A carne suína é, atualmente, a proteína animal mais consumida no mundo, e o Brasil se destaca como um dos principais protagonistas desse mercado, ocupando a quarta posição entre os maiores produtores e exportadores globais. Para atender a essa demanda com eficiência, a suinocultura brasileira investiu fortemente em tecnologia, biosseguridade e controle sanitário, atingindo altos níveis de produtividade. Nesse contexto, a sanidade das granjas se torna fator fundamental não apenas para a sustentabilidade do negócio, mas também para a preservação do bem-estar animal e a garantia de resultados econômicos consistentes.
Com a intensificação dos processos produtivos e a alta concentração de animais nas granjas, associadas à significativa movimentação de pessoas e veículos, o risco de introdução e disseminação de agentes infecciosos aumenta consideravelmente. Por isso, medidas preventivas e protocolos de biosseguridade rigorosos são essenciais. Entre essas medidas, destaca-se a vacinação, considerada uma das principais ferramentas da medicina preventiva na suinocultura moderna. A imunização correta dos animais, além de protegê-los contra doenças infecciosas, reduz o uso de antibióticos, melhora a resposta imunológica do rebanho e promove um ambiente sanitário mais estável.
“A prevenção é muito mais eficaz e menos onerosa do que o tratamento. A vacinação é, sem dúvida, uma das ferramentas mais valiosas para minimizar o impacto de patógenos nas granjas atualmente, visando atingir o objetivo de produzir leitões de alta qualidade”, afirma Felipe Betiolo, gerente de marketing e produtos da Unidade de Suínos da Ceva Saúde Animal.
Contudo, o sucesso da vacinação depende de uma série de fatores. Não se trata apenas de aplicar a dose correta, mas de garantir que a vacina esteja armazenada de forma adequada, que seja administrada no momento certo e em animais com condições de saúde apropriadas, utilizando técnicas de aplicação corretas e equipamentos higienizados.
As falhas vacinais podem ocorrer por diferentes motivos, sejam eles relacionados ao produto — como vacina fora do período de validade ou formulação inadequada —, ao animal — como idade ou condição imunológica — ou à gestão do processo — incluindo erros de dosagem, conservação e falhas de treinamento da equipe. Por isso, para assegurar a imunização adequada a abordagem nas granjas deve ser sistêmica e integrada.
Reconhecendo a importância da padronização e da eficácia nesse processo, a Ceva Saúde Animal desenvolveu o Pig Program, uma ferramenta inovadora para auditoria em campo, voltada para o aprimoramento das práticas de vacinação nas granjas.
“O programa é baseado em uma auditoria técnica inicial que identifica pontos críticos antes, durante e após a vacinação, abrangendo desde o estado sanitário da granja e o armazenamento dos imunizantes até o nível de capacitação da equipe e os procedimentos operacionais. A partir dessa análise, são propostas ações corretivas específicas, como ajustes no calendário vacinal, treinamentos direcionados e melhorias nos equipamentos utilizados”, detalha o profissional.
O Pig Program também prevê o monitoramento contínuo da implementação das ações, utilizando ferramentas visuais e um aplicativo que auxilia no acompanhamento diário das práticas e no registro de dados. Um dos diferenciais do programa é o Índice de Vacinação, uma métrica que quantifica o desempenho sanitário da granja com base em sua adesão às melhores práticas, permitindo identificar pontos de melhoria e medir a evolução ao longo do tempo. A coleta e a análise de dados tornam-se, assim, instrumentos valiosos para mensurar o retorno sobre o investimento em sanidade e apoiar decisões gerenciais mais assertivas.
A vacinação, além de preservar a saúde dos animais, tem impacto direto sobre o bem-estar dos suínos. “Animais sob estresse crônico apresentam aumento nos níveis de cortisol, o que compromete o sistema imunológico e os torna mais suscetíveis a doenças. Além disso, o estresse influencia negativamente indicadores produtivos, como conversão alimentar, desempenho reprodutivo e ocorrência de distúrbios comportamentais. Ao contribuir para a estabilidade sanitária e reduzir o estresse causado por doenças ou manejo inadequado, a vacinação correta favorece o equilíbrio fisiológico dos suínos, refletindo em melhores índices zootécnicos e menor necessidade de intervenções terapêuticas”, elucida o médico-veterinário gerente nacional de serviços veterinários de suínos da Ceva Saúde Animal, Pedro Filsner.
Em um setor altamente competitivo e sensível a perdas, transformar a vacinação em um processo padronizado, mensurável e constantemente aprimorado é um passo decisivo para garantir a sustentabilidade e o sucesso produtivo. Cada dose bem aplicada representa mais que uma proteção individual — é um investimento direto na saúde do rebanho, na biosseguridade da granja e na rentabilidade do negócio. Com iniciativas como o Pig Program, a suinocultura avança rumo a um modelo cada vez mais eficiente, seguro e orientado por dados.
Fonte: Gisele Assis