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Embaixadora da Região Nordeste quer ampliar vozes femininas no campo

Gaúcha de Espumoso, a produtora rural e empresária Carminha Gatto Missio, que há 40 anos fez os primeiros investimentos em terras baianas e há 20 fixou-se definitivamente em Luís Eduardo Magalhães, assume esse ano o posto de embaixadora da Região Nordeste do Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA) visando mostrar a importância da presença feminina no campo brasileiro. “Fazer parte do CNMA como embaixadora é contribuir para ampliar vozes femininas que, por muito tempo, foram silenciadas no campo”, afirma.

Primeira mulher entre dez irmãos, a mãe de três filhos e avó de duas netas ocupa hoje um lugar de destaque no agro brasileiro, sendo conselheira do Sementes Oilema, fundada em 1998, que se dedica à produção de sementes de soja e sorgo, com sede em Luís Eduardo Magalhães. Nacionalmente conhecida como “rainha das sementes do Nordeste”, seu caminho não foi pavimentado facilmente. Oriunda de uma família que tinha no campo sua subsistência, estudou até a antiga quarta série em uma escola rural do interior.

Seguindo a trilha dos pais, que já haviam deixado o Rio Grande do Sul, Carminha se casou em 1979 e, em 1980, partiu com o marido, o engenheiro agrônomo Celito Missio, para o Mato Grosso. Na época, ela completava a renda familiar com habilidades de costura e bordado para manter as áreas compradas na Bahia. Persistiu nos estudos, formando-se em Direito em 2005, mesmo ano em que se mudou para a Bahia e realizou especialização em Direito do Trabalho.  

Aos 69 anos, Carminha afirma que ser escolhida como embaixadora do CNMA é uma honra imensurável e uma responsabilidade que carrega com orgulho. Para além da empresa familiar, ela ultrapassou a “porteira” para adentrar também às organizações sociais, a exemplo de sindicatos, associações e federação. “Venho do campo, onde nasci, cresci e me profissionalizei, buscando sempre me aperfeiçoar como produtora rural e como empresária do setor. Nunca imaginei que minha história pudesse inspirar outras mulheres. E hoje, ao olhar para trás e ver quantas já caminham ao meu lado, percebo que não estamos apenas ocupando espaços: estamos transformando o agro brasileiro com sensibilidade, competência e coragem. O CNMA é mais que um congresso, é um movimento”, pontua.

Para ela, representar a região Nordeste no Congresso é carregar no peito a força de uma terra que resiste, que inova e que produz, mesmo diante das adversidades. Além disso, esse papel tem significado especial por ser a região que a acolheu e da qual é filha adotiva, “por escolha e com muito amor”. Carminha destaca que sua missão é dar voz às mulheres que fazem do semiárido um celeiro de oportunidades, que transformam a seca em estratégia, o desafio em superação. 

“O Nordeste é potência, tem suas riquezas, tem sabedoria ancestral e tem a coragem das mulheres que estão no campo, na gestão, na pesquisa, nas cooperativas. Ser essa ponte entre o chão nordestino e um palco nacional como o CNMA é reafirmar que o futuro do agro também brota por aqui.”

Persistência e paixão pela terra

Carminha fala que a evolução da mulher no agro do Nordeste nos últimos 10 anos tem sido silenciosa, mas profunda. Ela comenta que, mesmo antes de movimentos nacionais como o CNMA ganharem força, já via mulheres assumindo papéis que antes lhes eram negados, liderando propriedades, participando de sindicatos, tomando decisões dentro e fora da porteira. “Muitas vezes sem reconhecimento, mas com muita competência. E o mais bonito é que isso não foi imposto, foi conquistado com trabalho, persistência e paixão pela terra. A mulher nordestina sempre foi peça-chave na agricultura, historicamente não existe registro da atividade sem a nossa participação. Hoje temos nome, voz e presença. Eu sou testemunha dessa virada e fruto dela.”

A embaixadora acredita que essa edição do CNMA será histórica, porque chegar a uma década de existência consolidando um espaço de protagonismo feminino no agro é um marco. Sua expectativa é que esse congresso seja ainda mais plural, mais conectado com as realidades diversas do Brasil rural, especialmente com as mulheres do Norte e Nordeste. “Quero levar minha vivência como agricultora, empreendedora, mãe, líder sindical, enfim, como uma mulher que lutou para ser ouvida. Acredito que minha maior contribuição será mostrar que há muitas formas de liderar no agro e que todas são válidas. Que a mulher do campo pode estar na lavoura e no palco, na lida e na decisão. E que juntas, com nossas histórias, construímos um novo tempo para o setor”, finaliza.  

Região Nordeste em Números

A Região Nordeste possui o maior número de estados do Brasil, sendo formada por Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe, que juntos formam uma população de 54.644.582 de habitantes, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022. Em função de suas diferentes características físicas, a região é dividida em quatro sub-regiões: meio-norte, sertão, agreste e zona da mata, tendo níveis muito variados de desenvolvimento humano ao longo de suas zonas geográficas.

As principais atividades que marcam a economia do Nordeste são agricultura, pecuária, produção de mercadorias industrializadas e o turismo. A região apresentou crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, atingindo 5,5% segundo a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) superando 1/4 do PIB nacional. O PIB da região é impulsionado pela agricultura, indústria e serviços, sendo a Bahia, Pernambuco e Ceará os principais estados. O comércio exterior da região também cresceu, com valor de US$ 27,8 bilhões de exportações em 2022. 

Fonte: Juliana Bonassa – Attuale Comunicação

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