A Arábia Saudita decidiu barrar importações de carne de frango de frigoríficos brasileiros, alegando motivos “exclusivamente técnicos e rotineiros”.Ao todo foram 33 unidades desabilitadas de exportar ao país – sem detalhar tais razões técnicas.
Mais uma onda conturbada para o setor – depois das operações “Carne fraca”, e “Trapaça”. Quando tudo parece se resolver, mais essa! Mesmo se tratando de questões macro-políticas-econômicas, isso pode também acontecer com seu mercado alvo – seja ele local ou global. E precisamos nos precaver acima de tudo.
Precisamos contemplar possíveis riscos associados, e ter sempre claro o que fazer nestes casos. Em outras palavras, planejar-se estrategicamente.
Saída à francesa
A Louis Dreyfus Amateur (LDC), grande empresa do agro mundial anunciou que vai deixar de atuar no segmento de lácteos. Segundo eles, além de representar cerca de apenas 1% de seu faturamento, a unidade foi identificada como não pertencente às áreas estratégicas (principais) da empresa. Certo, mas vale a pena?
É preciso avaliar. Contudo, a empresa aparentemente está fazendo o trabalho de casa, avaliando o impacto nas demais unidades de negócio e, o plano ideal de saída da atividade. Ótimo! Levaram-se em conta os pontos de atenção para qualquer mudança/saída de atividade. Você já deve ter levantado estes questionamentos.
“Devo liquidar meu rebanho e ampliar a área de agricultura?” Essas, são chamadas decisões estratégicas e tem um enorme potencial de retornos para seu negócio – proporcionalmente, milhares de vezes mais retorno que decisões táticas ou operacionais (rotineiras).
Tenha em mente quais são elas, e dê a elas a sua devida atenção. Imprevisto previsível
A Safra 18/19 de soja no Brasil está próxima ao fim. Contudo, previsões são de diminuição de produção e redução das exportações. Entre os motivos:
– A retomada da Argentina – que apresentou forte quebra na última safra.
– O clima – mais uma vez prejudicando produtividades.
E a possível pacificação entre EUA e China – o que poderia diminuir a demanda chinesa pela soja brasileira. Mais um ano de “imprevistos” durante a safra? Não exatamente, não é mesmo? Se não, TODO ano seria ano de imprevistos.
E ficar à mercê dos imprevistos é o que te impedirá de garantir o sucesso no longo prazo. Sempre terão imprevistos. Sempre terão anos “atípicos”. Contudo, planejar-se é o que garantirá que, na média, você cometa mais acertos que erros.
Afinal de contas, não podemos sempre contar com o “acaso”. Inovar, inventar ou avaliar!?
A Alta Genetics, líder no mercado brasileiro de genética bovina, pretende ampliar sua capacidade produtiva nos próximos anos. Apostando na mudança do perfil da pecuária nacional – principalmente explorando o cruzamento industrial – a empresa projeta vender 5,5 milhões de doses em 2019.
O mercado de tecnologia da reprodução bovina cresce. Mas, o investimento em genética – raças ou cruzamentos – advindos da tecnologia da reprodução ou não, é o melhor caminho para você, produtor?
Muitas tecnologias – como esta – podem necessitar de investimentos adicionais para que se tenha o benefício esperado e isso precisa ser avaliado junto ao todo.
Neste caso, por exemplo, sabemos da correlação entre nutrição e reprodução, que se não andarem juntas, podem prejudicar a eficácia da estratégia. Portanto, antes de tudo, avalie as alternativas! Não apenas tecnicamente, mas economicamente!
E por falar nisso, vale conferir um artigo publicado sobre o tema: “Nelore ou Angus, qual traz mais lucros?”
“Devo criar Angus ou Nelore? Qual será o melhor para meu negócio?”
Com certeza você já se fez essa pergunta. Em meio a tantas opiniões de técnicos e pesquisadores da área, às vezes ficamos meio confusos sobre qual deles escolher. Principalmente pois estamos falando de um sonho e investimento financeiro que pode vir a se tornar um pesadelo.
