A utilização de vestimentas protetivas agrícolas ou EPI agrícolas sempre foi alvo de polêmicas dentro e fora do Brasil quanto à segurança e eficácia desses produtos. Empregados por trabalhadores rurais nas aplicações de agrotóxicos, os EPI contam com a incorporação de cada vez mais recursos tecnológicos, segundo informa o pesquisador científico Hamilton Ramos, diretor do Centro de Engenharia e Automação (CEA), do Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP.
O pesquisador é membro efetivo de Comissões da ABNT e da ISO internacional voltadas a estudos sobre EPI – equipamentos de proteção individual na agricultura. “O trabalhador rural brasileiro está cada vez mais seguro e não sabe”, afirma Ramos. Atualmente, ele estuda, em conjunto com especialistas de outros dez países, mudanças em normas específicas da ISO, como a 18889 e a 27065, para luvas e vestimentas protetivas agrícolas.
No Brasil, Hamilton Ramos coordena há 17 anos o programa IAC-Quepia, financiado com recursos privados, que resulta de uma parceria entre o setor empresarial e o CEA-IAC.
Segundo Ramos, o trabalho de pesquisa do programa IAC-Quepia resultou na queda das reprovações de qualidade de EPI agrícolas fabricados localmente, que eram da ordem de 80% do montante analisado em laboratório, em 2010, para os atuais menos de 20%.
Avaliações a cada 20 meses
De acordo com o pesquisador, com a entrada em vigor da Portaria 4389, do Ministério do Trabalho, no final de 2023, a indústria fabricante de EPI ou vestimentas protetivas agrícolas terá de submeter seus produtos a avaliações intermediárias de qualidade a cada vinte meses.
“Entretanto, a exigência pelo ensaio completo de certificação de qualidade a cada cinco anos continua a valer”, explica o pesquisador. Segundo ele, fabricantes parceiros que submetem seus produtos a avaliações do programa IAC-Quepia, e obtêm aprovação, recebem o Selo IAC de Qualidade, um aval oficial de qualidade aos equipamentos.
Conforme Ramos, o laboratório IAC-Quepia, localizado na sede do CEA, na paulista Jundiaí, é hoje o único da América Latina apto a prover ensaios de conformidade em EPI agrícolas, além de pesquisas com padrão internacional na área. O pesquisador é também membro do Consórcio Internacional de Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura, formado por oito países, incluindo Estados Unidos e Alemanha.
Fonte: Fernanda Campos