Consumidores de alimentos orgânicos do Estado de São Paulo têm dúvidas sobre os produtos que levam para casa. Neste dia 8 de julho, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) lança a Semana do Alimento Orgânico, com foco na saúde. Em São Paulo, a Superintendência de Agricultura e Pecuária (SFA-SP), que representa o Mapa no Estado, foi às ruas para saber que dúvidas são essas.
Foram entrevistados cinco consumidores na capital e seis no interior do Estado. A iniciativa e as respostas às perguntas são do Núcleo de Suporte à Produção Orgânica de São Paulo (Nursorg-SP), que trabalha especificamente com esses produtos.
Uma pergunta que se repetiu foi sobre a garantia da qualidade orgânica, ou seja, consumidores querem saber como ter certeza de que estão levando para casa um produto realmente orgânico. Essa dúvida foi apresentada pelos consumidores José Renato Silva, Marcia Scavone Schiesari, Célia Ribeiro e Yohana Caroline dos Santos. Os dois primeiros são da capital, Célia é de Marília e Yohana de Tupi Paulista.
A chefe do Nusorg-SP, Gisele Salvador Garcia, explica que há diferentes formas de se comprovar se um produto é orgânico ou não. Quando o alimento é embalado, como aqueles vendidos em supermercados ou lojas especializadas (físicas ou e-commerce), ele apresenta um selo que identifica e garante a certificação. Para ter acesso ao selo, a produção passou por um processo de acompanhamento por meio de uma certificadora, que atesta a qualidade.
Já em caso de produtos a granel, geralmente vendido em feiras ou entregues em casa por meio de venda direta do produtor, o consumidor pode solicitar ao vendedor a declaração de produção orgânica, que é emitida pelo Mapa. Também neste caso, há diferentes formas de controle e certificação. Sem a declaração, o produto não pode ser considerado orgânico.
FISCALIZAÇÃO
Célia, Yohana e Haroldo Bernardes (Vera Cruz), também perguntaram como é feita a fiscalização de produtos orgânicos pelo Mapa. Segundo Gisele, fiscais de todo o país percorrem pontos de venda e área de produção para verificar a conformidade. Eles também coletam produtos nesses pontos para análise laboratorial, que podem indicar a presença de resíduos químicos ou não.
PREÇOS & ACESSIBILIDADE
Os consumidores da capital Raíssa Scalabrin Totume e Tiago Abreu Nogueira, e Isabelle Giacobini, de São Carlos, quiseram saber por que os produtos orgânicos custam mais e como poderiam se tornar mais acessíveis à população em geral. “Eu trabalho em escola e gostaria de saber como o produto orgânico poderia chegar às escolas e integrar a merenda”, perguntou Tiago.
Gisele explicou que o produto orgânico exige um tipo de cuidado maior, é mais sensível, exige uso de produtos permitidos por lei. Em função disso, ele não é produzido na mesma escala dos produtos convencionais, ou seja, a oferta é menor. Mas a chefe do Nusorg-SP disse também que existem políticas públicas para estimular a compra desses produtos por parte do poder público, além de várias iniciativas de plantio próprio para abastecimento escolar em creches, escolas e comunidades.
COMO COMEÇAR
A consumidora Luana Santos Mantovani, de Adamantina, perguntou se qualquer produtor pode se tornar orgânico e como proceder. Segundo Gisele, a conversão é acessível a qualquer produtor. Basta que ele passe a seguir as normas do Mapa para a produção orgânica. “Um bom começo são os cursos de formação em instituições sérias”, disse Gisele.
TRANSPORTE
Para Gustavo Mendes Machado Campos, consumidor da capital, a dúvida é sobre logística. Ele queria saber se há produção próxima a São Paulo ou se os produtos orgânicos precisam ser transportados por muito tempo e consumindo muito combustível até abastecer a capital.
“Temos produtores no Estado inteiro, inclusive na capital, nas zonas sul e leste, por exemplo. Em alguns casos, a logística é complicada para atender à demanda da capital, mas os produtores próximos entregam seus produtos na cidade toda”, respondeu Gisele.
CIÊNCIA
Daniele Alvares Balsalobre, consumidora de Jaboticabal, quis saber se existe comprovação científica de que produtos orgânicos são mais saudáveis que os convencionais. Gisele explicou que há sim publicações científicas sobre o assunto, mas elas ainda são escassas e carecem de maior profundidade, de acordo com revisões de literatura.
O que se sabe é que produtos livres de agrotóxicos expõem menos o consumidor a riscos, preservando sua saúde. Pesquisas que comparam alimentos orgânicos e convencionais indicam que ainda não há evidências suficientes para assumir que os orgânicos sejam mais saudáveis.
ALÉM DOS AGROTÓXICOS
Gisele aproveitou a oportunidade para explicar aos consumidores que o produto orgânico não significa apenas “livre de agrotóxicos”. Ele também não pode ser transgênico e conter resíduos químicos, mesmo de fertilizantes. A produção deve seguir práticas sustentáveis e contribuir para preservar o ambiente.
No caso de produtos de origem animal, a certificação está atenta para as práticas de produção e o bem-estar animal.
Fonte: Ana Maria Dantas de Maio