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A conservação do solo como engenharia social no meio rural e urbano

A despeito dos avanços tecnológicos das pesquisas e do incentivo de adoção de práticas sustentáveis de manejo da terra, dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), demonstram que a erosão elimina até 40 bilhões de toneladas de solo por ano no mundo, comprometendo gravemente a produtividade das lavouras e o armazenamento de carbono, nutrientes e água. A estimativa de perdas anuais, somente para a produção de cereais é de 7,6 milhões de toneladas. Aqui na América Latina, os riscos para a economia, a segurança alimentar e o meio ambiente não são menores; cerca de metade dos solos agricultáveis sofrem algum tipo de degradação.

Engenheiro agrônomo e professor na Universidade de Brasília, Eiyti Kato, trouxe outro olhar sobre a questão em sua palestra no Seminário Comemorativo do Dia Nacional da Conservação do Solo, no último dia 12 de abril, no Distrito Federal. Em sua análise, propôs a conservação do solo como engenharia social no meio rural e urbano. Segundo ele, é fundamental promover um intercâmbio de conhecimento e conscientização para que o conceito de sustentabilidade seja incorporado na prática.

“A conservação do solo ainda é vista como um conjunto de práticas conservacionistas a serem adotadas, e isso não é suficiente. A engenharia social significa que há necessidade da valorização da população rural, por meio de escolas, postos de saúde, centros comunitários, acesso aos meios de comunicação, energia etc. Com isso, verifica-se a dificuldade de conscientizar e informar sobre a importância da conservação dos recursos naturais. A importância do solo, água e ar para gerações futuras. No meio urbano, a população, de certa forma, possui a acesso a tudo isso, mas não possui a vivência do meio rural para saber o que é necessário e bom para a utilização do solo”, explica.

Neste sentido, Kato aponta o Sistema Plantio Direto, como grande responsável por uma revolução de incontáveis benefícios à agricultura mundial, mas explica que a tecnologia perde grande parte da capacidade de transformação se adotada isoladamente.

“O Plantio Direto é muito importante para a conservação do solo, diminuindo a erosão em torno de 60%. Mas é preciso aliar a técnicas como o plantio em contorno, terraceamento, espaçamento entre plantas e outras. Além disso, temos ainda muitos estudos e pesquisas a serem realizadas. Para mudarmos nossa realidade, a população precisa ser educada para atender as orientações e saber que o solo possui grandes funções essenciais dentro do nosso ambiente”, afirma.

Além dos limites da propriedade

O professor reitera que os impactos econômicos e ambientais causados pelas graves deficiências na conservação do solo, ultrapassam os limites das propriedades rurais e atingem a sociedade em seus interesses mais prementes.

“Com a perda de solo, perde-se também nutrientes e matéria orgânica, causando declínio da fertilidade e da produtividade, trazendo impactos econômicos para o produtor rural e consequentemente maior custo dos alimentos para o consumidor. Fora da propriedade rural, a erosão causa assoreamento de rios e lagos, podendo trazer graves incidentes, como enchentes e outras destruições; além de diminuir a quantidade e a qualidade da água, o que gera aumento dos custos para o tratamento, e refletindo no abastecimento urbano da água potável e também na geração de energia”, conclui.

Funções do solo destacadas durante o ano 2015 da Conservação do Solo

Funções do solo destacadas durante o ano 2015 da Conservação do Solo
Fonte: FEBRAPDP

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