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Geologia da UFMT comemora 50 anos com legado em pesquisa e formação profissional

O curso de Geologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) comemora 50 anos com projetos e pesquisas de impacto social e na comunidade acadêmica. Fundado em 1975, é o principal formador de profissionais que atuam nos setores de mineração, geotecnia, geologia de engenharia e recursos hídricos em Mato Grosso e em diversos estados, destaca o diretor da Faculdade de Geociências da UFMT (Fageo), professor doutor Carlos Humberto da Silva.

“Nossos egressos estão presentes em Rondônia, no Acre, no sul do Pará e, mais recentemente, também em Mato Grosso do Sul. Regiões que, até pouco tempo atrás, eram ocupadas quase exclusivamente por profissionais formados no Sudeste. Isso mostra a força e o alcance do curso da UFMT”, afirma.

Ele conta que ingressou na UFMT como estudante do curso em 1993, numa época em que a geologia não vivia o prestígio atual e muitos profissionais tinham dificuldade de inserção no mercado, então voltado ao petróleo. Desde a graduação, teve o objetivo de seguir na pesquisa e viu seu futuro na sala de aula. Tornou-se professor da universidade em 2004 e, desde então, acompanhou o número de alunos mais que dobrar, de 120 para mais de 250 estudantes matriculados.

“Hoje temos um curso muito mais dinâmico, voltado ao mercado, com professores que se mantêm antenados às tendências. Houve uma transformação significativa na forma como o curso se relaciona com a sociedade”, avalia.

Para o futuro, Carlos Humberto destaca o potencial de expansão dos grandes projetos já consolidados. Entre eles, os estudos em paleontologia, liderados por grupos que investigam fósseis e grãos de pólen para reconstruir a história ambiental da Terra; as pesquisas em riscos geológicos e hidrológicos, que auxiliam no planejamento urbano e na prevenção de desastres; e os projetos inovadores em geologia ambiental e energética, como o uso de rochas vulcânicas para o sequestro e armazenamento de carbono, em parceria com instituições nacionais e internacionais.

Para a presidente da Associação dos Geólogos de Mato Grosso (Agemat), vice-presidente da Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo) e deputada estadual Sheila Klener, egressa do curso, os profissionais geólogos têm papel fundamental no desenvolvimento socioeconômico e ambiental do estado. Ela também conta que os seus professores marcaram sua trajetória como referências de excelência.

“Tudo que eu tenho na minha vida devo à minha profissão e à minha formação. Hoje sou servidora pública do Estado de Mato Grosso, atuando na análise de licenciamento de empreendimentos de mineração, graças à formação que tive na Universidade Federal de Mato Grosso”, afirma.

Para o professor doutor Caiubi Kuhn, presidente da Febrageo, a Geologia tem papel decisivo no desenvolvimento de Mato Grosso e do país. Egresso do curso, ele afirma que a formação abriu as portas para sua trajetória como professor e pesquisador.

“O curso de Geologia da UFMT contribuiu, ao longo desses 50 anos, de forma significativa para o desenvolvimento social, econômico e ambiental do estado e do Brasil. As minerações de calcário, por exemplo, foram fundamentais para impulsionar o agronegócio, enquanto as pesquisas em mineralizações de ouro e outros depósitos ampliaram o conhecimento sobre o potencial geológico mato-grossense. Além disso, estudos em áreas como recursos hídricos, geotecnia e paleontologia fortalecem a ciência e a gestão responsável do território. Essas contribuições refletem na preservação ambiental e valorização do patrimônio científico do estado”, afirma o professor.

Veja alguns projetos de destaque no curso:

Pesquisa reconstrói o passado pela análise de fósseis de grãos de pólen

A professora doutora Silane Caminha, coordenadora do Laboratório de Paleontologia e Palinologia (PALMA), integra a geração de pesquisadoras que consolidou a paleontologia como uma das áreas de destaque dentro da Geologia da UFMT. Em 15 anos de atuação, atua em um grupo de pesquisa sólido e interdisciplinar, dedicado ao estudo de grãos de pólen e esporos fósseis (palinomorfos), um dos métodos mais precisos para reconstruir o passado ambiental e climático.

Suas análises abrangem períodos de até 600 milhões de anos. Desde que chegou à universidade, em 2010, atuou para fortalecer a infraestrutura de pesquisa, com o laboratório de preparação química para microfósseis e a sala de microscopia, que ampliaram as possibilidades de estudo sobre o passado ambiental e climático da Terra.

Para ela, celebrar os 50 anos do curso de Geologia da UFMT é motivo de orgulho e emoção. “Celebro com felicidade esse marco e me sinto honrada em acompanhar a evolução e o crescimento de cada estudante que passa pelo curso e, às vezes, retorna para compartilhar suas conquistas”, afirma.

