A safra de algodão de 2024 no Brasil se tornou um marco na produção agrícola nacional, impulsionada pelo crescimento expressivo da área plantada e pela demanda global por fibras de alta qualidade. Mato Grosso, maior produtor de algodão do país, lidera com uma área plantada que alcançou cerca de 1,42 milhão de hectares na última safra, segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) de 2023. No entanto, junto com essa expansão, surgem desafios significativos que tornam o seguro de armazenagem de algodão uma ferramenta essencial para a sustentabilidade financeira dos produtores.
O Brasil está entre os maiores produtores de algodão do mundo e, após 30 anos de muito investimento, o país ultrapassou os EUA na safra 2023/2024 na exportação do produto, tornando-se o maior exportador mundial. O Brasil é conhecido como um fornecedor de algodão de boa qualidade, o que traz um grande diferencial para o segmento. A expectativa é de crescer ainda mais nos próximos anos, já que o país investe muito em pesquisa e desenvolvimento na cultura do algodão.
Mas nem tudo são flores. A expansão da estrutura de beneficiamento de algodão enfrenta desafios significativos devido ao crescimento expressivo dessa cultura em regiões específicas do Brasil. A necessidade de uma infraestrutura bem desenvolvida e de recursos humanos qualificados é fundamental para lidar com o aumento significativo na capacidade de processamento. Além disso, os custos operacionais elevados exigem uma gestão eficiente da cadeia de suprimentos para otimizar a logística e reduzir desperdícios. As adaptações na infraestrutura agrícola, incluindo a expansão e o ajuste dos sistemas de armazenamento e transporte, são necessárias para atender à nova demanda.
Os produtores de algodão enfrentam várias outras preocupações, o que coloca a contratação de seguros como forma de proteção do estoque, especialmente diante dos desafios enfrentados por um período de seca, e ventos fortes que contribuem para o aumento do risco, como incêndios de causa externa, cavitamia (combustão espontânea do algodão), além das condições climáticas adversas, como o fenômeno La Niña. “O seguro para armazenagem e beneficiamento do algodão é fundamental para garantir a continuidade da atividade, diante dos altos custos de produção frente a incidentes inesperados e incertezas climáticas, além de cumprir com os compromissos firmados com clientes que compraram o produto. É uma rede de segurança indispensável para os produtores”, afirma André Lins, vice-presidente da Alper Seguros, empresa especializada nesse tipo de proteção.
Eventos cada vez mais comuns e recentes, como o tempo seco, as queimadas em lavouras e reservas e a fumaça que encobre boa parte das regiões produtoras são fatos que adicionam componentes de riscos significativos ao armazenamento e beneficiamento do algodão. Os números apontam que, somente na primeira quinzena de setembro, foram 57.312 focos ativos de queimadas, registrados pelo INPE, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. O número para primeira quinzena do mês mostra crescimento de 132%, em relação ao mesmo período de 2023, quando 24.658 focos foram registrados.
Como os investimentos do cultivo, armazenagem e beneficiamento dessa cultura são elevados, a exposição ao risco dos produtores aumenta consideravelmente, além do algodão ter como característica a possibilidade de um incêndio durante todo o processo o que acaba dificultando a aceitação do seguro no mercado nacional e internacional, que se torna muito restrita. “Por se tratar de um processo que requer acompanhamento integral para evitar que um princípio de incêndio se propague a proporções maiores, o produtor contrata o seguro a fim de evitar maiores perdas caso seus procedimentos de mitigação sejam insuficientes”, explica Lins.
A cobertura abrangente para riscos climáticos é uma prioridade, pois eventos climáticos extremos, como secas prolongadas ou chuvas intensas, podem impactar severamente a produção. A acessibilidade dos prêmios de seguro é crucial para a viabilidade econômica das operações agrícolas, especialmente em períodos de incerteza climática.
Esse cenário se reflete no mercado segurador. A carteira da Alper Seguros observou um crescimento de 12% no primeiro semestre de 2024 em comparação com o mesmo período do ano passado. A taxa de sinistralidade para essa modalidade de seguro fica entre 30% e 40% da carteira. A Alper vem trabalhando fortemente no desenvolvimento de novos produtos para atender essa atividade que vem crescendo tanto.
Com a safra de 2024 em andamento, a importância de um seguro algodão bem estruturado, além de um sistema de gerenciamento de risco, torna-se cada vez mais evidente, garantindo que os produtores possam enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que esta safra promissora tem a oferecer.
Fonte: Thiago Quirino