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Fusões e Aquisições movimentam mercado de Biogás e Biometano no Brasil

O volume de Fusões e Aquisições (M&A) envolvendo empresas do setor de biogás e biometano vem crescendo no Brasil. Segundo um estudo realizado pela assessoria especializada em M&A, Redirection International, nos últimos 12 meses, entre setembro de 2023 e agosto de 2024, foram mapeadas pelo menos 13 transações no país. A quantidade é maior do que o observado nos dois anos anteriores, quando foram ao menos oito negócios fechados em todo o período.

O levantamento leva em consideração apenas as operações anunciadas ao mercado e contempla tanto as transações de M&A quanto a aquisição de ativos no Brasil, com foco em biogás e biometano, sem englobar a distribuição no mercado livre, concessões ou contratos de fornecimento de energia. Entre os negócios recentes no setor estão a aquisição de 51% da Oeste Ambiental (proprietária do aterro sanitário localizado no Rio Grande do Norte) pelo Grupo Orizon VR e a compra da empresa de biogás Agric pela Energisa, por exemplo.

“Estamos vendo um aumento no interesse de investidores em empresas no setor de biogás e na cadeia mais ampla. A atividade de fusões e aquisições no segmento cresceu muito nos últimos 12 meses e à medida que o mercado se consolida ainda há muito espaço para crescer. Podemos fazer um paralelo com o boom em negócios de energia eólica e solar visto nos últimos anos”, destaca o diretor da Redirection Internacional, João Caetano Magalhães.

Ele lembra que nos últimos anos o mercado brasileiro tem atraído um número crescente de empresas internacionais que atuam no setor de biogás, o que indica que o mercado está mais atrativo e consolidado. Como exemplos de players internacionais do segmento que estão ativos em solo brasileiro, estão a BP, Cargill e a Mubadala Capital. “A expectativa é que o Brasil se consolide como um dos líderes globais na produção de biogás. Observamos um aumento nas atividades de M&A com companhias internacionais que buscam entrar em novos mercados, adquirir tecnologias e atuar em ambientes regulatórios favoráveis”, afirma João Caetano Magalhães.

E os dados do setor são bastante promissores, com uma perspectiva de alcançar um valor de R$ 85 bilhões até 2030 somente no segmento de biometano, segundo a consultoria McKinsey. Além disso, o Brasil ocupa a quinta posição no ranking mundial em número de usinas de biogás instaladas, atrás da Alemanha, Estados Unidos, Itália e França, de acordo com o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás). E o crescimento acelerado do segmento também eleva a projeção da Associação Brasileira de Biogás (ABiogás), que estima que até 2029 a produção de biometano deve crescer 600% no país.

Um dos principais motivos para o bom desempenho do mercado brasileiro de biogás e biometano está na ampla diversidade de fontes de produção aliada à vocação agrícola do país. Para a produção de biogás e biometano, em geral são usados resíduos sólidos urbanos, resíduos da indústria da cana-de-açúcar e resíduos da produção animal. João Caetano Magalhães destaca ainda que muitas companhias buscam ampliar as operações e a eficiência operacional por meio de M&A. “Fusões e aquisições serão uma estratégia-chave neste cenário, conforme as empresas buscam capturar participação de mercado, diversificar e se posicionar como líderes em um mercado em franca expansão. Além disso, vemos muitas oportunidades de M&A no ‘middle market’ em toda a cadeia de suprimentos e não apenas em grandes negócios, ou seja, na fabricação de equipamentos, consultoria e aquisições de tecnologia”.

O estudo da Redirection International aponta ainda que a busca pela descarbonização das economias é outro fator que impulsiona o segmento de biogás e biometano. “Com a crescente pressão para que as empresas adotem práticas mais sustentáveis, este setor se apresenta como uma importante alternativa para diversificar a matriz energética e vem atraindo investimentos estratégicos tanto de empresas de private equity quanto de investidores institucionais que já perceberam as vantagens que esta atividade agrega à imagem corporativa, se alinhando às práticas ESG”, ressalta João Caetano Magalhães.

Fonte: Karina Bernardi

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