Agora, respondendo o questionamento do início, temos uma resposta a dar:
“Depende!”
Essa resposta pode parecer inexpressiva e até mesmo um tanto quanto confusa. Mas, o fato é que a pecuária pode ser viabilizada e saudável financeiramente, independente do padrão das raças.
O principal ponto a se observar é a sua estratégia produtiva, o tamanho do investimento (capital empregado) no sistema como um todo e o quanto de lucro a atividade vai gerar.
Mas antes de discorrer sobre isso, vamos falar sobre algumas características das duas raças.
Um pouco de suas histórias!
De origem britânica, o Angus, é conhecido cientificamente como Bos taurus. Em 1906, os bovinos Angus foram introduzidos no Brasil, vindos do nosso vizinho Uruguai, que já possuia animais da raça.
Já os Nelores são de origem indiana e cientificamente é conhecido como Bos taurus indicus. Trazido para o Brasil no final do século XVIII, os Nelores entraram no país por meio da vinda dos grandes raçadores indianos. São eles: Karvadi, Golias, Taj Mahal, Rastã, Checurupado, Godhavari, Padu e Akamasu.
Agora vamos a algumas características raciais!
Rusticidade
A rusticidade pode impactar diretamente os lucros. Seja com maiores custos associados a medicamentos, ou ainda à perda de performance trazida pelo estresse causado por doenças ou calor, por exemplo.
Quando pensamos em rusticidade já nos vem à cabeça um animal de pelagem branca e estatura de média para alta. Nosso pensamento não está errado nisso, os Nelores são animais extremamente rústicos.
Isso se deve ao fato de que bovinos da raça Nelore se apresentam com boa resistência a parasitas e a temperaturas altas, que são muito comum em nosso país.
Outro fator que interfere de forma significativa na rusticidade dos bovinos nelore é a sua facilidade de parir, em termos técnicos, sua baixa propensão à distocia. Devido ao porte das fêmeas e ao pequeno tamanho do bezerro, o parto natural (sem assistência) se torna mais fácil.
Animais Angus apresentam uma rusticidade grande também, porém, quando comparamos à dos Nelores, temos uma disparidade muito grande, principalmente quanto a doenças e temperaturas altas.
Precocidade
Quanto mais precoces, mais cedo conseguimos levar um animal à sua maturidade sexual, ou ainda ao seu ponto fisiológico que permite o abate, encurtando ciclos de produção, e consequentemente melhorando o retorno sobre o capital empregado.
Animais da raça Angus são conhecidos pela sua precocidade sexual. Mas junto com a precocidade sexual vem também a precocidade corpórea e o que pode resultar em um período mais curto para o abate.
Os Nelores por sua vez são animais mais tardios em seu crescimento e atingimento do ponto fisiológico ideal de abate. Porém, existem tecnologias para reduzir essa “demora” da raça em se tornar madura.
Carne de Qualidade
A qualidade da carne, ou do produto vendido, irá influenciar diretamente o preço pago por ela. Quanto maior a qualidade, maior as chances de se obter um preço maior, favorecendo sua receita.
Conhecidos pela característica de uma carne mais marmorizada e, consequentemente, mais saborosa, os bovinos Angus são celebridades quando o assunto é qualidade de carne.
Devido a uma maior quantidade de gordura presente entre as fibras da carne, a carne Angus pode apresentar maior maciez e suculência e com isso uma melhor aceitação por mercados “premium”.
Graças a essa característica algumas remunerações especiais nos frigoríficos são pagas aos produtores, através de certificações.
Mas antes que você pense: “Vou investir em Angus”
é importante salientar que novos cenários de negócios têm surgido onde a raça Nelore apresenta potencial incrível de produção de carne de altíssima qualidade, deixando de lado suas características rústicas e demonstrando seu “outro lado da moeda”.
Adaptabilidade a Dietas
A adaptabilidade vem como característica que pode facilitar a inserção da raça em certo sistema produtivo, fazendo com que os animais possam usufruir de subprodutos e alternativas mais baratas no que tange alimentação.
