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Câmara Árabe: Diversificação é desafio no comércio com muçulmanos

A ampliação das exportações brasileiras para os países muçulmanos depende de diversificar a pauta comercial, intensificar a interlocução diplomática com o bloco e elevar a oferta de produtos disponíveis para embarques com certificação halal, de produção conforme o islamismo.

A avaliação é do secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Mohamad Orra Mourad, que na manhã de hoje (27), em São Paulo, falou a empresários no Global Halal Brazil Business Forum 2025, evento sobre oportunidades de negócios nos chamados mercados halal — de bens e serviços com características demandadas por consumidores muçulmanos.

O dirigente reconheceu que, embora as exportações do Brasil para os 57 países da Organização para Cooperação Islâmica (OCI) sejam muito expressivas — tendo alcançado US$ 28,09 bilhões no ano passado só nas categorias de alimentos e bebidas, com crescimento de 20,06% sobre o ano anterior —, a pauta ainda é dominada por produtos básicos, realidade que cabe mudar ao empresariado e ao governo brasileiros.

“Cabe a nós buscar uma maior diversificação na pauta de exportações, que, embora robusta, ainda se limita, em grande parte, a produtos básicos, como carnes e commodities agrícolas”, afirmou Mourad. “Principalmente por meio do fortalecimento da interlocução diplomática entre o governo brasileiro e os países islâmicos”, seguiu o dirigente, acrescentando que esse tipo de esforço pode motivar a efetivação de novos acordos de livre-comércio com os países da OCI.

O secretário-geral da Câmara Árabe destacou que, no âmbito doméstico, outro objetivo a ser perseguido é o fomento à produção halal brasileira para além do setor de proteínas animais. Segundo ele, embora o Brasil seja líder no fornecimento de proteína bovina e de aves com certificação halal — selo de produção conforme o islamismo —, enviando por ano cerca de US$ 6 bilhões aos países da OCI, a disponibilidade de produtos certificados em outras categorias de alimentos ainda é limitada.

Mourad citou a existência de pelo menos uma iniciativa de fomento no Brasil que têm contribuído para o avanço do Brasil no mercado halal de alimentação: o Projeto Halal do Brasil, iniciativa setorial da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira e da agência ApexBrasil, de promoção de exportações, para capacitar empresas a obter certificação halal.

O dirigente ressaltou a importância da certificação para a atuação em mercados islâmicos, afirmando que o selo atesta ao consumidor muçulmano que o produto prestes a consumir foi obtido por processos produtivos que respeitam as tradições culturais e religiosas do islamismo.

Ainda segundo Mourad, a certificação associa o produto a um modelo de produção responsável. “O halal, como vocês verão ao longo do nosso evento, está profundamente relacionado a princípios de boas práticas e do ESG.”

Realização da Câmara Árabe-Brasileira e da Fambras Halal, o Global Halal Brazil Business Forum 2025 conta com patrocínio de MBRF (Marfrig/BRF), Modon, Seara Alimentos, Eco Halal, Emirates, Grupo MHE9, Prime Company, Carapreta Carnes Nobres e SGS.

Leia na íntegra o discurso de Mohamad Orra Mourad:

Senhoras e senhores,

Quero dar as boas-vindas aos aqui presentes e àqueles que nos acompanham à distância, ao Global Halal Brazil Business Forum 2025.

Esta é a terceira edição do evento, que já se consolidou como a principal plataforma de negócios, debates e informações sobre o mercado halal nas Américas.

Ao longo da programação, vamos detalhar as oportunidades existentes nos segmentos de consumo halal, tanto naqueles em que o Brasil já tem expressiva participação quanto nos demais segmentos de consumo, nos quais nosso país ainda tem muito terreno a conquistar.

Quase dois bilhões de muçulmanos movimentam um mercado de consumo estimado em US$ 7,4 trilhões, mercado este representado por economias em plena ascensão e por uma população predominantemente jovem, que cresce a taxas acima das médias mundiais.

O Brasil já exerce um papel importante dentro da economia halal, sendo nosso país o maior exportador mundial de proteína animal halal, exportando cerca de US$ 6 bilhões para os 57 países que compõem a Organização para a Cooperação Islâmica. As exportações de alimentos e bebidas do Brasil a esses países somaram US$ 28 bilhões em 2024, um aumento de 20% em relação ao ano anterior.

Porém, cabe a nós buscar uma maior diversificação na pauta de exportações que, embora robusta, ainda se limita, em grande parte, a produtos básicos, como carnes e commodities agrícolas.

Outro ponto fundamental é intensificar os esforços institucionais para que empresários brasileiros e das nações da OCI tenham um ambiente de negócios favorável à realização de trocas comerciais, principalmente por meio do fortalecimento da interlocução diplomática entre o governo brasileiro e os países islâmicos.

Esse tipo de iniciativa abre boas perspectivas para, por exemplo, ampliar os acordos de livre comércio do Brasil com países muçulmanos.

No âmbito doméstico, é preciso considerar a intensificação das iniciativas de fomento à produção halal brasileira que, embora seja destaque no setor de proteína animal, ainda pode avançar para muitos outros segmentos.

Uma das iniciativas que têm contribuído para o avanço do Brasil no mercado mundial halal de alimentação é o projeto Halal do Brasil, iniciativa conjunta da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, a ApexBrasil, que tem como objetivo capacitar pequenas e médias empresas de alimentos para a obtenção do certificado halal.

Para este mercado, a certificação é extremamente importante. Em primeiro lugar, ela atesta ao consumidor que o produto em questão foi obtido por meio de processos produtivos que respeitam as tradições culturais e religiosas do islamismo.

Além disso, a certificação é vista como um diferencial de qualidade, já que o halal, como vocês verão ao longo do nosso evento, está profundamente relacionado a princípios de boas práticas e do ESG.

Por fim, quero agradecer a presença de vocês no evento de hoje e pela oportunidade que estão nos concedendo de mostrar a relevância do mercado halal dentro do contexto mundial.

Quero agradecer também a todos os nossos moderadores, painelistas e keynote speaker, além da FAMBRAS Halal, nossa parceira e coorganizadora deste evento.

Aqui, faço um agradecimento especial ao Sr. Ali Zoghbi por sua dedicação, seu comprometimento e sua cumplicidade.

E não poderia deixar de agradecer a todos os nossos patrocinadores — MBRF, Modon, Seara Alimentos, Eco Halal, Emirates, Grupo MHE9, Prime Company, Carapreta Carnes Nobres e SGS —, que muito nos ajudaram a viabilizar este fórum.

Fonte: Daniel Gonçalves de Medeiros

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