Descoberta de dinossauros em Chapada dos Guimarães

Juntamente com o professor Caiubi Kuhn, o professor doutor Rogério Rubert atuou na descoberta recente de fósseis de dinossauros articulados e semiarticulados em excelente estado de preservação em Chapada dos Guimarães, um achado raro e de grande relevância para a paleontologia brasileira.

Seu trabalho tem sido essencial para consolidar essa área em Mato Grosso, atraindo pesquisadores de outras regiões e formando novas gerações de cientistas locais. Sua pesquisa reforça o papel da UFMT como referência nacional em estudos paleontológicos.

“A paleontologia tem papel fundamental tanto como ciência, ao reconstituir nosso passado evolutivo e biológico, quanto como ferramenta de divulgação. Pelo fascínio que desperta, aproxima a sociedade e, principalmente, o público jovem do universo das ciências”, acredita o professor.

Ele avalia que as últimas descobertas têm caráter inédito e relevância expressiva, considerando os últimos 50 anos de material coletado. “Com previsão de novos recursos e infraestrutura, temos a perspectiva de ampliar ainda mais as pesquisas, publicar os resultados já obtidos e seguir com a prospecção de novos achados”.

Rochas de Mato Grosso que sequestram carbono

O professor doutor Lucas Rossetti coordena uma pesquisa pioneira sobre o uso de rochas vulcânicas no sequestro e armazenamento de CO₂, estratégia promissora para mitigar as mudanças climáticas. Nos últimos dois anos, liderou um projeto em parceria com a Petrobras que investiga o potencial das rochas vulcânicas como reservatórios naturais de carbono. O grupo, formado por pesquisadores da Fageo/UFMT e de instituições como UFRGS e Unipampa, já publicou dois artigos científicos e mais de 30 trabalhos em eventos nacionais e internacionais.

O projeto, intitulado “Avaliação do potencial de reservatórios não convencionais vulcânicos para o sequestro e armazenamento de CO₂ antropogênico a partir da mineralização de carbonatos”, busca adaptar ao contexto brasileiro tecnologias já aplicadas em países como a Islândia, onde o dióxido de carbono é capturado do ar, misturado com água e injetado em rochas basálticas a centenas de metros de profundidade, “petrificando” o carbono.

“Celebrar os 50 anos da Geologia da UFMT é um marco para o curso e para o estado. É um momento de refletir sobre o caminho percorrido e olhar para novos horizontes, que unem a geociência clássica a temas atuais como meio ambiente, aquecimento global e transição energética”, afirma o professor que ingressou no quadro em 2019.

Riscos geológicos e impacto na sociedade

O professor doutor Bruno Rodrigues de Oliveira se dedica a aplicar o conhecimento científico em benefício direto da sociedade. Conta que ingressou como docente em 2022, acolhido por um corpo técnico e acadêmico que já admirava. Desde então, atua em projetos de mapeamento e conscientização sobre riscos geológicos e hidrológicos, com foco em transformar dados técnicos em informações acessíveis e úteis para o planejamento urbano e a segurança da população.

Entre seus principais projetos estão o “Visão Compartilhada da Paisagem: Cartografia Social do Bairro Jardim Vitória”, que uniu conhecimento técnico e saber popular para mapear áreas de risco em Cuiabá, e o “Setorização de Risco Geológico e Impacto do BRT”, desenvolvido em parceria com a Engenharia de Transportes da UFMT. Ambos exemplificam o potencial transformador da universidade pública ao gerar conhecimento aplicado.

“Esses projetos criam uma ponte entre a universidade e a comunidade, levando o conhecimento técnico para além dos muros da UFMT e incorporando o saber popular dos moradores”, explica.

Para Bruno, a UFMT celebra um legado de compromisso com Mato Grosso e sua população. O curso reafirma seu papel social ao produzir ciência voltada à prevenção de desastres, à construção de cidades mais seguras e a uma sociedade mais informada e resiliente.

Programação comemora os 50 anos do curso

O evento comemorativo dos 50 anos do curso de Geologia da UFMT, promovido pela Agemat, Febrageo e Fageo, com patrocínio do Crea-MT, será realizado entre 12 e 16 de novembro e reunirá diferentes gerações de geólogos, professores, egressos e estudantes.

A programação celebra o legado do curso com palestras, mesas-redondas, homenagens, lançamento de livro e visita técnica ao Geoparque Chapada dos Guimarães.

O evento será realizado no Auditório João Barbuíno Curvo Neto (Auditório Mofão) da UFMT com uma programação voltada à valorização da profissão e o fortalecimento da pesquisa e extensão geológica em Mato Grosso.

Fonte: Secretaria Febrageo

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