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Cooperativismo: a base sólida para um futuro justo e sustentável

*Por Ênio Meinen

O Dia Internacional das Cooperativas, celebrado neste 5 de julho, traz como tema global “Cooperativas: impulsionando soluções inclusivas e sustentáveis para um mundo melhor”, proposto pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI) com o apoio da ONU. A escolha do tema está longe de ser retórica: ela evidencia a conexão direta entre o modelo cooperativista e os grandes desafios da nossa era: desigualdade, exclusão, mudanças climáticas e perda de confiança nas instituições.

As cooperativas não são estruturas periféricas ou alternativas marginais. São modelos organizacionais consolidados, presentes em mais de 100 países, com mais de um bilhão de membros em diferentes setores da economia. O cooperativismo é, por essência, uma resposta coletiva às necessidades humanas e comunitárias, sustentado por princípios de autogestão, solidariedade, participação econômica e compromisso com o desenvolvimento do entorno.

Na conjuntura atual, marcada por tensões sociais, concentração de renda, insegurança alimentar e crise climática, o cooperativismo oferece um modelo de prosperidade compartilhada. Seu diferencial está em colocar o ser humano no centro das decisões, subvertendo a lógica do capital como fim em si mesmo. O lucro, no contexto cooperativo, não é abolido, mas ressignificado: torna-se instrumento de perenidade, não de exclusão.

Os sete princípios cooperativistas, ao lado dos valores universais da cooperação, formam uma verdadeira arquitetura ética para as relações humanas e econômicas: adesão voluntária, gestão democrática, participação nos resultados, autonomia, educação, intercooperação e compromisso com a comunidade. Mais que diretrizes institucionais, são fundamentos aplicáveis à convivência civilizatória. Expandir esses pilares para o tecido social ampliaria o equilíbrio, reduziria os atritos e fortaleceria a coesão social em tempos de fragmentação.

No Brasil, o cooperativismo financeiro se apresenta como uma das faces mais dinâmicas desse movimento. Ao operar em locais onde o sistema bancário tradicional não chega ou aonde chega de forma excludente, as cooperativas financeiras exercem uma função que transcende a oferta de produtos: elas ampliam o acesso à cidadania econômica. Ao incluir, educar, financiar e reinvestir na própria comunidade, o cooperativismo financeiro contribui para a redistribuição de oportunidades e o fortalecimento do capital social.

O Sicoob, um dos expoentes do cooperativismo financeiro do país, é expressão viva desse potencial. Com mais de 9 milhões de cooperados, presença em todos os estados e atuação em mais de 400 municípios onde é a única instituição financeira (no conceito de “agências”), o Sistema é um vetor real de desenvolvimento territorial. Mas o alcance vai além dos números: está na forma como se relaciona com seus cooperados, promove a educação financeira, apoia empreendedores, fomenta o agronegócio sustentável, financia moradias, impulsiona negócios e atua com responsabilidade socioambiental.

Nas atividades do campo, posicionamo-nos como um importante propulsor do crédito rural, atendendo a pequenos, médios e grandes produtores com soluções financeiras adequadas às suas realidades. No meio urbano, o microcrédito orientado, os programas de inclusão financeira e as iniciativas em ESG alinham o cooperativismo aos grandes temas contemporâneos, como impacto social, diversidade e resiliência climática.

A celebração do Dia Internacional das Cooperativas deve ser mais que comemorativa, deve ser estratégica. Em um mundo que busca novos pactos econômicos, novas formas de produzir, consumir e conviver, o cooperativismo se apresenta como solução inequívoca e consolidada para reconstruir confiança, gerar prosperidade e proteger o planeta. Não se trata de utopia, mas de viabilidade: o modelo está testado, aprovado e, felizmente, em franca expansão.

Que esta data nos inspire a ampliar o alcance do protagonismo cooperativista. Temos, aliás, o dever de fazê-lo, atendendo às expectativas da sociedade, aqui e ao redor do mundo. Que sigamos fortalecendo essa rede viva de cooperação, compromisso e transformação, uma rede que tem, em cada cooperativa, uma célula de esperança concreta para um futuro mais justo, inclusivo e sustentável.

* Ênio Meinen, diretor de Coordenação Sistêmica, Sustentabilidade e Relações Institucionais do Sicoob e autor de Cooperativismo Financeiro na Década de 2020: sem filtros!(Confebras, 2020 – 2ª ed./2023).

Fonte: Fabíola Souza 

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