O volume sinaliza para um recuo da produção cafeeira em torno de 20,7% na comparação com a safra 2016, quando o Estado foi responsável pela produção de 30,7 milhões de sacas. A retração acontece em função da queda de produtividade e, em menor parcela, da redução de área. A produtividade reduzida está atrelada ao período de bienalidade negativa da cultura na maior parte dos municípios produtores, às más condições climáticas e à maior incidência de pragas e doenças. Os dados são do terceiro Acompanhamento da Safra Brasileira de Café e foram divulgados ontem, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Com o avanço da colheita, os problemas relatados pelos cafeicultores vêm sendo contabilizados. Em Minas Gerais, enquanto no segundo relatório da safra, divulgado em maio, a previsão era colher uma produção total de 25,7 milhões de sacas de café, neste levantamento a previsão recuou para 24,37 milhões de sacas, queda de 5,44%.
Em 2017, a produção de café arábica no Estado deve somar 24 milhões de sacas de 60 quilos, quebra de 21% frente aos 30,4 milhões de sacas colhidas em 2016. A produtividade dos cafezais recuou 18,4%, com rendimento médio de 24,9 sacas por hectare. A queda se deve à bienalidade negativa verificada na maior parte das regiões produtoras, aos efeitos da estiagem registrada no período de enchimento dos grãos e à maior infestação de pragas e doenças.
De acordo com o relatório da Conab, na atual temporada foram registradas ocorrências de bicho mineiro, ferrugem, cercosporiose, Phoma e broca em várias regiões do Estado. Sendo que a broca está presente em todas as áreas produtoras. A área em produção de café arábica ficou 3,2% inferior, com 964,6 mil hectares.
Já a produção de café conilon no Estado ficará 12,8% maior, com a previsão de colher 334 mil sacas de 60 quilos. A produtividade das lavouras cresceu 10,4% e o rendimento atingiu 25,68 sacas por hectare. A área em produção, 13 mil hectares, cresceu 2,2% no atual período produtivo.
Realidade – Segundo a analista de agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Ana Carolina Gomes, o levantamento da Conab está mais compatível com os relatos dos cafeicultores mineiros, que vem registrando queda na produção.
“A princípio é difícil mensurar o valor correto da quebra da safra de café. Mas, o levantamento da Conab está dentro da realidade observada no campo. O relatório apontou para uma queda em torno de 21%, em função da bienalidade negativa e das condições climáticas desfavoráveis no período de formação das flores e granação do café. Nós tivemos um início de ano com poucas chuvas, o que impactou no tamanho dos grãos. A consequência é a necessidade de um maior volume de café para compor uma saca”, explicou.
Ana Carolina destaca ainda que este ano a incidência da broca do café foi superior ao ano anterior, o que também impacta de forma negativa no rendimento do café e na qualidade da bebida.
Queda foi verificada em quase todas as regiões
No Sul, maior região produtora do Estado, e Centro-Oeste de Minas, a expectativa é colher 13,2 milhões de sacas de 60 quilos de café arábica, volume que, se alcançado, ficará 20,5% menor que o colhido na safra 2016. Na região, o rendimento médio por hectare foi estimado em 26,76 sacas, retração de 15,6%. A área em produção, 493,9 mil hectares está 5,8% menor na atual temporada.
Além da bienalidade negativa, os pesquisadores da Conab destacam que em algumas áreas houve incidência de broca, ferrugem tardia, cercóspora e bicho mineiro, apesar do esforço dos produtores para manter um controle adequado das lavouras. Tais ocorrências impactaram negativamente na qualidade e no rendimento do produto final.
Na região do Cerrado Mineiro, que inclui a produção do Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas, a quebra de safra será de 46,3%, com a colheita estimada em 3,97 milhões de sacas de café arábica, ante o volume de 7,4 milhões de sacas colhidas em 2016. A produtividade média está em torno de 23,46 sacas por hectares, retração de 42% em função da bienalidade negativa. Queda de 7,5% foi verificada na área em produção, que foi estimada em 169,4 mil hectares.
De acordo com a Conab, no Cerrado foi verificada significativa incidência de pragas e doenças, com muitos grãos danificados por broca, o que influenciou negativamente na qualidade do produto final. Além disso, verificou-se que em torno de 5% dos grãos apresentavam má formação e baixo crescimento.
Nas regiões Norte de Minas, Jequitinhonha e Mucuri a produção de café está 4,6% inferior, com previsão de colher 486 mil sacas.
Incremento – Nas Matas de Minas, que engloba as regiões mineiras da Zona da Mata, Rio Doce e Central, devido à bienalidade positiva, é esperado aumento de 8%, com a produção de 6,36 milhões de sacas de 60 quilos de café arábica. A produtividade média, 23,26 sacas por hectares, ficou 3,2% maior quando comparado com 2016. Os cafeeiros em produção ocupam uma área de 273,4 mil hectares, variação positiva de 4,6%. A produção nas Matas de Minas poderia ser ainda maior, porém, a infestação dos cafezais com a broca do café e fatores climáticos desfavoráveis prejudicaram parte da safra.
Fonte: Diário do Comércio