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Produzir carne macia e com marmoreio inicia na fase intrauterina

Garantir uma carne de excelência, que possa competir em pé de igualdade com os principais produtores do mundo, é muito mais que cuidar do animal depois que ele nasce.

Garantir uma carne de excelência, que possa competir em pé de igualdade com os principais produtores do mundo, é muito mais que cuidar do animal depois que ele nasce. O marmoreio e a maciez começam ainda na fase intrauterina, que representa quase um terço da vida do animal, da concepção ao abate. A nutrição de vacas gestantes à luz da nutrigenômica foi tema abordado pelo professor pós-doutor Miguel Henrique de Almeida Santana, da Universidade de São Paulo, durante a Reunião Anual do Colégio Brasileiro de Nutrição Animal, que aconteceu em novembro de maneira on-line.

Santana destacou que a negligencia da nutrição durante gestação pode causar impactos no futuro bezerro. “Por isso se fala que a carne brasileira tem carne de menor qualidade, menos maciez, baixo marmoreio, em relação a nossos concorrentes. A nossa carne ainda é vista como de pior qualidade frente aos concorrentes. Diante desse cenário, a gente lança mão de estratégias, as mais comuns são cruzamentos industrias, alimentos alternativos para a progênie, suplementação da dieta e o confinamento durante a terminação, tudo para melhorar a performance, melhorar a qualidade da carne. Contudo, mesmo com essas estratégias, muitas vezes as coisas não resultam conforme o esperado. Mesmo com dietas ricas em energia na terminação, ainda assim produz carne de pior qualidade, com dificuldade em produzir gordura e marmoreio. Então o que há de errado? A carne produzida ao final da cadeia produtiva inicia muito antes, ainda na fase intrauterina. O desenvolvimento de tecidos ocorre de modo a favorecer ou prejudicar na vida pós natal não tem como reverter esses resultados”, menciona o professor Santana.

De acordo com ele, 1/3 na vida do animal ocorre na fase intrauterina, onde existem fatores cruciais no desenvolvimento muscular e esquelético. “A nutrição tem se mostrado importante para impactar na vida do animal. Cerca de 2/3 da gestação acontece em momento que temos defasagem de produção de forragem (sazonalidade de chuvas), as matrizes têm baixa qualidade de forragem, isso tem que ser corrigido. Em 1/3 tem desenvolvimento de órgãos vitais, formação de tecidos primários. No momento em que há negligência nutricional, vai impactar substancialmente no desenvolvimento do tecido muscular energético”, apontou.

No segundo terço da gestação, explica, há maior formação de células musculares secundárias, acontece quando corriqueiramente é auge da seca no brasil difícil momento de obter do pasto que ela precisa para necessidades de manutenção e crescimento fetal. No terço final ocorre já transição de seca para água. “A qualidade da forração começa aumentar e o feto basicamente cresce em tamanho, a hipertrofia das células musculares. Junto a isso, células são destinadas ao tecido adiposo intramuscular. A partir da nutrição da mãe, eventos metabólicos acontecem nessa matriz, e são sinalizadores para células se dirigirem a formar células adiposas. Ao final da vida teremos carne com mais gordura”, destaca, reforçando que existem janelas temporais durante gestação em que medidas podem para maximizar o tecido muscular e tecido adiposo intrauterino.

“O tecido adiposo intramuscular é o de maior interesse, que dá valor à carne. Ele tem sua formação no terço final da gestação. É importante oferecer suplementações estratégicas durante a fase final até os 250 dias de vida com intuito de aumentar deposição de gordura de marmoreio, sem que haja demasiado deposito de gordura em outros locais que não a carne”, mencionou o palestrante, destacando que esse período é “a janela de marmoreio”.

Se a estação de monta for tardia a situação é ainda pior. Ele explica ainda que as células musculares são formadas antes do nascimento, depois não mais. “A estação de monta acontece geralmente na estação de chuvas, entre novembro e fevereiro. Se estação de monta for mais tardia, o desempenho é ainda pior da progênie por falta de forragem na fase que 95% das células musculares estão em formação. Lembrando que após nascimento não tem como aumentar as células musculares”, reforça. Por isso, ele cita a variação da performance da progênie de acordo com mês que nasceu. “Nasceu em setembro, teve concepção em outubro, novembro. Boas chuvas, boa forragem, Nasceu em dezembro e janeiro aconteceu tardia na estação”, destacou demonstrando estudos que apontam até queda de 24% no peso do desmame, peso corporal inicial na terminação menor, peso de abate menor, 23 dias a mais em confinamento para chegar ao peso de abate e carcaça 12% mais leve. “A programação fetal tem siso usada e se mostrado efetiva para melhorar a qualidade da carne produzida”, apontou.

Estado da matriz

Para o estudioso, o mais importante é ter em mente que a matriz é o foco é a dieta das vacas durante a gestação e que ela tem relação direta com a maciez e marmoreio da carne produzida ao final do ciclo. “Temos que ter em mente que esses processos ocorrem em função de estímulos que dependem do status metabólico da matriz. E isso é consequência do status nutricional que ela se encontra. Temos que ter foco em mecanismos que controlam o desenvolvimento muscular esquelético. Esse foco que vai ditar a qualidade da carne que nós produzimos”, reforçou o palestrante. “A partir do entendimento do controle dos tecidos adiposos é que conseguimos aumentar qualidade da carne e a produtividade”, ampliou.

Fonte: O Presente Rural

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