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Biorremediação ganha espaço no campo como alternativa para mitigar efeitos de defensivos agrícolas no solo

O solo é um dos maiores patrimônios da agricultura, pois nele acontecem processos fundamentais que sustentam a produtividade das lavouras. É nesse ambiente que raízes, nutrientes, água e uma enorme diversidade de microrganismos interagem para garantir o crescimento saudável das plantas. Com o avanço das tecnologias de produção, em especial o uso de defensivos agrícolas, foi possível conquistar melhores índices de produtividade e proteger as culturas contra pragas e doenças. No entanto, algumas moléculas químicas apresentam alta persistência no ambiente e podem permanecer no solo por anos, ligando-se às partículas de argila ou à matéria orgânica. Esse acúmulo, muitas vezes invisível ao olho do produtor, pode afetar diretamente a microbiota do solo, reduzindo populações de microrganismos benéficos e desequilibrando o sistema. Como consequência, surgem perdas silenciosas de produtividade, já que o solo passa a ter mais dificuldade em conter patógenos e sustentar o equilíbrio natural. Um exemplo bastante estudado é o glifosato, que além de cumprir seu papel como herbicida, pode interferir negativamente na atividade de microrganismos benéficos, comprometendo a saúde biológica do solo.

Pesquisas científicas reforçam esse ponto: um estudo em solos brasileiros (Hapludult e Hapludox) mostrou que, após aplicação de glifosato, houve alterações significativas na atividade microbiana — com aumento na respiração do solo (CO₂) entre 10 e 15 % e na hidrólise de fluoresceína diacetato (FDA) entre 9 e 19 %, além de alteração na composição dos microrganismos, com aumento de actinomicetos e fungos, enquanto bactérias diminuíam; o estudo concluiu que microrganismos nativos degradaram o glifosato, formando o metabólito AMPA, conforme publicado no site científico PubMed. Outro trabalho de campo, da Revista Argentina de Microbiología, identificou que doses elevadas de glifosato reduziram significativamente a biomassa fúngica do solo e a riqueza de espécies cultiváveis, além de alterar a estrutura molecular das comunidades fúngicas — especialmente após aplicações duplas ou de longo prazo, segundo publicação do portal ScienceDirect.

Assim, uma alternativa que vem ganhando espaço no campo para mitigar esses efeitos é a biorremediação. Essa prática consiste no uso de microrganismos ou compostos biológicos capazes de acelerar a degradação das moléculas químicas persistentes. Fungos, bactérias, leveduras e extratos botânicos podem ser aplicados de forma direcionada para quebrar esses resíduos, restabelecendo o equilíbrio do solo. Esses organismos se multiplicam rapidamente e conseguem utilizar as moléculas como fonte de energia, promovendo sua degradação e, ao mesmo tempo, estimulando o desenvolvimento de populações benéficas que reforçam a saúde biológica. Além disso, condicionadores de solo formulados com compostos específicos também podem ser empregados, melhorando não apenas a degradação dos resíduos, mas também as características físicas e químicas do solo, tornando-o mais estruturado e fértil.

No mercado brasileiro, já existem soluções práticas de biorremediação disponíveis para o agricultor. Entre elas, destacam-se as bactérias do grupo Bacillus, que têm rápida adaptação e capacidade de competir com patógenos, fungos como o Trichoderma, que favorecem a saúde radicular e o equilíbrio microbiano, além de condicionadores de solo com formulações biológicas que contribuem para recuperar a vitalidade do ambiente produtivo. A adoção dessas práticas não significa abrir mão do uso de defensivos agrícolas, mas sim garantir que eles possam ser usados em conjunto com ferramentas biológicas que preservem o equilíbrio do solo e evitem perdas ocultas de produtividade.

A biorremediação já é uma realidade e pode ser incorporada no manejo de diferentes cultivos. Investir nessa estratégia é investir em sustentabilidade e longevidade produtiva, fortalecendo o solo como base da agricultura e garantindo que ele continue saudável para sustentar altas produtividades safra após safra.

Fonte: Loures Comunicacao <wendy.oliveira

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