As métricas estabelecidas para o mundo temperado não refletem a realidade do mundo tropical, mesmo assim, são reconhecidas em âmbito global, o que coloca o agronegócio brasileiro em certa desvantagem perante algumas questões ligadas às mudanças climáticas. Um exemplo é quantificar o uso de fertilizantes e outros insumos agrícolas por hectare. Enquanto países do hemisfério Norte possuem apenas uma safra, o Brasil conta com duas ou até três, o que, naturalmente, amplia a aplicação desses produtos.
Na avaliação de especialistas do 2º Workshop para Jornalistas, promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), em parceria com a Bayer, para traduzir a realidade do Brasil seria fundamental medir a quantidade desses insumos por tonelada de produção ou por safra. Com isso, seria possível reiterar a alta produtividade e a sustentabilidade do agro brasileiro, que é baseada em ciência, inovação e tecnologia.
Com o tema “Mudanças Climáticas e Agricultura”, o encontro trouxe informações sobre a Convenção da Partes do Clima (COP), retratando as principais decisões ao longo das edições e como o Brasil, desde 1992, é considerado uma referência nas negociações climáticas. A 30ª edição, que acontece em Belém (PA), em novembro, será marcada por um período sensível da geopolítica, por isso uma das abordagens percebidas nas cartas da presidência da COP30 visa conectar o evento a outros assuntos ligados à geopolítica.
Nesse contexto, o agro brasileiro preparou seu posicionamento para a COP30, o documento “Agronegócio frente às Mudanças Climáticas”, que destaca como a agropecuária pode ser um agente de transformação dentro da agenda de adaptação e mitigação das mudanças climáticas, ao evidenciar as práticas que contribuem para a redução das emissões de carbono e promovem a resiliência dos sistemas produtivos frente aos impactos do clima.
O evento ressaltou ainda a importância de se ter políticas de estado e não de governo para o agronegócio, como o RenovaBio, que foi construído com métricas que estão sendo aplicadas em outros programas e que estimulou a certificação para produtores e importadores de biocombustíveis.
O 2º Workshop para Jornalistas contou com as apresentações de Carla Gheler, coordenadora de Sistemas Agroalimentares do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS); Laura Antoniazzi, sócia e pesquisadora sênior da Agroicone; e Renato Rodrigues, head de Agronegócio da TerraDot, além das exposições de Ana Paula Packer, chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, e Luciano Rodrigues, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), em painel mediado pela advogada ambiental Natascha Trennepohl, sócia da Carbonn Nature. A abertura ficou a cargo de Felipe Albuquerque, diretor de Sustentabilidade da divisão agrícola da Bayer para a América Latina, Gislaine Balbinot, diretora executiva da Abag, Ingo Ploger, vice-presidente da entidade, e Renan Magalhães, gerente de Comunicação da Bayer.
Fonte: Noemi Oliveira (Mecânica Comunicação Estratégica)