O Porto de Santos, maior complexo portuário da América Latina e principal porta de entrada e saída do comércio exterior brasileiro, alcançou um marco histórico em setembro: mais de 17,5 milhões de toneladas movimentadas em um único mês, de acordo com dados da Autoridade Portuária de Santos (APS). O recorde consolida a posição estratégica do terminal paulista como motor logístico do país e reflete a evolução contínua de uma infraestrutura que, há mais de um século, impulsiona o desenvolvimento econômico do Brasil.
Inaugurado oficialmente em 1892, o Porto de Santos é considerado o berço da modernização logística do país. Foi a partir de suas docas que o Brasil viveu o auge do Ciclo do Café, impulsionou a industrialização paulista e abriu caminho para a integração entre modais que hoje sustentam a economia nacional. Ao longo dos séculos, o porto se transformou em sinônimo de progresso e conexão com o mundo.
Para Antonio Luiz Leite, presidente da Fundação Memória do Transporte (FuMTran), o recorde histórico de movimentação de cargas no Porto de Santos representa não apenas um marco operacional, mas também um símbolo da trajetória centenária de modernização e relevância econômica desse porto, que há mais de 130 anos é o principal elo entre o Brasil e o comércio internacional. “Desde sua inauguração, o Porto de Santos acompanhou a evolução do país, primeiro como escoadouro do café e, depois, como plataforma para a exportação de produtos industrializados, agrícolas e minerais. O novo recorde de cargas simboliza a continuidade de um ciclo de crescimento e adaptação: o Porto de Santos permanece como o coração logístico do país”, destaca Leite.
O acervo da FuMTran guarda registros valiosos sobre essa evolução: fotografias, documentos, publicações e depoimentos que mostram desde as antigas operações manuais do fim do século XIX até a era dos terminais automatizados e do comércio globalizado. “Preservar a memória é essencial para entendermos como o Brasil construiu sua infraestrutura logística e para inspirar novas soluções de transporte. Quando você sabe de onde vem, começa a descobrir para onde vai. Conhecer e estudar o passado nos ajuda a compreender o presente e possibilita planejar um futuro melhor para a infraestrutura portuária brasileira”, complementa o presidente.
Uma linha do tempo ajuda a dimensionar a evolução impressionante do Porto de Santos. De acordo com dados da APS e registros históricos compilados pela Revista Portos e Navios, em 1892, ano da inauguração organizada do porto, foram movimentadas cerca de 124 mil toneladas de carga. Naquele período, o transporte era majoritariamente manual e restrito a produtos como café, açúcar e algodão, que impulsionaram a economia paulista e o crescimento do comércio marítimo brasileiro.
Mais de 130 anos depois, o contraste é expressivo: segundo a APS, o porto encerrou 2024 com cerca de 179,8 milhões de toneladas movimentadas ao longo do ano, número que reafirma sua posição como o maior complexo portuário da América Latina. A comparação revela o salto tecnológico e logístico do setor, evidenciando histórico de Santos como ponto de convergência entre a memória do transporte e o desenvolvimento econômico do país.
Uma recente apuração da APS mostra que, no primeiro semestre de 2025, o Porto de Santos movimentou cerca de 29,61 milhões de toneladas de soja (grãos e farelo), o principal produto entre todos os tipos de carga, seguido por açúcar e celulose. “A predominância da soja evidencia o papel histórico e atual do porto como porta de escoamento do agronegócio brasileiro e liga diretamente sua operação moderna ao ciclo econômico que se iniciou há mais de um século”, diz Antonio Luiz Leite.
A imposição de tarifas adicionais por parte dos Estados Unidos ao Brasil, anunciadas em meados de 2025 também influenciou o fluxo de cargas no Porto de Santos. Segundo a APS, produtores aceleraram embarques após a elevação das alíquotas americanas que passaram a incidir sobre diversos produtos brasileiros como café, carne e açúcar, o que provocou uma espécie de “corrida de carga” para aproveitar janelas de exportação antes das novas taxas.
Antonio Luiz Leite ressalta que o futuro do Porto de Santos dependerá de sua capacidade de equilibrar eficiência e sustentabilidade. “Os desafios estruturais e ambientais exigem planejamento e investimento, mas as oportunidades tecnológicas e estratégicas podem consolidar o porto como símbolo de uma nova era da logística brasileira, mais moderna, interconectada e global. Revisitar sua história é também reconhecer o esforço de gerações que ajudaram a construir um dos maiores legados logísticos do país”, conclui.
Fonte: Imprensa – FuMTran



