*Por Leandro Weber Viegas
A próxima grande crise global não será decidida por militares armados nas ruas, mas sim por economistas, diplomatas e traders nos terminais portuários e mesas de negociações internacionais. A estratégia mudou, e o Brasil, gigante agroexportador, pode estar perdendo a batalha mais importante da sua história sem sequer perceber, frente a guerra comercial que se instalou após o anúncio de tarifaço do presidente americano Donald Trump.
Alguns dados inéditos deveriam acender alertas no setor sobre a quantidade de oportunidades que temos. Em 2024, estima-se que o agro brasileiro baterá recordes históricos, exportando mais de US$ 175 bilhões em commodities agrícolas. Porém, desses, quase US$ 70 bilhões serão exclusivamente para um comprador: a China.
Também, dados confidenciais apontam que o país chinês já controla diretamente ou por participação indireta cerca de 18% da capacidade logística agroportuária brasileira, através de investimentos estratégicos camuflados em joint ventures com empresas locais. E ainda, pela primeira vez na história, mais de 50% dos fertilizantes essenciais à produção agrícola do Brasil têm origem em território ou empresas chinesas, colocando o país em vulnerabilidade crítica.
Enquanto exportamos soja e milho, importamos drones agrícolas, softwares de gestão, inteligência artificial aplicada ao agro, e equipamentos industriais de última geração, financiando o avanço tecnológico de nosso principal cliente e competidor futuro. Um paradoxo perigoso.
Atento ainda para o que poucos percebem, que a China está criando uma “Rota da Seda Verde” que conecta diretamente Brasil, África e Sudeste Asiático sob sua influência econômica. Um tratado silencioso, uma denominação comercial disfarçada em parceria. E mais, enquanto nós celebramos superávits comerciais, a China prepara sua independência agroalimentar em novos campos africanos irrigados por investimentos bilionários em infraestrutura.
A grande novidade revelada por fontes internas das negociações internacionais é que o Brasil está sendo “testado” pela China como modelo piloto para uma nova forma de colonização econômica indireta: controlar sem invadir, dominar sem ocupar. O resultado disso pode ser devastador para nossa economia quando Pequim decidir virar suas atenções integralmente para a África e outros mercados emergentes.
Frente a tudo que foi mencionado, precisamos agir agora, com estratégias ousadas, como: a criação de uma Reserva Nacional Estratégica de Fertilizantes, reduzindo imediatamente a dependência externa; fortalecimento de acordos multilaterais estratégicos com Europa, América do Norte e Índia, diversificando mercados e reduzindo riscos e ainda, investimento massivo na inovação tecnológica local, garantindo que o futuro das tecnologias agrícolas permaneça em mãos brasileiras.
Chegou o momento de rompermos as algemas invisíveis dessa “nova colonização” econômica. Se o Brasil não despertar hoje, amanhã poderá ser tarde demais. Não basta produzir riquezas; é preciso controlar o futuro que essas riquezas irão construir. O País não pode ser apenas o celeiro do mundo; precisa assumir seu papel como potência global protagonista nesta nova guerra econômica.
*Leandro Weber Viegas Administrador, bacharel em Direito, CEO da Sell Agro e Especialista em Agronegócio.
Fonte: Kassiana Bonissoni