Inovações tecnológicas têm transformado profundamente o agronegócio, e a biotecnologia ocupa um papel central nesse processo. Ao unir ciência de ponta e inovação, ela promove avanços que impactam a agricultura e o meio ambiente, moldando um futuro em que a produção de alimentos seja mais sustentável. Além disso, agrega cada vez mais ganhos ao produtor e aos desenvolvedores de tecnologia. Segundo estudos da CropLife Brasil e Agroconsult, a biotecnologia gerou R$ 143,5 bilhões de receita extra ao agronegócio brasileiro nos últimos 25 anos.
O cenário nacional é especialmente promissor. O Brasil está a caminho de se consolidar como uma das maiores potências em biotecnologia agrícola: o país é um dos maiores produtores de grãos do mundo, é mega biodiverso, detém produção científica de alta qualidade em ciências vegetais e possui um mercado maduro de venture capital. Esses atributos apontam para um cenário favorável para a expansão e ascensão das agtechs – startups de biotecnologia voltadas ao agronegócio.
Entre as inovações em franco avanço, três tendências prometem ganhar maior relevância no setor em 2025:
- Biofertilizantes e Biopesticidas
A aprovação da Lei de Bioinsumos reforça o compromisso do Brasil com alternativas sustentáveis aos tradicionais insumos químicos. Soluções como biofertilizantes e biopesticidas, baseadas em RNA, microrganismos e proteínas específicas, deverão impactar cada vez mais o agro, reduzindo os impactos ambientais negativos e atendendo à crescente demanda por alimentos produzidos de forma mais sustentável. O mercado de bioinsumos é um dos que mais cresce no agronegócio: em 2023/24, as vendas no Brasil aumentaram 15%, movimentando R$ 5 bilhões, segundo a Blink Inteligência.
Uma das empresas que atua nessa área é a Symbiomics. Fundada em 2021 por Jader Armanhi e Rafael de Souza, a agtech utiliza Inteligência Artificial para desenvolver soluções biológicas avançadas voltadas para nutrição vegetal, biocontrole, bioestimulantes e sequestro de carbono. “Identificamos padrões biológicos que permitem criar soluções baseadas em microrganismos desconhecidos até recentemente. As Comunidades Sintéticas de microrganismos, ou SynCom, desenvolvidas pela Symbiomics tornam as plantações mais eficientes na aquisição de nutrientes e mais resilientes às adversidades do clima e pragas, contribuindo diretamente para o combate às mudanças climáticas”, conta Rafael, CEO da empresa.
- Agricultura Regenerativa e Microbiomas do Solo
Práticas regenerativas e tecnologias baseadas em microbiomas estão redefinindo o manejo agrícola. Novos microrganismos, identificados pela Symbiomics, melhoram a saúde do solo, aumentam a fixação de nutrientes e a resistência das plantas a doenças, impulsionando a agricultura regenerativa.
“O solo é um ecossistema vivo, abrigando bilhões de microrganismos que constituem seu microbioma. Esses microrganismos desempenham funções essenciais para a agricultura, como a fixação de nitrogênio e o controle biológico de pragas. Essas funções resultantes da interação dos microrganismos com as plantas trazem ganhos concretos para os produtores, como maior resiliência climática, aumento da produtividade e redução de custos. Empresas como a Symbiomics estão identificando e manipulando esses microrganismos benéficos para maximizar sua eficácia”, explica Jader, COO da empresa.
- Disrupção para produção sustentável de alimentos
Cerca de 80% da energia consumida pela população mundial provem direta e indiretamente de 4 culturas agrícolas: milho, soja, trigo e arroz. Somente milho e soja representam 50% desse total. Um dos maiores desafios para a produção dessas culturas é a incidência de doenças e pragas. Estas causam perdas estimadas em 20% do total de grãos representando bilhões de dólares. O controle de doenças e pragas é feito majoritariamente pela aplicação de pesticidas químicos, mas, nas últimas duas décadas, a biotecnologia tem contribuído significativamente na mudança desse quadro, como por exemplo desenvolvendo plantas transgênicas resistentes a insetos. O impacto de doenças e pragas na produção de alimentos será cada vez mais exacerbado pelos efeitos das mudanças climáticas. Eventos extremos como secas e excesso de chuvas aumentam a incidência de doenças e, neste sentido, é urgente a necessidade de inovações capazes de garantir a segurança alimentar global.
A biotecnologia terá papel crucial na produção sustentável de alimentos, desenvolvendo tecnologias disruptivas para a criação de plantas resistentes a pragas e doenças e com maior resiliência às mudanças do clima. Dentre as tecnologias disruptivas que se destacam no meio está a edição genômica. A InEdita Bio é uma das principais agtechs que atuam nesta área. A empresa inovou no setor de deep techs de biotecnologia ao criar plataformas proprietárias que combinam bioinformática, IA, machine learning e outras tecnologias para desenvolver plantas editadas resistente a pragas e doenças e mais eficientes na aquisição de nutrientes e água. As plataformas da InEdita Bio podem ser utilizadas para o desenvolvimento de “traits” de interesse em qualquer cultura agrícola. Assim, a InEdita Bio se posiciona, estrategicamente, na busca de soluções para a agricultura sustentável a nível global. “Essa é uma questão que afeta a população global e tem impacto econômico substancial para o produtor brasileiro”, finaliza Paulo Arruda, sócio-fundador da startup e pioneiro na área de biologia molecular e genômica de plantas no Brasil.
Fonte: Karen Villerva