Alta dos insumos diminuem confiança do agronegócio
A piora na percepção do setor com relação à economia brasileira e o esfriamento dos ânimos causado pelo aumento nos custos dos insumos são os principais motivos que pesaram no resultado.
O Índice de Confiança do Agronegócio (ICAgro), divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela CropLife Brasil, fechou o 4º trimestre de 2021 em 109,6 pontos, queda de 11,5 pontos em relação ao levantamento anterior. A piora na percepção do setor com relação à economia brasileira e o esfriamento dos ânimos causado pelo aumento nos custos dos insumos são os principais motivos que pesaram no resultado.
Apesar do impacto negativo nas indústrias e nos produtores agropecuários causado pela oferta escassa e pelos preços em alta das matérias-primas, é importante observar que o índice se mantém acima de 100 pontos, na faixa considerada otimista pela metodologia do estudo.
Índice do Produtor Agropecuário: 110,0 pontos, queda de 9,8 pontos.
Os produtores agropecuários também fecharam o ano demonstrando uma perda de entusiasmo. Neste cenário, a percepção sobre a situação geral da economia pesou mais negativamente do que a percepção sobre as condições do próprio negócio.
Índice do Produtor Agrícola: 112,0 pontos, queda de 9,7 pontos
Embora tenha registrado o resultado mais baixo desde o terceiro trimestre de 2019, o índice de confiança do Produtor Agrícola encontra-se em um patamar relativamente alto, sustentado, principalmente, pelas avaliações otimistas sobre aspectos como preços das commodities produzidas e crédito.
“Também deve-se considerar que, se por um lado, os preços dos principais grãos continuaram atrativos para os agricultores, por outro, os custos de produção contribuíram significativamente para diminuir o entusiasmo, levando a confiança para um dos níveis mais baixos já verificados desde o início da série histórica”, observou Betancourt.
As relações de troca entre grãos e insumos também encerraram o ano em patamares pouco atrativos para os produtores rurais.
Índice do Produtor Pecuário: 104,0 pontos, queda de 10,2 pontos
Dentre todos os segmentos pesquisados, o dos pecuaristas é o que fechou o 4º trimestre de 2021 no nível mais baixo de otimismo e mais próximo da neutralidade.
Os custos de produção dos pecuaristas tiveram uma avaliação ainda pior do que a dos agricultores. A categoria teve que lidar, em 2021, com a alta das rações (puxada pelo milho e pela soja), dos insumos para as pastagens (como a ureia) e, no caso dos produtores de gado de corte, com o aumento dos preços dos bezerros, que elevou o custo de reposição do rebanho.
Índice das Indústrias: 109,3 pontos, queda de 12,7 pontos
O índice da confiança das indústrias que fazem parte da cadeia produtiva do agronegócio caiu para 109,3 pontos, 12,7 pontos abaixo do levantamento anterior. O recuo foi mais acentuado nas empresas fabricantes de alimentos (depois da porteira) do que nas indústrias de insumos agrícolas (antes de porteira).
Indústria Antes da Porteira: 111,4 pontos, queda de 5,6 pontos
O nível de confiança das empresas situadas antes da porteira caiu 5,6 pontos sobre o levantamento anterior, fechando em 111,4 pontos.
Para Christian Lohbauer, presidente executivo da CropLife Brasil, o ano terminou sem que houvesse uma perspectiva de alívio para questões importantes que afligem o setor, cenário que deve ser mantido no futuro próximo. “A oferta e os preços das matérias-primas tendem a continuar pressionados e diversos fatores contribuem para o problema, como a persistência de gargalos logísticos que foram causados pela pandemia de Covid-19 e multiplicaram o custo dos fretes em 2021”, explicou Lohbauer.
De acordo com ele, a este cenário somam-se ainda as crises energéticas pelas quais atravessam vários países do globo, além de problemas geopolíticos entre Rússia e Ucrânia, que podem impactar a disponibilidade de fertilizantes com origem na região.
Indústria Depois da Porteira: 108,4 pontos, queda de 15,7 pontos
Dentre as indústrias, as situadas depois da porteira foram as que tiveram maior queda no índice de confiança. O aumento nos custos dos fretes, a baixa disponibilidade de contêineres e o consequente atraso nos embarques comprometeu o andamento das exportações de produtos como café, açúcar e algodão. Além disso, o embargo imposto pela China às importações da carne brasileira prejudicou o desempenho dos frigoríficos.
“Pesaram também as variáveis macroeconômicas, externas e internas, como o aumento da taxa de juros, a queda no rendimento médio das famílias e a inflação em alta, que afetaram as expectativas das indústrias de alimentos”, sublinhou Roberto Betancourt, vice-presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp (Cosag).