17.1 C
Jatai
InícioNotíciasCategoria GeralPesquisa científica da UFMT de Sinop faz ruir mito de infertilidade do...

Pesquisa científica da UFMT de Sinop faz ruir mito de infertilidade do solo

Calcário

 Extração de calcário

Imagine fazer um bolo com apenas metade da farinha e do fermento. Isso mesmo: Com apenas 50% da quantidade da receita. Pois é essa a equação adotada por muitos agricultores de Mato Grosso na hora de aplicar o calcário na lavoura. O problema é que a receita consagrada na soja e milho no Sul e Sudeste do país e referendada por boletins de recomendação não é, na prática, a mais adequada ao solo e às plantas em nossa região. Aqui, o solo ácido, as chuvas concentradas em poucos meses e as usuais duas safras por ano fazem o solo demandar alta quantidade de calcário, um insumo fundamental ao desenvolvimento pleno das plantas e ao aumento da produtividade.

Essa constatação foi checada e comprovada numa pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) de Sinop. A pesquisa científica começou em 2014, liderada pelo professor Doutor Anderson Lange. Os estudos são desenvolvidos em uma propriedade rural, há cerca de 20 quilômetros da universidade, às margens da BR-163, e no próprio campus, onde plantas são cultivadas em vasos numa estufa, monitorada. Todo o desenvolvimento dos pés de soja e milho é mensurado, sistematicamente. Três safras depois da aplicação de altas doses de calcário em campo, os resultados ficam evidentes: pés de soja com mais vagens, mais ramos, redução no nível de abortamento das plantas, com o chamado “efeito cimento” ampliado, que significa vagens mais “pregadas” à planta, mais firmes. No milharal, espigas robustas e alta produtividade de grãos.

Assessoria

Sinecal

 Professor Dr. Amderson Lange

O professor e pesquisador explica que a aplicação convencional adotada por produtores em Mato Grosso é de 2 a 2,5 toneladas de calcário por hectare cultivado, em superfície. Mas a prescrição agronômica ideal beira as 5 toneladas de calcário ou mais, buscando elevar a saturação por bases do solo a 75%. Foi justamente essa a dose aplicada no experimento na zona rural de Sinop.

“Os Boletins de Recomendação até hoje recomendam que se eleve o V% para 50 ou 60, e que não se aplique mais que 2 a 2,5 toneladas de calcário por hectare em superfície. Há um paradigma, um medo, algo cultural entre os produtores que vieram do Sul e Sudeste do país, de que um suposto excesso de calcário em superfície provoque danos ao solo e consequentemente às plantas, um temor de que prejudique a fertilidade do solo. Pelos resultados obtidos, isso aparentemente é um mito, que estamos procurando superar de forma científica, comprovadamente. A falta de calcário, aliás, é muito mais nociva à produtividade das lavouras”, alerta Anderson Lange.

O projeto de pesquisa partiu de apontamentos de que a chamada fórmula do V% (Saturação por Bases) adotada em outras regiões do país, em especial no Sudeste, recomenda quantidade insuficiente de calcário e que os valores determinados por esta fórmula não chegam a se confirmar no solo. “Na análise do solo confirmamos que realmente não é suficiente como se projetava. O que era um apontamento, uma indagação, passou-se a uma comprovação científica. A ampliação do uso do calcário é, portanto, essencial para mais produtividade nas lavouras de soja e milho de Mato Grosso”.

Assessoria

Sinecal

Campos de experimentos da UFMT

Outra constatação é a de que o tipo de calcário também é determinante a um maior rendimento final nos talhões. O pesquisador explica que em Mato Grosso o calcário dolomítico foi e é largamente utilizado, porém, é o calcário calcítico quem contém porcentagens de cálcio e magnésio e a relação entre esses dois elementos químicos mais adequada ao solo – e por isso mais benéfica -, trazendo melhores resultados ao tipo de solo mato-grossense. “Por isso é indispensável a análise de solo como suporte ao agricultor”, reforça o pesquisador doutor.

De acordo com o Sindicato das Indústrias de Extração do Calcário do Estado de Mato Grosso (Sinecal-MT), o consumo de calcário calcítico no Estado corresponde a 10% das comercializações.

CUSTO-BENEFÍCIO

Mas dobrar a aplicação de calcário não seria colocar o custo de produção em xeque? O pesquisador é taxativo. “Não é. Muito pelo contrário. Dobrar a aplicação de uso do calcário e utilizar o tipo de calcário mais adequado ao nosso solo fará sobrar dinheiro no bolso do produtor que faz o seu cultivo corretamente, tendo mais produtividade e, consequentemente, mais produção e renda. O aumento na produtividade da área com mais calcário aplicado vai justamente pagar essa diferença do investimento em mais calcário e ainda sobra. A estimativa é que o ganho é de 5 a 10 sacas extras por hectare de soja e até 20 sacas de milho”, declara Lange.

Mais Soja

Soja

O aumento na produtividade aplicado paga a diferença do investimento

Enquanto produtores rurais de todo o Estado começam a assimilar mais informações sobre a correta aplicação do calcário no solo tipicamente mato-grossense, os pesquisadores de Sinop, entre professores, técnicos e alunos, têm uma rotina de dedicação ao conhecimento científico. As plantas são rotineiramente medidas, com visitas periódicas à área de experimento a campo, e o cuidado e monitoramento constante dos vasos na estufa, dentro do campi. Amostras de solo e de plantas de soja e de milho são analisadas em laboratório. Todos os apontamentos são registrados dentro dos métodos e do rigor dos protocolos científicos, garantindo segurança e confiabilidade aos resultados colhidos.

Fonte: UFMT  Redação com Assessoria

spot_img

Últimas Publicações

ACOMPANHE NAS REDES SOCIAIS