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O que o Brasil e Marte têm em comum

O que o Brasil e Marte têm em comum? Cientistas encontram argila de glauconita no planeta vermelho   

Uma nova descoberta dos cientistas sugere que Marte, o planeta vermelho, já teve um dia condições favoráveis à vida. Uma equipe de pesquisadores encontrou argila de glauconita no solo do nosso vizinho planetário. Mas, você sabia que a glauconita também está presente no planeta Terra e, inclusive, no Brasil?

O que a presença da argila de glauconita em Marte significa?  

A presença de argila de glauconita em Marte sugere que o planeta vermelho já teve condições favoráveis à vida. É isso o que o artigo Long-lasting habitable periods in Gale crater constrained by glauconitic clays, de Elisabeth Losa-Adams e outros pesquisadores, publicado na revista Nature Astronomy,conclui.

No estudo, a equipe de cientistas analisou amostras minerais colhidas da cratera Gale pelo rover Curiosity em 2016. A análise dos pesquisadores foi realizada com o auxílio dos instrumentos do próprio veículo, que explora a superfície marciana desde 2012. A partir desses dados, Elisabeth Losa-Adams e seus colegas afirmam:

“Nossa análise mostra que [os minerais argilosos da cratera Gale] são estrutural e composicionalmente relacionados a argilas glauconíticas, que são um indício sensível de condições quiescentes em corpos aquáticos por longos períodos de tempo.”

Na prática, isso significa que a cratera um dia abrigou água, formando um lago que durou alguns milhões de anos. As estimativas dos cientistas é de que há 3,5 bilhões de anos, a atmosfera de Marte era densa o suficiente para permitir a formação de corpos de água na superfície do planeta.

Além disso, os dados obtidos na análise da argila glauconítica da cratera Gale sugerem que as temperaturas de Marte ficavam entre -3°C e 15°C durante esse período e que o pH da água da cratera seria neutro, o que são sinais positivos para a existência de vida.

Além das análises feitas pelo veículo Curiosity, as descobertas dos cientistas foram possíveis graças ao conhecimento sobre a formação da glauconita no planeta Terra. E o Brasil é um dos países do mundo onde esse mineral pode ser encontrado.

A glauconita também é encontrada no Brasil  

A glauconita é um mineral que pertence ao sistema cristalino monoclínico, sendo um hidrossilicato de potássio e ferro, do grupo das micas. A origem do seu nome é relacionada à sua coloração esverdeada: do grego glaucos, significando verde azulado.

No Brasil, ela está presente no Siltito Glauconítico, uma rocha sedimentar verde encontrada na região de São Gotardo, Minas Gerais. Por causa das suas boas concentrações de potássio e silício, a presença da glauconita faz com que as rochas que contenham esse mineral tenham potencial para serem utilizadas como fertilizante na agricultura.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a glauconita é utilizada como fertilizante desde 1760, onde é chamada de Greensand por causa da sua cor.  Segundo descreve o Dr, John Tedrow, pesquisador da Rutgers, The State University of New Jersey (EUA), no estudo Greensand and Grensand Soils of New Jersey: A Review, esse uso era particularmente popular no estado de Nova Jersey,

Nessa longa análise, o Dr. Tedrow se debruça sobre o histórico do uso da glauconita em Nova Jersey e aponta como isso possibilitou melhoras na produção agrícola. Além da presença de nutrientes, isso acontece por causa das propriedades benéficas da glauconita para o solo.

Mas, quais são essas propriedades benéficas?

O uso de fontes ricas em glauconita na agricultura  

As fontes ricas em glauconita são, em geral, livres de cloro. Isso é benéfico para os microrganismos, já que o excesso desse elemento é altamente biocida. Além disso, a estrutura físico-química da glauconita traz benefícios para o solo quando ela é utilizada na agricultura.

A glauconita pode ajudar no aumento da capacidade de retenção de água do solo. Isso porque, de acordo com o Dr. Tedrow, a estrutura da glauconita  favorece a retenção hídrica, uma vez que ela é como um “microcosmo de microporos”.

Os poros são os espaços entre as partículas da estrutura de alguma coisa. E a estrutura da glauconita é organizada de tal maneira que existem muitos pequenos espaços entre as suas partículas, o que ajuda a água a ficar retida neles.

Além disso, essa estrutura permite que a glauconita seja um “mineral coletor”, como destaca o Dr. John Tedrow. Isso significa que ela é capaz de “adsorver” certos nutrientes do ambiente no qual ela está presente.

Outro benefício que resulta da estrutura físico-química da glauconita é que as suas moléculas estão carregadas negativamente. Isso faz com que ela tenha uma boa capacidade de troca catiônica (CTC) e elementos que geralmente são encontrados carregados positivamente no solo, a exemplo do potássio, possam realizar trocas de carga com a glauconita.

A glauconita ainda consegue otimizar a adubação com nitrogênio. Estudos como o conduzido pelo Dr. Carlos Henrique Eiterer de Souza e pelo Dr. Fábio Aurélio Dias Martins, pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) comprovam que fontes ricas em glauconita foram eficientes na melhora da adubação nitrogenada.

Graças à sua estrutura mineralógica, a glauconita ajuda a reduzir as perdas de nitrogênio por lixiviação e volatilização. Isso porque as moléculas da glauconita conseguem atrair os cátions de amônio (NH4+) presentes no solo, através de ligações químicas.   

A glauconita pode melhorar as propriedades do solo  

A presença da glauconita no solo de Marte é um indicativo de que já houve condições favoráveis ao desenvolvimento da vida no planeta vermelho. Já no planeta Terra, a glauconita, quando utilizada na agricultura, traz benefícios para a estrutura física, química e biológica do solo.

Fonte: Stella Xavier

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