O Plano Safra da Agricultura Familiar 2024/2025, anunciado no início de julho, apresentou a Estratégia Nacional para Desenvolvimento da Cadeia do Leite. Na última sexta-feira (30/8), foi publicada a portaria interministerial que institui a Estratégia de Desenvolvimento da Produção de Leite na Agricultura Familiar, assinada pelos ministérios do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), da Agricultura e Pecuária (MAPA) e do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS). Portaria interministerial
A estratégia tem como principal objetivo aumentar a produtividade, qualidade e competitividade da produção de leite, além de promover a industrialização e o consumo do produto. Dentre as ações previstas, destacam-se a melhoria genética do rebanho leiteiro, por meio da transferência de embriões.
Entenda o que é e como acontece a Transferência de Embriões (TE) em Bovinos
A Transferência de Embriões (TE) é uma técnica avançada de reprodução assistida que permite a melhora genética do rebanho bovino. Este processo é realizado por laboratórios especializados e envolve várias etapas importantes.
- Coleta de Ócitos e Fertilização In Vitro
O processo inicia-se com a coleta de óvulos (que também são chamados de ócitos) de uma fêmea bovina doadora que possui excelente potencial genético. A coleta é feita por aspiração folicular, um procedimento em que os folículos ovarianos, com os óvulos viáveis, são aspirados. Esses óvulos são, então, fertilizados em laboratório usando sêmen de um touro com ótimas características genéticas. A fertilização ocorre fora do corpo da fêmea, em um ambiente controlado, o que resulta na formação de embriões de alta qualidade.
- Cultivo e Desenvolvimento dos Embriões
Após a fertilização, os embriões são cultivados em um laboratório especializado até atingirem o estágio ideal para a transferência para a fêmea. Esse estágio geralmente ocorre cerca de oito dias após a coleta dos óvulos. Durante esse período, o laboratório monitora o desenvolvimento dos embriões para assegurar que estejam se desenvolvendo adequadamente.
- Sincronização do Ciclo Reprodutivo da Receptora
Para que a transferência do embrião seja bem-sucedida, é necessário que a fêmea bovina receptora, também chamada de “barriga de aluguel”, esteja no mesmo estágio de desenvolvimento do embrião. Ou seja, ela deve estar em fase reprodutiva compatível com o embrião. Para alcançar essa sincronização, são utilizados tratamentos hormonais que preparam o útero da receptora para a implantação do embrião. Esse processo é conhecido como Transferência de Embriões em Tempo Fixo (TETF).
- Transferência do Embrião
O embrião é transferido para o útero da receptora por meio de um cateter inserido na vagina e no colo do útero. Esse procedimento deve ser realizado por um médico veterinário especializado. O veterinário também avalia a saúde e as condições reprodutivas da receptora para garantir o sucesso da transferência.
- Monitoramento e Confirmação da Prenhez
Após o procedimento, a receptora é monitorada para verificar se o procedimento foi bem-sucedido. Isso é feito por meio de exames de ultrassonografia, realizados geralmente entre 30 e 40 dias após a transferência do embrião.
Regulamentação e Boas Práticas
No Brasil, o processo de Transferência de Embriões em bovinos é regulamentado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Os laboratórios de fertilização in vitro e centros de coleta de embriões devem ser registrados e licenciados pelo MAPA. É essencial seguir boas práticas de manejo e saúde animal, mantendo registros detalhados e realizando exames de saúde em todos os animais envolvidos.
Essas etapas garantem que a Transferência de Embriões seja realizada de forma técnica e eficaz, contribuindo para a melhoria genética do rebanho e a produção de leite. Além disso, permite que produtores de menor porte também se beneficiem de fêmeas doadoras altamente produtivas e bem adaptadas ao ambiente onde serão reproduzidas.
Desconto para produtores de leite
Além da transferência de embriões, a Estratégia Nacional para Desenvolvimento da Cadeia do Leite prevê a formação de técnicos veterinários e o fortalecimento da sustentabilidade do setor, com a finalidade de aprimorar a qualidade do gado leiteiro e aumentar a produtividade das propriedades da agricultura familiar.
Os produtores de leite têm 30% de rebate na renda bruta anual proveniente da atividade leiteira para fins de enquadramento no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
Para alimentação animal, medicações, produtos de higiene de ordenha e de tanques, as taxas de juros são de 3% ao ano.
Para a aquisição de embriões qualificados para produção de fêmeas leiteiras e melhoramento genético, reforma e construção de instalações e formação e recuperação de pastagens, as taxas de juros são de 3% ao ano, com limite de R$ 250 mil.
Para máquinas e equipamentos de pequeno porte, incluindo aquisição de tanques de resfriamento e ordenhadeiras mecânicas, as taxas de juros são de 2,5% ao ano e o limite é de R$ 50 mil.
Com a implementação da Estratégia de Desenvolvimento da Produção de Leite na Agricultura Familiar, o Governo Federal reafirma o compromisso com a inovação, a excelência e o fortalecimento da economia rural, oferecendo suporte essencial para o crescimento e a sustentabilidade da cadeia produtiva do leite no país.
Fonte: Ayana Carneiro Gomes Figueiredo