A técnica é uma excelente ferramenta para alavancar a taxa de fertilidade do rebanho, mas requer cuidados para um manejo preciso.
A pecuária brasileira tem o desafio de produzir cada vez mais carne e leite por hectare. Para elevar a produtividade de seus rebanhos, o investimento em programas de melhoramento genético e a aposta na Inseminação Artificial (IA) são recomendações seguras capazes de ajudar o pecuarista a ter uma fazenda altamente produtiva.
Porém, por insegurança ou por falta de conhecimento sobre a técnica de IA, atualmente apenas 10% do plantel nacional de fêmeas, de cerca de 21,7 milhões de vacas segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é inseminado. Para tentar desmistificar o assunto, confira as orientações dos especialistas para usufruir da técnica de IA de forma eficiente e segura.
Planejamento
A primeira coisa que deve ser feita é realizar um bom planejamento. O produtor precisa identificar o início e o fim da parição e ajustá-la levanto em consideração as condições climáticas da região. “Este planejamento é fundamental para garantir a boa taxa de produtividade da fazenda e também para a organização da mão de obra”, diz o médico veterinário, Renato Girotto, diretor e consultor da empresa RG Genética Avançada, de Água Boa, em Mato Grosso.
Ainda de acordo com o consultor, outro ponto que o pecuarista jamais deve descuidar está relacionado à nutrição e manejo sanitário do rebanho. “Monitorar o gado é muito importante para mantê-lo saudável e evitar doenças reprodutivas graves, como a brucelose, tuberculose e leptospirose”, afirma.
Identificação do cio
Um dos principais gargalos nas fazendas é a imprecisão na detecção do cio. Por causa disso, aumenta cada vez mais o número de adeptos à Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF). A técnica desenvolvida para suprir as deficiências da IA tradicional é capaz de controlar e sincronizar o ciclo estral e a ovulação das vacas, de modo que seja possível inseminar essas fêmeas em horários pré-determinados com boas taxas de concepção.
A pecuária de corte praticamente extinguiu a observação de cio com o advento da IATF. Contudo, na pecuária leiteira, ainda é comum a observação de forma manual. Para estas fazendas, já existem ferramentas que auxiliam a ter melhor eficiência. Uma delas é um adesivo que é fixado sobre a anca da fêmea. Quando algum bovino monta nela, o adesivo muda de cor, indicando que o animal está no período de reprodução. Com isso, o peão consegue facilmente fazer a identificação.
Colares de movimentação
Outra tecnologia que está se popularizando são os colares de movimentação com monitoramento à distância. Os equipamentos calculam a média de movimentação dos animais e emitem alertas de identificação do cio. “O primeiro indício que a matriz está no cio é a sua maior movimentação e o sinalizador indica isso enviando remotamente as informações para o computador ou smartphone do pecuarista”, diz Fey.
Inseminação artificial
Após 12 horas da identificação do cio, o pecuarista deve se preparar para executar a IA. Nesta etapa, para evitar perdas, é preciso estar atento ao nível e à temperatura do nitrogênio líquido dentro do botijão. A temperatura deve ser de 196ºC negativos.
A palheta que contém o sêmen deve ser manuseada somente no ato da inseminação. Segundo Fey, o recomendável é que ela seja descongelada em água, com temperatura entre 35°C e 36°C, de 30 a 40 segundos antes de ser colocada no aplicador e introduzida no animal. “A IA é um procedimento que requer muita precisão para ter sucesso, por isso é importante que a técnica seja feita por um profissional treinado e capacitado”, diz Fey.
Manejo eficiente
Confira 7 dicas infalíveis para garantir que o processo de inseminação artificial seja eficiente
1 – Fazer o planejamento do início e fim da parição e ajustá-la de acordo com as condições climáticas da região.
2 – Seguir à risca o calendário de vacinas para evitar que a reprodução seja prejudicada por doenças graves como a brucelose, a tuberculose e a leptospirose.
3 – Utilizar ferramentas mais eficientes para a detecção de cio.
4 – Controlar a temperatura de nitrogênio do botijão, que deve ser de 196ºC negativos.
5 – Descongelar as palhetas de sêmen de 30 a 40 segundos antes da inseminação em água com temperatura entre 35°C e 36°C.
6 – Pelo menos a cada três anos investir em capacitação. É importante reciclar a mão de obra da fazenda para atualizar o conhecimento sobre os protocolos de inseminação, como manejo, higiene e preparo do animal para a inseminação.
7 – Ficar atento à taxa de concepção. Para garantir a eficiência do processo, vacas que passaram por três IA e não emprenharam devem ser descartadas do rebanho.
Por: Bruno Santos e Carolina Barros
Fonte: Farming Brasil



