de infestação por R. reniformis. O levantamento demonstrou que o uso de soja resistente reduziu de forma expressiva a população de nematoides no solo e contribuiu para o aumento da produtividade do algodão cultivado na sequência.
“O monitoramento mostrou que, mesmo em áreas com alta infestação inicial, a população do nematoide caiu significativamente após o cultivo da soja resistente. Essa redução refletiu diretamente no desempenho do algodão subsequente”, comenta Zimmer.
Sustentabilidade do sistema produtivo
O consultor ressalta que o manejo de nematoides precisa ser pensado dentro do contexto do sistema produtivo, e não de forma isolada. “O produtor deve considerar o histórico da área, o nível de infestação e as cultivares disponíveis. A escolha correta é decisiva para manter o equilíbrio e a rentabilidade do sistema”, afirma.
Zimmer reforça que a adoção de cultivares resistentes é uma ferramenta estratégica para enfrentar o desafio imposto pelos nematoides. “Nosso objetivo é que o produtor tenha acesso a soluções genéticas que auxiliem na construção de sistemas mais sustentáveis e produtivos. O manejo eficiente dessa praga passa, necessariamente, pela genética”, conclui.
Fonte: Gabriela Salazar



