Localizada em Pinhão (PR), próximo a Guarapuava, a Fazenda Santo Antônio, pertencente ao grupo AgroHering, possui uma trajetória marcada por resiliência e crescimento. A história da família Hering no Brasil começou após a II Guerra Mundial, quando Wendelin Hering, imigrante suábio, precisou recomeçar em outro país. Chegando ao Brasil, encontrou apoio no projeto da Cooperativa Agrária, reiniciando sua vida agrícola com um pequeno pedaço de terra.
Com muito trabalho e dedicação, Wendelin expandiu gradualmente a produção, transformando a atividade familiar em um negócio sólido, administrado pela atual geração da família desde 1985. Hoje, a AgroHering tem no cultivo de grãos os pilares da sua produção, unindo tradição e inovação no campo.
Atualmente, a Fazenda Santo Antônio possui um total de 330 hectares cultivados e conta com uma equipe enxuta composta pelo proprietário, Anton Hering, pelo genro e gerente da propriedade, Guilherme Ducat, e mais dois colaboradores.
O esforço conjunto resultou em números expressivos, compartilha Ducat. Na safra 2024/2025, a AgroHering atingiu 94 sacas de soja por hectare, um recorde na produção, além de uma média de 5 toneladas por hectare na cevada. Neste ano, a família retoma também o plantio de milho, com 118 hectares destinados à cultura, representando um terço da área total.
No recorte da certificação, a Fazenda Santo Antônio produziu, em 2024, 1.031 toneladas de soja certificada RTRS em 280 hectares, segundo a associação.
“Toda a produção é entregue à Cooperativa Agrária, que realiza a comercialização em busca das melhores condições de mercado, garantindo preços justos aos cooperados”, destaca Ducat.
Sustentabilidade e certificação RTRS
A AgroHering aderiu a certificação da Mesa Global da Soja Responsável (Round Table on Responsible Soy Association – RTRS) há dois anos, processo facilitado pelo histórico de boas práticas já adotadas por meio do Programa Agrária de Gestão Rural (PAGR) da Cooperativa Agrária. Desde então, a certificação trouxe uma transformação significativa em números e, principalmente, em mentalidade.
“A sustentabilidade passou a ser encarada de forma mais crítica e estratégica, reforçando o cuidado com recursos naturais e com a continuidade do negócio para as próximas gerações”, enfatiza o gerente da propriedade.
Para Ducat, a certificação é um diferencial competitivo, pois o mercado internacional exige cada vez mais práticas responsáveis. “Ter a RTRS é uma forma de comprovar nosso comprometimento e acessar oportunidades mais atrativas de comercialização. Além disso, as diretrizes funcionam como um guia para focarmos em práticas realmente eficazes, evitando desperdícios e preservando nossa terra”, salienta.
Apesar de muitos acreditarem que certificações como a RTRS são destinadas apenas a grandes propriedades, a experiência da AgroHering mostra o contrário. “Nós somos um negócio familiar, de porte médio/pequeno, e percebemos o quanto a certificação fortaleceu nossa forma de produzir e nos preparou para o futuro. O processo de auditoria pode parecer intimidador no início, mas na prática, ele ajuda a enxergar acertos e a descobrir novas possibilidades de melhoria”, explica Ducat.
Por todas as transformações já assistidas, a AgroHering continua construindo diariamente um legado. O mesmo espírito de superação que guiou Wendelin Hering ao chegar ao Brasil é hoje a base do trabalho de Ducat e sua família. “Nossa missão é produzir alimentos de forma responsável, com respeito ao solo, à água, às pessoas e às próximas gerações”, conclui.
Cooperativa Agrária é referência em produção sustentável
Com mais de 70 anos de história, a Cooperativa Agrária segue como referência em produção sustentável e gestão cooperativista no Brasil. A Cooperativa nasceu com a missão de oferecer uma nova perspectiva de vida para 500 famílias suábias, de etnia germânica que precisaram deixar a terra natal devido à II Guerra Mundial e viveram como refugiadas por sete anos na Áustria. Ao chegarem ao Brasil, essas famílias encontraram no cooperativismo a oportunidade de reconstruir suas histórias e prosperar por meio da agricultura.