Bovinos como um todo são bem adaptáveis a diferentes dietas, porém, bovinos Nelore se adaptam de maneira mais fácil a diferentes tipos de pastagem e de dietas.
Devido à sua seleção genética e à adaptação ambiental característica da raça, os Nelores são capazes de aproveitar pastagens com baixos valores nutricionais.
Diferente disso, os animais Angus apresentam uma certa seletividade em alguns tipos de pastagem, chegando a reduzir seu consumo e, consequentemente, seu ganho de peso.
Fertilidade
A fertilidade é diretamente relacionada ao produto de uma cria, e portanto relacionada à receita. Embora, com maior fertilidade, possa-se também dizer que custos fixos são diluídos em mais bezerros.
Esse termo é bem discutido na comunidade cientifica, a fertilidade é algo que traz questionamentos.
Segundo alguns autores, a fertilidade de bovinos de ambas as raças como um fator isolado é questionável. Fatores como a dieta, estresse térmico, condições de interação com outros animais influenciam na fertilidade desses animais.
Porém, há pesquisas que apontem que animais da raça Angus sejam mais férteis que animais da raça Nelore, devido a características das fêmeas e da viabilidade de sêmen dos machos.
Mas afinal, qual traz mais lucros?
Pelo que você percebeu, ambas as raças apresentam características favoráveis à pecuária de corte. O depende, dito anteriormente, se relaciona aos retornos trazidos por cada raça, para cada situação.
Tanto uma raça quanto a outra pode apresentar retornos satisfatórios ao agronegócio, e vai depender diretamente do sistema produtivo e estratégia de negócios adotados.
Um sistema produtivo intensivo, com características favoráveis à criação da raça Angus, por exemplo, de repente pode trazer o mesmo retorno sobre o capital empregado do que um sistema extensivo com menos tecnologia, utilizando o Nelore.
Supondo que a criação de Angus produza mais carne, o sistema pode vir a ser mais exigente no quesito capital empregado (incluindo mão de obra, insumos, instalações, máquinas etc), o que pode resultar em uma rentabilidade não satisfatória.
Em outras palavras, o importante é saber que a produção de carne, e consequentemente a receita, não é o único fator que deve ser considerado. É preciso avaliar quanto precisa ser investido no sistema, considerando todos os fatores envolvidos.
Quanto será investido na produção é o primeiro elemento que precisa ser avaliado, para que então possamos avaliar se o lucro trazido vai resultar num bom retorno sobre este investimento.
Depois, produzir maiores quantidades pode ser muito benéfico, porém, pode ser também ruim ao negócio. O que determina isso são os custos para produção, considerados na conta do lucro.
Ainda, aptidões técnicas existem, porém é possível investir em infraestrutura e alternativas tecnológicas que viabilizam a produção do ponto de vista técnico para ambas as raças, o que nos remete novamente ao resultado econômico.
Portanto: A escolha depende da combinação de tecnologias empregadas, que determinará o capital empregado na produção, e quanto que esse sistema irá gerar, não só produção (produto), mas também lucros!
Analisar, analisar e analisar
Sem um planejamento financeiro, que leve em conta todo o investimento, custos de operação e lucro esperado, torna-se impossível a viabilização de uma pecuária financeiramente saudável.
Ou seja, é preciso focar na gestão estratégica e financeira.
Não existe melhor ou pior nesta comparação, mas sim aprofundamento de conhecimento técnico e o acompanhamento financeiro correto. Características e controle do gado, da propriedade e do interesse do produtor devem caminhar juntas, enxergando sempre possíveis falhas que podem levar à produção e a fazenda para o buraco.
Ferramentas financeiras, e acompanhamento técnico são imprescindíveis para um pecuarista que queira obter sucesso em sua criação. Conhecimento gera melhores retornos, tanto na satisfação pessoal quanto “no bolso”, então para sair da indecisão a dica principal é: avalie suas alternativas e fatores envolvidos.
Fonte: Perfarm