Por Pedro Camilo*
O termo Agtech, que se refere à expressão “tecnologia agrícola”, vem sendo utilizada para nomear empresas nascentes de base tecnológica agrícola, atuando em diversos campos, como biotecnologia, internet das coisas, inteligência artificial e plataformas para comercialização. É empregado também para caracterizar um novo setor econômico emergente com potencial para transformar a agropecuária, incrementando a produtividade e reduzindo custos ambientais e sociais. Para completar, Agtech vem sendo associado, ainda, à aplicação da recente abordagem de ecossistemas de inovação ao contexto agropecuário.
Porém, o que é inovação? Qual sua definição? Quando se trata desse assunto, esqueça produto, tecnologia e demais atributos. Concentre-se em responder à seguinte pergunta: qual é o problema que seu cliente quer resolver? Quais tarefas querem executar? Com podemos ajudar esse cliente, tornar sua vida mais fácil, simples, barata, conveniente e produtiva? Todos sabem que os desafios e dores que os produtores rurais possuem no dia a dia são enormes e uma das grandes vantagens desse modelo é que, além de acelerar o desenvolvimento de novas soluções para esses desafios, é também um modelo que realiza a interação entre agentes como Instituições de Ensino, Centros de Pesquisa, investidores, grandes empresas e organizações de apoio a inovação para gerar novas tecnologias e modelos de negócios.
Um mercado disruptivo, onde todos participam, é possível por meio dessa interação para acelerar uma pesquisa que talvez nunca sairia de um artigo ou tese de doutorado e transformá-la em solução para agro, com custo reduzido e escalável, pois com uma startup é possível o empreendedor validar sua ideia através de ecossistemas fortalecidos.
Alguns países são conhecidos por seus ecossistemas Agtech como Estados Unidos, Israel, Austrália, Canadá e China. No Brasil, vários ecossistemas Agtech coexistem, com diferentes níveis de organização, maturidade e resultados. No Brasil, o segmento teve um boom nos últimos cinco anos. Em 2016, quando foi realizado o primeiro Censo relacionado ao tema, o País tinha apenas 76 AgTechs, número que saltou para 1.125, em 2019, com empresas em diversos estágios de maturação.
Visando apoiar esse ecossistema de inovação o Sistema Faeg Senar e o Ifag têm desenvolvido, através do Hub de Inovação CampoLab, ações que visam justamente fomentar o empreendedorismo e permitir que grandes ideias sejam desenvolvidas, se posicionando como agente importante na viabilização da escala das Agtechs, possibilitando à startup vencer um de seus principais desafios, que é, além de desenvolver a solução, ter a oportunidade de apresentar ao seu cliente final, que é o produtor rural, para que o mesmo possa validá-la. Após a validação, o céu é o limite para essa Agtech, pois por meio de nossos Sindicatos Rurais a startup terá possibilidade de acessar uma rede de produtores rurais.
O CampoLab é um ambiente perfeito para uma Agtech que busca desenvolver sua ideia e escalar seus produtos. O Sistema Faeg possui grandes parceiros, que tornam essa trilha mais sólida, como Sebrae e Embrapa que visam acelerar grandes ideias. O Hub de Inovação também conta com Universidade Federal de Goiás (UFG), Instituto Federal de Goiás (IFG), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Bayer, entidades com papel fundamental no fortalecimento desse ecossistema.
Entre os inúmeros, conceitos e definições, o que já podemos perceber é que a inovação no agronegócio, através das Agtechs, não é um simples movimento ou tendência, mas sim uma realidade que proporcionará ao nosso cliente final, o produto rural, o acesso a novas ferramentas com vários benefícios, fortalecendo ainda mais o campo, fazendo com que ele nunca pare e siga produzindo alimentos para toda sociedade.
*Pedro Camilo é diretor da Assessoria de Tecnologia da Informação do Senar/GO