Desde então, a Agrária evoluiu combinando tradição, pesquisa e inovação, sempre com foco no cuidado com os recursos naturais e no fortalecimento do senso comunitário. Hoje, a Cooperativa se destaca na produção de cevada, trigo, milho e soja, sendo referência nacional no cultivo de cereais de inverno.
Conforme conta a analista de Sustentabilidade da Cooperativa, Tatiane Cristina Zabot Anderle, em 2024 a Agrária encerrou o ano com 744 cooperados, responsáveis pela produção de aproximadamente 900 mil toneladas de grãos, sendo cerca de 377 mil toneladas de soja, cultivadas em mais de 87 mil hectares, e cerca de 328 mil toneladas de milho, cultivadas em mais de 26 mil hectares.
“Nosso modelo é baseado na agricultura sustentável, por isso trabalhamos com o Programa Agrária de Gestão Rural (PAGR), que apoia produtores na adoção de boas práticas agrícolas e promove a evolução contínua da gestão no campo”, explica.
Dentre suas conquistas, pelo quarto ano consecutivo, a Cooperativa Agrária foi reconhecida pela Deloitte com o prêmio Empresas com Melhor Gestão. Ao adotar esse compromisso, a Cooperativa reúne certificações e requisitos de conformidade em todas as unidades, que são alinhadas à visão estratégica de seu negócio.
Certificação RTRS vai além de um diferencial competitivo
Em 2021, a Agrária deu mais um passo importante ao firmar parceria com a RTRS, certificação internacional que garante a produção responsável de soja segundo critérios ambientais, sociais e econômicos rigorosos.
“A iniciativa fortaleceu as práticas sustentáveis já presentes na Cooperativa, ampliando oportunidades de mercado e oferecendo aos produtores um selo de credibilidade global. A certificação também impulsionou o PAGR, criado em 2017 para unificar programas anteriores e oferecer suporte técnico contínuo aos cooperados”, salienta Tatiane.
Segundo a analista de Sustentabilidade, a certificação RTRS vai além de um diferencial competitivo; na prática, ela reafirma o compromisso da Cooperativa com a produção responsável e conecta nossos cooperados a mercados mais exigentes e conscientes.
Entre os benefícios diretos está o acesso a novos mercados, tanto no Brasil quanto no exterior, além da possibilidade de comercialização de créditos de soja sustentável, gerando ganhos financeiros imediatos para os produtores.
Resultados concretos no campo e na gestão
Nos últimos dois anos, a Cooperativa Agrária registrou um aumento de mais de 300% no número de treinamentos oferecidos aos colaboradores das propriedades certificadas, reforçando o foco em capacitação e evolução contínua.
Outro resultado relevante foi o avanço na gestão de resíduos, com destaque para o aumento no descarte correto de resíduos classe I (contaminados), que superou 10 toneladas em 2024.
Transformação na rotina da Cooperativa e dos produtores
A implementação da certificação RTRS integrou sustentabilidade às rotinas estratégicas e operacionais da Cooperativa Agrária. O trabalho em conjunto das áreas Comercial, Assistência Técnica e Diretoria foi fundamental para alinhar demandas do mercado responsável com práticas agrícolas viáveis e sustentáveis.
“Estar inseridos na rede RTRS significa assumir um papel ativo na transformação do agronegócio, valorizando as pessoas, respeitando o meio ambiente e garantindo a viabilidade econômica das propriedades rurais”, reforça a analista de Sustentabilidade.
Com as ações sempre direcionadas ao futuro, para a Agrária, integrar a rede de produção responsável da RTRS é motivo de orgulho e responsabilidade. Conforme destaca Tatiane, a certificação consolida o posicionamento da Cooperativa como referência em sustentabilidade e reforça seu compromisso de promover prosperidade para os cooperados, suas famílias e toda a comunidade.
“Nosso trabalho demonstra que produtividade e responsabilidade podem caminhar juntas. Ao promovermos práticas agrícolas conscientes, fortalecemos a credibilidade do setor e contribuímos para uma cadeia de valor mais transparente e comprometida com o futuro”, conclui Tatiane.
Fonte: Valéria Campos