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Brasil precisa buscar a sustentabilidade econômico-financeira do setor de resíduos para diminuir o impacto ao meio ambiente

 Nesta quinta-feira, BW Expo, Summit e Digital promove debates relacionados à sustentabilidade na construção, transformação energética pelo hidrogênio verde, economia circular e resíduos sólidos.

A falta de sustentabilidade econômico-financeira (SEC) para o setor de resíduos é um dos mais graves problemas existentes hoje no campo ambiental. Essa avaliação foi proferida por Márcio Matheus, presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (SELURB), durante palestra na BW Expo, Summit e Digital 2020, que termina nesta quinta-feira (19). Para participar do evento ou rever as apresentações, basta clicar aqui.

Segundo Matheus, os principais desafios do custeio desse tipo de serviço no município são o orçamento incerto, com apenas 10% dele voltado para uma série de atividades, incluindo a limpeza urbana, que é o 4º maior gasto das cidades, geralmente. “Quanto maior for arrecadação, melhor será a destinação adequada dos resíduos, culminando em um melhor desempenho da atividade”, disse.

Um exemplo é a Região Sul, cuja arrecadação específica dos munícipios chega a 78%, com percentual de 86% na destinação adequada dos resíduos. Já o Nordeste, possui apenas 7% de arrecadação específica dos municípios e 15 de destinação correta. “A maior realidade é que onde não há arrecadação, ocorre o destino inadequado, principalmente, para os lixões. Essa falta de cobrança específica gera um passivo ambiental enorme no país, que vem se agravando anualmente”, lamentou Matheus.

Para mostrar que é possível ter sustentabilidade econômico-financeira nessa atividade, Carlos Rossin, diretor de Sustentabilidade do SELURB, trouxe informações sobre o estudo A Sustentabilidade Financeira dos Serviços de Manejo de Resíduos Sólidos, cujas conclusões foram: a cobrança pelos serviços de gerenciamento dos resíduos sólidos se consolidou como uma boa prática global e se constituiu de um instrumento de conscientização e mudança comportamental na relação com os resíduos; e a existência de um arcabouço regulatório específico para a gestão de resíduos também é essencial para assegurar a continuidade e qualidade dos serviços prestados.

Ele apresentou ao público da BW Expo, Summit e Digital os modelos de cobrança existentes no mundo. A primeira é a fixa, uma estimativa da geração de resíduos por tipo de imóvel usado. A segunda é a por utilização, cuja cobrança é feita conforme a quantidade de resíduo gerado. Para isso são utilizados diferentes métodos ou tecnologias para controle. Por fim, o modelo combinado, quando se aplica a fixa, por exemplo, para residências e por utilização para indústrias e comércios.

“Em sete das dez maiores economias do mundo, a cobrança é prática consolidada. Mas, nas Américas do Sul e Central ainda há a busca pela sustentabilidade financeira para a gestão de resíduos sólidos. Contudo, um exemplo no Brasil, onde já existe essa consolidação financeira é Santa Catarina”, contou Rossin, que trouxe diversos casos nesses três modelos de cobrança.

Lixo Zero

Uma tonelada de produto final comercializado utiliza 71 toneladas de material e energia. Um exemplo é a lata de alumínio, que quando reciclada economiza 90% de materiais e energia. Isso significa que o reuso e a reciclagem são processos que podem contribuir para a preservação do meio ambiente. “Quando Arnold Schwarzenegger foi o governador da California, encomendou-se um estudo que mostrou que reciclar tudo o que era produzido naquele estado equivaleria eliminar todas as emissões de veículos”, contou Richard Anthony, fundador e presidente da Zero Waste International Alliance, na BW Expo Summit e Digital 2020.

Segundo ele, o governador percebeu também que a reciclagem tinha o potencial de criar milhares de novos empregos. Isso é uma realidade porque o mercado de reciclagem dos Estados Unidos emprega atualmente mais do que a própria indústria automotiva.

Anthony defende que a forma atual de produzir, consumir e jogar fora está destruindo o meio ambiente. Assim, é necessário primeiramente reduzir e depois reutilizar. “Por que queimaríamos ou enterraríamos nossos recursos quando eles estão cada vez mais escassos?”, questionou. Nesse sentido, o conceito de Zero Waste é a conservação de todos os recursos o que significa produção responsável, consumo, reuso e recuperação de produtos, embalagem e materiais sem incineração ou descarte no solo, água ou ar que ameaçam o meio ambiente a saúde humana. “A incineração causa poluição, por isso, nos Estados Unidos não é permitido há 20 anos uma incineradora. Já o aterro sanitário é o terceiro ou quarto maior emissões de carbono na Califórnia”, disse.

No caso do Brasil, Anthony recomendou a busca por resíduos orgânicos, retirando-os do fluxo do lixo e encaminhado, por exemplo, para a compostagem. San Diego, por exemplo, utiliza leiras para compostar 500 mil toneladas de resíduos orgânicos por ano.

A compostagem em escala industrial foi abordada por Fernando Carvalho, membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo) e responsável técnico da Tera Ambiental, que comentou que a empresa trata em média cerca de 7,5 mil toneladas/mensais de resíduos orgânicos, transformando-os em 3 mil toneladas mensais de insumos orgânicos de uso seguro na agricultura.

Para isso, há utilização de duas técnicas: leiras aeradas por revolvimento e leiras estáticas com aeração forçada. A primeira utiliza máquinas específicas e os microrganismos aeróbios prosperam dentro da massa de resíduos orgânicos, fazendo o trabalho da degradação. Depois são adicionados aditivos para dar padrão ao insumo produzido, uma vez que o resíduo não tem qualquer tipo de padrão. Já a segunda conta com uma concepção de engenharia diferenciada, que resulta em uma menor emanação de odores. “Como não há revolvimento, posso fazer uma camada de cobrimento dessas leiras com o composto já estabilizado. O cobrimento funciona como um filtro biológico, oxidando as moléculas odoríficas antes que sejam dispersadas”.

Crédito: Divulgação

Fonte: Mecânica de Comunicação

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