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Uma discussão sobre a proteção dos aplicadores de defensivos agrícolas

*Por Luiz Carlos Castanheira

Quando surgiu a necessidade de se proteger os trabalhadores que aplicavam defensivos agrícolas, não havia equipamentos específicos desenvolvidos para essa atividade.

Assim, de início, foram recomendadas roupas impermeáveis de PVC, luvas, respiradores (máscaras), etc., de uso na indústria e no trabalho urbano, portanto impróprios para a atividade agrícola.

Ainda na década de 80, a empresa Shell, na época produtora de defensivos agrícolas, introduziu no mercado três conjuntos (kits) de EPI, fabricados em TNT (polipropileno), pela primeira vez introduzindo o conceito de proteção específica para cada tipo de exposição (kits diferentes para preparo de calda, aplicação costal e aplicação com trator).

O TNT, assim como o TYVEK® (microfibra de polietileno) ou o PVC (cloreto de polivinila) se mostraram inadequados para esse tipo de uso.

Surgiram então as vestes de algodão com tratamento hidro-repelente (fluorcarbono), que passaram a garantir proteção e maior conforto térmico, na medida que permitiam a transpiração.

Vale lembrar que a Legislação obriga que o trabalhador use equipamentos de proteção.

Agora fazendo uma análise mais detalhada da atividade que envolve a aplicação de defensivos no campo, nota-se que há várias situações diferentes de exposição, em função de variáveis, a saber:

  1. Diferentes equipamentos de aplicação (costal, costal motorizado, trator com barra traseira, turbo aplicador, pulverizador autopropelido, avião agrícola, drone etc.)
  2. Culturas de porte baixo (alface, morango); porte médio (café, tomate), porte alto (cana-de-açúcar, abacate, citrus).
  3. Diferentes tipos de formulação (iscas peletizadas, formulações líquidas, em pó, fumigação, gases (fosfina), etc.
  4. Aplicação em ambiente aberto (no campo, e fechado (casas de vegetação, cultivo protegido)

Considerando essas variáveis, e ainda os estudos de exposição efetuados para diferentes culturas e situações de trabalho, é fácil constatar que não faz sentido recomendarmos proteção total e única para todas as situações de trabalho durante a aplicação dos defensivos agrícolas.

Exemplificando, a proteção de quem aplica uma isca peletizada, não será a mesma de quem aplica um produto líquido com equipamento costal; a proteção de quem aplica com um equipamento autopropelido não será a mesma daquele que efetua um expurgo com o gás fosfina; a exposição de quem pulveriza um pé de alface será diferente da exposição de quem pulveriza um pé de laranja.

O piloto de um avião agrícola, que é o aplicador, deverá ter uma proteção de acordo em esse tipo de trabalho e exposição, e assim por diante.

Considerando tudo isso, a indústria de EPI para a aplicação de defensivos agrícolas tem hoje à disposição conjuntos de proteção específicos para diferentes culturas (tomate, cana-de-açúcar, abacaxi etc.)
Dessa maneira, hoje é possível garantir que, em função do uso de produtos menos tóxicos, o desenvolvimento de equipamentos de aplicação mais eficientes, e a evolução do conceito de proteção do trabalhador, com EPI específicos para cada situação de trabalho, os trabalhadores do campo podem hoje contar com mais segurança e conforto em suas atividades.

*Luiz Carlos Castanheira, Engenheiro Agrônomo, Engenheiro de Segurança do Trabalho e membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS).

Fonte: Mariana Cremasco

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