A umidade é o fator mais crítico dos grãos, pois tem relação direta com o preço e a qualidade do produto final
Além das duas geadas registradas recentemente, a cultura cafeeira enfrenta, este ano, a bienalidade negativa que reduz a produtividade do fruto naturalmente. Estados como Paraná, São Paulo e Minas Gerais tiveram parte da produção atingida com as duas geadas e frio intenso no mês de julho. Os prejuízos ainda estão sendo contabilizados.
A temperatura baixa enfraquece o desenvolvimento do grão, fazendo com que fique com o tamanho inferior ao normal. Por não estar fisiologicamente maduro, o teor de umidade do grão é mais alto e afeta a qualidade do produto final.
O teor de umidade é o fator mais crítico dos grãos, pois tem relação direta com o preço (para mais ou para menos) podendo representar até 14% do produto.
O ideal para armazenagem de grãos de café é que a umidade se mantenha entre 10% e 11,5%. Com umidade abaixo de 10%, o grão quebra na hora de ser beneficiado, gerando assim o que se chama de defeitos na classificação. Um café com muitos defeitos é depreciado comercialmente. Enquanto que acima de 11,5%, a umidade pode levar o grão ao branqueamento e a micotoxinas provocadas por fungos.
Por conta disso, a secagem é uma das etapas mais importantes e pode ser realizada de duas formas: por máquinas de altas temperaturas ou terreiros, inclusive suspensos, onde ficam expostos ao sol. Os terreiros são utilizados com maior frequência pela agricultura familiar.
De acordo com o Coordenador Estadual de Culturas da Emater de Minas Gerais, engenheiro agrônomo Sérgio Brás Regina, embora existam medidores de umidade de grãos com alta tecnologia, os pequenos produtores ainda usam de métodos empíricos, como esfregar o grão nas mãos ou cortar com canivete, para avaliar se está no ponto de armazenamento.
“Eles têm uma vivência, sem dúvida, mas muitos erram usando essas práticas que vêm de uma vida toda. Nós, da Emater, incentivamos os produtores a adquirir o medidor de umidade por meio de associativismo para reduzir custos e garantir melhor qualidade do produto”, afirma Sérgio Regina.
Para medir a umidade existem vários medidores no mercado que podem fornecer resultados rapidamente. Porém, para proteger as atividades comerciais, os medidores de umidade precisam estar homologados, conforme a portaria 402/2013 Inmetro.
A portaria estabelece medições seguras e precisas para as transações comerciais de cinco grãos: soja, milho, arroz, feijão e café. Portanto, a homologação dos medidores de umidade é obrigatória no momento da compra e venda dos cinco grãos citados na portaria.
“Assim como ocorre com os demais grãos, a comercialização dos grãos de café deve ser sempre feita mediante o uso de equipamentos homologados e que obedeçam a portaria do Inmetro”, afirma Manoella Rodrigues da Silva, diretora Comercial e de Marketing da LocSolution, empresa paranaense de locação de medidores de umidade de grãos, que detém a marca Motomco.
Manoella destaca que o maior benefício de se utilizar um medidor de umidade homologado é que ele fornece uma porcentagem de umidade muito mais confiável do que a simples inspeção visual, já que um grão seco na superfície ainda pode conter umidade por dentro.
Os equipamentos da Motomco analisam de forma exata e automática a umidade e temperatura da massa de grãos in natura. Além de enviar resultados de medição via bluetooth direto para o celular.
Colheita deve ter no máximo 15% de grãos verdes
O ponto ideal da colheita de café está relacionado ao percentual de grãos verdes. De modo geral, a colheita deve ser iniciada no máximo com 15% de grãos verdes, porque quanto maior esse percentual, pior será a qualidade da bebida.
Se o produtor iniciar a colheita antes de ter os grãos maduros, ele perde não só em qualidade, mas também no peso do café. “Se colher com água, depois que seca não sobra quase nada”, observa o Coordenador Estadual de Culturas da Emater de Minas Gerais, engenheiro agrônomo Sérgio Brás Regina, lembrando que a umidade implica também no sabor e na qualidade do café.