A produção de rações para aves, suínos e bovinos vive um momento de transformação, impulsionado por tecnologias que aliam nutrição de precisão, saúde intestinal e sustentabilidade. Para Natália Vicentini, zootecnista e diretora de marketing da Kemin Saúde e Nutrição Animal na América do Sul, a mudança no setor vai além de fornecer energia e proteína. “A formulação de rações evoluiu para um modelo mais funcional e estratégico. Hoje, ela oferece suporte à imunidade, à integridade intestinal e ao microbioma, o que impacta diretamente no desempenho e bem-estar animal”, explica.
Segundo a especialista, soluções como aditivos naturais, minerais orgânicos, probióticos e enzimas ganharam protagonismo nos últimos anos. “Entre as inovações de maior destaque está o uso de soluções convencionais como enzimas em ensaios de digestibilidade, biossurfactantes ligados a nutrigenômica, probióticos ligados a análises de microbioma e óleos essenciais naturais e sintéticos com ação múltipla”, completa.
Tecnologia e inteligência artificial no campo
A digitalização do campo e o uso crescente de inteligência artificial (IA) também estão mudando a forma como decisões nutricionais são tomadas. “Vemos um movimento crescente de digitalização no campo e a adoção de tecnologias baseadas em IA e dados, que permitem uma formulação mais precisa, preditiva e alinhada aos desafios específicos de cada propriedade”, diz Natália.
Softwares de formulação e plataformas que integram dados de consumo, desempenho e sanidade já são realidade em diversas operações, permitindo mais agilidade e personalização. No entanto, a adoção ainda exige preparação. “A IA oferece grande potencial, mas exige coleta de dados de qualidade e mudança de mentalidade para uma gestão mais preditiva. Também é fundamental demonstrar, com clareza, o retorno econômico das novas tecnologias”, destaca.
Embora a base tecnológica seja compartilhada, a aplicação das inovações varia de acordo com cada espécie. “Em aves, as soluções são mais voltadas à maximização da conversão alimentar e ao controle de enterites. Em suínos, o foco está no suporte imunológico na fase de pós-desmame. Já em bovinos, especialmente ruminantes, o avanço está em melhorar a eficiência da fermentação ruminal e reduzir a emissão de metano”, detalha.
Para os próximos anos, Natália projeta uma nutrição cada vez mais conectada com saúde e tecnologia. “A inteligência artificial terá papel fundamental, transformando dados em decisões em tempo real. Veremos mais ingredientes funcionais, soluções com múltiplos benefícios e sistemas que recomendam formulações personalizadas com base em variáveis ambientais e zootécnicas. A nutrição será um vetor-chave para sustentabilidade, produtividade e bem-estar animal”, conclui.
Fonte: Mariana Cremasco