Os benefícios do emprego de bioestimulantes na cultura dos citros foram avaliados pela startup Field Science, vinculada à Unesp de Botucatu (SP), formada pelos pesquisadores Carlos Crusciol, José Roberto Portugal, João William Bossolani e Luiz Gustavo Moretti. Conforme a pesquisa, a integração desses insumos ao manejo correto dos citros resultou no acréscimo de até 32 caixas-peso a mais de laranja (40,8 kg) na comparação a áreas sem aplicação de bioestimulantes.
A Field Science, segundo informa o pesquisador Luiz Moretti, trabalha há seis anos com diversas empresas do agronegócio, focada principalmente em pesquisa agronômica em nutrição de plantas e bioestimulantes. “Validamos e testamos novas tecnologias nessas condições climáticas adversas que hoje enfrentamos em vários campos do Brasil”, ele exemplifica.
Segundo o pesquisador, a startup atua hoje em oito estados – BA, MA, MG, MS, MT, PR, SP e TO -, voltada a grandes culturas e a cultivos perenes como o dos citros. Os estudos com bioestimulantes nesta cultura, ele acrescenta, ocorreram numa propriedade de 400 hectares de um grupo produtor de laranja instalado na cidade de Pratânia, na região de Botucatu.
Para Moretti, os bioestimulantes, para transferir bons resultados ao produtor, têm de ser integrados corretamente aos sistemas de manejo da cultura, abrangendo práticas fitossanitárias, adubação de base e outras técnicas. “Feito o manejo padrão correto”, a adição de bioestimulantes tem grande potencial de bons resultados, frisa o pesquisador.
“A bioestimulação é um ‘refino’ dentro do processo. Vemos que em condições tropicais iguais às do Brasil, onde enfrentamos situações adversas muito frequentes, chuvas em excesso ou condições de seca severa, como agora, os bioestimulantes interferem de fato no componente produtivo da cultura”, explica Moretti.
Segundo ele, a pesquisa da Field Science conseguiu identificar, por exemplo, os momentos mais eficientes para a aplicação dos bioestimulantes em citros: a pré-florada e a florada. “É quando se promove o ‘pegamento’ floral que vai gerar o fruto”. Foi com esse critério principal, ele acrescenta, que na área estudada houve o registro de ganho de até 32 caixas-peso a mais de laranja por hectare.
“Esse resultado é muito bom, um valor que com o uso da tecnologia, o acréscimo produtivo se paga”, afirma Moretti. “A condição sanitária do pomar fica melhor, porque a planta sofre menos, ela passa a uma condição melhor”, enfatiza. “O produtor consegue um bom valor pela fruta, ele paga a conta, o pomar dele tem uma produtividade maior.”
Conforme Luiz Moretti, a Field Science analisou ainda, favoravelmente, a qualidade do suco dos frutos colhidos nos pomares-alvo da pesquisa com bioestimulantes.
“Esse projeto foi completo. Avaliamos toda a parte de fotossíntese das plantas de citros. Com os bioestimulantes, as plantas enfrentaram melhor as condições de estresse hídrico. Tivemos maior taxa fotossintética e melhorou o estado nutricional”, destaca Moretti. “O estresse das plantas permaneceu, mas foi suavizado na comparação a uma situação extrema”, ele observa.
O pesquisador ressalta ainda que a tecnologia dos bioestimulantes evoluiu bastante frente a produtos do gênero que eram aplicados no Brasil nos anos de 1980 e 1990. “Assim como a tecnologia avançou muito, permite aplicações melhores, ao mesmo tempo enfrentamos hoje condições sucessivas, severas, de estresse climático”, compara Moretti.
Fonte: Fernanda Campos