Sempre se posicionando na vanguarda no que diz respeito ao mercado de melhoramento genético e suas tecnologias, a Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) apresenta quatro novos índices bioeconômicos, desenvolvidos exclusivamente para objetivos de seleção específicos para atenderem aos mais diferentes sistemas de produção.
A partir de agora, a pecuária seletiva poderá contar com novos índices que contemplam: sistema de cria (MGTe_CR), sistema de recria e engorda a pasto (MGTe_RE), terminação em confinamento (MGTe_CO) e terminação em confinamento voltado para animais cruzados F1 (MGTe_F1).
A novidade não vem para substituir o tradicional MGTe (Mérito Genético Total econômico), mas sim considerar outras opções produtivas. Ela também atende às demandas do mercado, sobretudo dos diferentes sistemas de produção e dos novos cenários da pecuária e da economia brasileira, bem como a disponibilidade de novas características de avaliação, que até então não eram contempladas em índices de seleção brasileiros. O objetivo é diversificar, valorizar e auxiliar os criadores tanto na compra quanto na oferta de reprodutores.
Os novos índices poderão ser utilizados na comercialização de animais, além de servir como ferramenta para seleção com base em várias características produtivas que têm grau de importância específica dentro dos diferentes sistemas de produção.
Fernando Baldi, diretor de Pesquisa e Inovação da ANCP, que comanda o projeto, explica que os quatro novos índices tiveram o valor econômico calculado através de um modelo bioeconômico, ou seja, as diferentes características dos novos índices e suas ponderações foram calculadas de forma objetiva. “Simulamos os componentes biológicos e financeiros dos sistemas de cria, recria e engorda da raça Nelore e analisamos dados de mercado e diversos trabalhos científicos disponíveis na literatura”, completa.
“O modelo bioeconômico analisa a programação matemática composta por um conjunto de equações de lucro que permite a descrição completa dos fenômenos biológicos e econômicos entre as características e o cenário produtivo do sistema analisado”, destaca Baldi.
Os novos índices vêm sendo apresentados aos consultores e criadores da ANCP e às centrais de inseminação artificial desde dezembro de 2021 e agora estão sendo divulgados a todo o mercado.
Conheça os novos índices:
MGTe_CR: índice voltado a sistemas de produção que priorizam a Cria. Um índice desenvolvido pensando na seleção de fêmeas e otimização da desmama. Avalia características relacionadas com longevidade (stayability), precocidade sexual, habilidade materna, peso a desmama e perímetro escrotal.
MGTe_RE: índice direcionado a sistemas de Recria e Engorda com terminação a Pasto. Muito utilizado no Brasil, esse sistema de produção, necessita que se priorize peso e carcaça. Sendo assim, o novo índice abrange características de desempenho e carcaça, principalmente peso aos 450 dias (P450) e área de olho de lombo (AOL), relacionadas diretamente ao peso de carcaça e sua porção comestível, mas sem se esquecer de uma ponderação no acabamento (ACAB).
MGTe_CO: voltado a sistemas de Recria e Engorda com terminação em Confinamento. Um índice criado pensando em animais que recebem pequena bonificação em gordura e por isso leva uma ponderação muito forte para características de carcaça. O índice contempla P450, AOL, ACAB, marmorização (MAR) e consumo alimentar residual (CAR).
MGTe_F1: para sistemas de Recria e Engorda de animais Cruzados com terminação em Confinamento. O índice foi desenvolvido visando animais cruzados, filhos de vacas Nelore, que recebem maior bonificação para gordura e maior peso de abate e carcaça. Também contempla caraterísticas de P450, AOL, ACAB, CAR e MAR, focando uma maior ponderação no acabamento, rendimento e eficiência alimentar.
Uma novidade em ambos os índices de confinamento, que muito agrada criadores e mercado, é a incorporação da eficiência alimentar através do CAR. Isso porque o CAR tem influência direta nos custos de alimentação no sistema de confinamento, além da questão ambiental, uma vez que o CAR está associado a animais com menor emissão de metano.
O trabalho envolveu toda a equipe de pesquisadores da ANCP e criadores parceiros, que participaram das discussões durante o desenvolvimento dos índices, além de pesquisadores e agentes importantes da indústria da carne. As análises bioeconômicas foram interligadas com dados relacionados à realidade da pecuária nacional, com certo grau de investimento tecnológico e intensificação.
Fonte: DS Vox