Avicultores de Montezuma, no Norte de Minas, recebem pela primeira vez a assistência técnica e gerencial do Programa AgroNordeste, do Sistema Faemg Senar. A avicultura tem sido o foco de trabalho, iniciado nas últimas semanas de dezembro de 2022, e já vem causando transformações positivas no dia a dia dos produtores, atendidos pelo técnico de campo Guilherme Jardim.
O grupo é formado, em sua maioria, por pequenos produtores rurais da agricultura familiar que atuam na comercialização local de hortaliças e verduras, e que viram na criação das aves para postura e abate uma alternativa de dinamizar as atividades. Irani Pereira Costa Braga é uma das produtoras que tem recebido a visita do técnico de campo. A criação, que hoje tem entre 150 e 200 aves, começou de forma despretensiosa e logo virou importante fonte de renda.
“No início, a ideia principal era reaproveitar o que sobra da produção das verduras e hortaliças para usar como alimento das aves. Depois fiquei sabendo, por uma conhecida, que o programa de assistência técnica estava para começar aqui na região, para ajudar na atuação da avicultura com mais conhecimento. Até aqui, tem sido muito proveitoso. Na nossa criação era preciso aprimorar o manejo e os conhecimentos sobre controle de doenças, que hoje estou ajustando”, lembra Irani Pereira.
A produtora chegou a fazer alguns cursos de avicultura pelo Senar Minas anos atrás, mas não conseguiu colocar em prática. Hoje a atividade passou a ser tão importante quanto as demais e por um motivo ainda mais especial. “Tudo começou em uma época que meu esposo tinha sofrido um acidente. A criação dos frangos foi uma alternativa, já que ele não podia trabalhar. Hoje a avicultura segue ajudando de todas as formas. Meu marido já está recuperado e se dedica ao trabalho dentro da propriedade. Com a chegada do técnico de ATeG passamos a sonhar ainda mais alto. Hoje tenho procura muito grande, muitas vezes até faltam aves para venda. Meu plano é aumentar a quantidade e buscar outras raças de frangos, para garantir uma melhor e maior evolução da ave. Além disso, estruturar melhor meu espaço para a criação”, explica a avicultora.
Investimento e planejamento
Já faz alguns anos que Dolores Nogueira Araújo busca atuar de maneira mais assertiva com a avicultura. Ela e o marido se dedicam exclusivamente à produção rural na pequena propriedade do casal, também em Montezuma, desde 2016. O carro-chefe sempre foi o plantio de hortaliças, especialmente alface. Dolores faz o plantio e comercializa nas feiras da cidade. Porém, quando os pés de alface começaram a adoecer, o casal comprou um lote de aves para iniciar na avicultura e ter uma alternativa, mas não prosperou como o imaginado.
“Como se diz, ‘colocamos o carro na frente dos bois’. Queríamos criar as aves, mas sem estruturar certinho. Quando chovia dava muita dor de cabeça e as aves também estavam destruindo parte do plantio da horta. Ficamos com elas por um tempo como criação de postura, mas as galinhas não estavam produzindo como deveriam, porque estávamos criando da forma errada. Resolvi então abater e parar com a avicultura”, recordou Dolores.
Mas a produtora seguia pensando em ter uma estrutura adequada para retomar a criação das aves. Em 2019 ela voltou a investir, construindo um galpão mais espaçoso e adquirindo novos animais. “Eu tinha um dinheiro parado e precisava investir. Atuamos com extrativismo do pequi e produção de polpas de frutas, buscando alternativas pontuais de atividades na propriedade, mas vi que a criação das aves ainda era algo viável”.
Hoje são cerca de 250 aves. Desde antes da chegada do programa AgroNordeste, o ânimo da produtora já vinha crescendo. Inclusive, ela incentivou as vizinhas a se dedicarem à assistência técnica. A expectativa é que a cadeia produtiva se fortaleça. “Incentivei outras participantes para entrar, mobilizando outras avicultoras que queriam crescer e adquirir novos conhecimentos. Estou agora estruturando meu planejamento para a aquisição de novas raças de aves, ajustando custos de insumos e trabalhando para aumentar mais a estrutura, para conseguir organizar melhor a produção de ovos, mantendo sempre atenção com as contas, para que a atividade consiga ser rentável”, comenta Dolores sobre os desafios para os próximos meses de trabalho.
Para o presidente da Associação Comunitária dos Agricultores Familiares de Tabua, entidade cooperada na região, João Paulo Silva Cordeiro, a atuação conjunta do Sistema Faemg Senar e dos produtores rurais nessa nova forma de trabalho será de extrema importância. A associação já visualiza o início de outros grupos de trabalho para a bovinocultura.
“A principal fonte de renda da agricultura familiar é a venda de verduras e hortaliças nas feiras da região. A criação das aves vai representar uma renda a mais, e estes produtores, por meio do programa de assistência técnica e gerencial, poderão atuar com mais qualidade, reduzindo perdas e prejuízos. É o primeiro grupo e esperamos agora também ampliar para novas cadeias produtivas. As pessoas viram que essa atuação funciona e querem trabalhar com mais qualidade no campo”, finaliza João Paulo.
Projeto AgroNordeste
O projeto é uma iniciativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em parceria com o Sistema CNA/SENAR e a ANATER. Em Minas Gerais, o AgroNordeste é desenvolvido pelo Sistema Faemg Senar em parceria com os Sindicatos Rurais.
Fonte: Ricardo Guimarães