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1º Fórum Agro Econômico debate os desafios dos mercados de carnes e grãos para 2021

Evento on-line foi resultado da parceria entre as empresas Boehringer Ingelheim, Aviagen e Agroceres PIC

Com o objetivo de ampliar o debate acerca do atual cenário agro econômico brasileiro e mundial, assim como encontrar os melhores caminhos para vencer os desafios dos setores de carnes e grãos, a Boehringer Ingelheim, a Aviagen e a Agroceres PIC se uniram e promoveram o 1º Fórum Agro Econômico. O evento on-line, realizado em novembro, trouxe para a pauta os obstáculos de um mundo em pandemia e as projeções para 2021.

Abrindo a discussão, o consultor estratégico em alimentos, formado em Agricultura no Reino Unido e especialista em carnes nos países em desenvolvimento, Rupert Claxton, destacou como 2020 tem sido um ano difícil para o mercado global. De acordo com Claxton, antes da pandemia os mercados de carnes estavam crescendo muito rápido em comparação aos últimos 20 anos.

“O frango é uma proteína cuja produção é muito equilibrada, apresenta bom crescimento no mundo inteiro e um grande mercado consumidor, sendo esse o real desafio da indústria avícola do Brasil: competir com o mundo. A indústria de frango está a cada dia preenchendo a lacuna deixada pelo mercado de suínos e vai continuar crescendo até atingir uma estabilidade em 2024”, explicou Claxton.

Para o especialista, houve um aumento exponencial na produção de frangos nas regiões de maior demanda. Dessa forma, quando se tenta prever o futuro da avicultura é preciso compreender as constantes transformações do mundo, tanto social quanto econômicas, e que causam um grande impacto no comércio, na demanda e no custo de produção, tais como o Brexit, as eleições americanas, o food safety e a China. “Além disso, sabemos que a pandemia foi um grande ponto de disrupção, não apenas para a produção, e ela dificulta qualquer previsão para o próximo ano, assim como a estabilidade de governos e a provável queda na renda do consumidor”, disse o especialista.

Já o comércio bilateral ganhará mais força, uma vez que os acordos globais de comércio estão sendo cada vez menores. A retirada de antibióticos na produção e as várias medidas tomadas no mundo inteiro procurando manter a saúde humana trarão um aumento no custo e uma maior complexidade do sistema produtivo. “Em termos de sustentabilidade, o Brasil está recebendo muita atenção e isso tende a persistir e aumentar. É preciso se manter alerta, tanto na sustentabilidade quanto em todos os regulamentos relacionados às doenças veterinárias”.

As economias estão em uma posição complicada, conforme dados apontados por Claxton, uma vez que as pessoas estão gastando menos com alimentos. O impacto só foi menor devido às medidas preventivas de manutenção dos empregos, tomadas na maioria dos países pelo mundo. A preocupação, no entanto, se mantém para 2021, pois a pandemia ainda persistirá, uma vez que, embora já se fale sobre a vacina, os impactos irão perdurar por muito tempo.

A Covid-19 e a indústria global de proteína animal

O mundo está mudando e a pandemia acelerou várias tendências que já estavam em discussão. “A mudança de canais é algo notável e o e-commerce ganhou um novo patamar, assim como a ligação entre a saúde e o alimento é irreversível”, destacou o especialista. Ainda, de acordo com Claxton, a sustentabilidade ganha uma importância incomensurável para o comércio. É possível ver como as grandes empresas não estão dispostas a comprar de fornecedores que não prestam atenção na sustentabilidade, sendo essa uma realidade que ficará mais rígida no futuro.

A Peste Suína Africana (PSA) da China estabeleceu o tom do comércio nos últimos dois anos; já a Covid-19 será o grande ponto de atenção para o mercado em 2021. “No entanto, não falaremos sobre a Covid-19 daqui a cinco anos. Será a PSA que terá mudado o mercado de carne suína na China em longo prazo, com um impacto que ainda não podemos prever”, explicou Claxton.

Existe uma mudança global em relação ao consumo de frango em todos os mercados mundiais, afinal essa é uma proteína mais barata e acessível, consumida independentemente de religião ou costumes, tendo como um dos fatores mais motivadores o rápido retorno do investimento na indústria avícola.

“Nesse cenário, o Brasil precisa adaptar seus métodos produtivos, afastando-se do foco no custo mais baixo de produção, ao mesmo tempo em que analisa para onde o mercado está indo, alcançando maior credibilidade e reputação no mercado internacional, não só na questão de preço, mas principalmente de sustentabilidade”, alertou.

O mercado doméstico brasileiro é muito significativo, há uma oportunidade de crescimento clara nesse nicho, por isso o cuidado com o aumento dos preços, não apenas da carne, mas de todos os alimentos. “2021 será crucial, pois o impacto da pandemia terá se reajustado e os mercado vão se reorganizar, sendo um ano importante para o Brasil, se o país conseguir retornar o crescimento econômico consistente em anos anteriores”, apontou Rupert Claxton.

Perspectivas dos mercados agrícolas em 2021

Na agricultura, a Covid-19 trouxe os maiores preços da história e um ambiente absolutamente diferente do habitual, como explicou em sua apresentação o engenheiro agrônomo, doutor em Economia Aplicada pela Esalq-USP e membro do comitê externo da Embrapa, Alexandre Mendonça de Barros.

“Há uma leitura dominante no mundo de que 2021 será um ano de recuperação econômica, já que em 2020 tivemos uma queda agressiva em todos os países, com exceção da China. Para esse país, o crescimento esperado do Produto Interno Bruto (PIB) está na ordem de 8%, enquanto para os outros países, a projeção é de queda, mas com uma leitura positiva”, explicou Barros.

De acordo com ele, enquanto a Covid-19 não estiver estabilizada será difícil prever quando acontecerá uma aceleração econômica no mundo inteiro. Tudo isso mexeu com o preço das commodities, principalmente no Brasil, e os preços dos grãos começaram a subir de forma agressiva.

“Com uma taxa de juros muito baixa, que obviamente estimula os negócios no Brasil, um real depreciado e com os preços em dólar subindo, podemos entender o porquê estamos vendo preços em reais extremamente elevados”, detalhou Barros. Também em grãos é preciso manter um olhar positivo para 2021, no sentido de alguma volta à normalidade que trará uma maior demanda por commodities no mundo inteiro. Dessa forma, é preciso manter a atenção para a reconstrução do estoque de suínos na China e, principalmente, no forte investimento na suinocultura de granja de alta tecnologia.

“Ao mesmo tempo assistimos o crescimento da avicultura chinesa com a intensificação da produção de ovos, da pecuária e de leite, ou seja, há uma demanda por ração crescente na China. Esse é um elemento que perturba o mercado de soja e, possivelmente, assistiremos uma mudança no mercado de milho decorrente da entrada do gigante asiático como um importador desse grão”, finalizou Alexandre Mendonça de Barros.

Fonte: Attuale Comunicação

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