Na Fazenda Marinha Coquille da Cajaíba, no Pouso da Cajaíba, o cultivo de vieiras e mexilhões envolve manejo sustentável e parceria com uma família caiçara, incentivando a economia local e preservando os saberes tradicionais da região
O Pouso da Cajaíba é uma vila caiçara, situada na baía de Paraty (RJ), com costumes tradicionais de pesca e relação com a natureza. Um lugar preservado, de frente para o mar aberto, que cultiva muita história e saberes caiçaras.
Nessa praia remota, o Sandi Hotel apoia a Fazenda Marinha Coquille da Cajaíba, dedicada ao cultivo de vieiras (coquille) e mexilhões, pelas mãos de uma família caiçara, que tem no projeto a fonte de seu sustento.
“São projetos que reforçam o nosso amor e dedicação a Paraty”, diz Sandi Adamiu, proprietário do Sandi Hotel que, em 30 anos de existência, tornou-se um ícone de hospitalidade na Cidade Histórica.
Os frutos do mar colhidos na fazenda Coquille da Cajaíba são servidos no Sandi Hotel. Todas as sextas-feiras, os hóspedes podem experimentar as vieiras frescas, recém-chegadas do mar, à beira da piscina ou no restaurante Pippo. A fazenda abastece com exclusividade o restaurante do hotel e o celebrado Gastromar.
Na fase de implementação da fazenda marinha, em 2021, o hotel estabeleceu uma parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Em visita a Florianópolis, os integrantes do projeto visitaram o laboratório da universidade, referência nacional no assunto, e também fazendas marinhas expoentes como Paraíso das Ostras e Ostravagante.
Parte das sementes das vieiras vêm da Ilha Grande e outra parte da UFSC. “Acabamos de receber um lote de 40 mil sementes da UFSC, para o segundo ciclo de cultivo”, comemora Sandi.
Leque de sabores
As vieiras cultivadas na Coquille da Cajaíba são as chamadas “Pata de Leão”. Levam esse nome por causa do seu tipo de concha grande e alaranjada, com desenho de leque. Por essa razão, elas também são conhecidas como vieiras “leque”, espécie que se distribui pelo oceano Atlântico e se dá bem nos climas tropicais. Além de possuir a carne tenra, suas conchas são bastante usadas para artesanato.
Para os visitantes, a experiência ainda pode ser ampliada, com um passeio de barco até a fazenda marinha, para conhecer o cultivo das coquilles e a família que vive ali, administrada por Gabriel Junqueira Conceição, sua mulher Talia, ambos nascidos no Pouso da Cajaíba, e seus três filhos.
O roteiro exclusivo, feito apenas com grupos reduzidos, será promovido pela operadora receptiva Néctar Experience, parceira do Sandi Hotel, que customiza, sob demanda, as atividades dos hóspedes em terra e mar.
Na fazenda, uma pequena estrutura foi construída para receber embarcações, além de uma balsa onde acontece parte da vivência. Ao chegar, os visitantes recebem as explicações sobre a fazenda e podem conhecer as lanternas, como são chamadas as gaiolas com prateleiras, que ficam submersas e variam de tamanho conforme cada etapa de crescimento das vieiras.
Mais tarde, na balsa, é hora de ver de perto como é feita a seleção dos frutos do mar. Por fim, vem o momento mais esperado, o de abrir as vieiras e finalizar com uma experiência gastronômica. “Com temperos simples, como maracujá, shoyo e mostarda, fazemos uma degustação criativa e saborosa”, diz Gabriel Toledo, da Néctar Experience.
Para Ana Carolina da Silva Conceição, a Caru, irmã de Gabriel Conceição, também integrante da gestão do projeto, a Fazenda Marinha Coquille da Cajaíba mostra que é possível apoiar um negócio local, de economia solidária, com plano de cultivo sustentável e caiçara, onde a vida marinha incentiva a economia da região. Além da família Conceição há três funcionários da comunidade que aprendem e exercitam o ofício de “maricultor”.
Ela explica que um dos diferenciais das vieiras é que elas são colhidas apenas uma vez por semana, bem cedinho, e logo depois de limpas seguem para Paraty -o que favorece o frescor. “Nossas vieiras passam por um processo cuidadoso para crescer, dar frutos e chegar fresquíssimas à mesa dos clientes”, diz Caru.
Fonte: Visar Planejamento