O republicano Donald Trump foi eleito o 47° presidente dos Estados Unidos (EUA). Ele foi eleito com propostas econômicas mais protecionistas, incluindo o aumento de impostos de importações e outros países, o que favorece a moeda americana. Segundo Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez, em entrevista ao Estadão, essas medidas favorecem a moeda norte-americana Com a eleição, os primeiros impactos na economia já foram sentidos. As atitudes anunciadas irão fortalecer a continuidade da valorização do dólar aumenta o apetite dos investidores, inclusive do mercado imobiliário.
Segundo Raphael Rios, diretor de expansão da My Broker Imobiliária, a movimentação gerada pela valorização da moeda norte-americana pode ser percebida entre os investidores brasileiros, visto que o fortalecimento do dólar oferece uma opção mais segura de aplicação de um capital. A My Broker está presente em 11 estados brasileiros e no exterior, sendo um destes países os Estados Unidos.
O foco da operação internacional é atender brasileiros que desejam investir em imóveis nos EUA e Europa. Utilizando um avançado Customer Relationship Management (CRM) desenvolvido pela própria imobiliária, a empresa capta nas 60 lojas espalhadas pelo Brasil os clientes com interesse nos imóveis no exterior e conecta-os com suas agências internacionais.
No território americano, Raphael enfatiza que, com a eleição de Trump, o aumento do interesse por investir em imóveis no país tem sido latente. “No primeiro mandato do presidente, vimos uma queda nos juros e um aumento no incentivo para a aquisição de imóveis, e isso chamou a atenção de muitos investidores. A probabilidade de que esse cenário se repita é muito alta. Isso vai ajudar bastante os brasileiros que têm interesse em investir nos EUA”, diz o especialista.
Mesmo a alta do dólar, que passou dos R$ 6, não irá comprometer o interesse dos clientes, acredita Raphael. “O brasileiro é um público-alvo das construtoras americanas, que acompanham o câmbio da moeda e costumam oferecer descontos para compensar a alta”, explica.
Responsável pela operação da My Broker nos EUA, a brasileira Anielly Maia carrega uma experiência de trabalhar há 28 no mercado imobiliário americano com o foco de atender compradores da América Latina. Desde a inauguração da sede estadunidense da My Broker, Anielly está com uma média de 30 tratativas de vendas de imóveis por mês para brasileiros e considera que o volume de vendas vai aumentar. “Tenho quatro clientes brasileiros que aguardavam a eleição de Trump para decidir a compra”, diz.
Segundo ela, os principais investidores brasileiros são de Minas Gerais, São Paulo e do Centro-Oeste, mas tem um estado norte-americano que é o foco comum desse público. “Na Flórida, o interesse dos brasileiros por imóveis sempre existiu. Tanto é que o brasileiro é o cliente número 1 das construtoras daqui. O que percebemos agora é um crescimento de uma demanda que já existia”, diz a Anielly.
O desenvolvedor de software Fábio Barreiros, 50, vive em Uberlândia e tem apetite pelo mercado imobiliário desde 2003. No momento está em busca de novos negócios internacionais para investir. “No Brasil, é um pouco difícil você criar uma estratégia de fluxo de caixa voltado para adquirir o imóvel, segurá-lo e alugá-lo, devido às dinâmicas dos impostos que permeiam esses processos de compra no nosso país. Nos Estados Unidos temos modos mais facilitados de realizar esses investimentos, então tenho interesse em diversificar minhas ações para lá”, diz o investidor.
Ele lembra que uma vantagem de realizar esse tipo de investimento no exterior é que lá, ao contrário do Brasil, não há correção do saldo da dívida de acordo com a inflação. O investidor ainda diz que não teria interesse em diversificar seu patrimônio em território estrangeiro caso Trump não tivesse vencido as eleições.
“É perigoso apostar seu capital em um país que esteja muito suscetível às variações das políticas públicas, então não basta ter a verba para realizar o investimento. É necessário avaliar toda uma conjuntura para que o retorno seja positivo, ainda mais considerando que não é sempre que será possível pagar as parcelas do financiamento internacional com a permanência de um inquilino”, diz Fábio.
Europa
Apesar dos EUA ser a bola da vez nos investimentos imobiliários, a Europa vem se destacando entre pessoas que desejam diversificar o patrimônio. Rodrigo Taquary, sócio da My Broker Portugal, atende brasileiros que vivem tanto no Brasil quanto na Europa. “A língua e a identidade cultural são facilitadores para o fechamento de negócios. Além disso, Portugal tem o preço do metro quadrado mais barato da Europa”, diz Rodrigo, que já atendeu jogadores de futebol e empresários brasileiros. A maior parte dos investidores brasileiros se concentra no eixo Rio-São Paulo. “Temos clientes brasileiros que moram aqui e pretendem permanecer e comprar imóveis aqui”, diz Rodrigo.
Fonte: Eduarda Leite