Com uma série de testes realizados, a pesquisa tem contribuído para melhores índices zootécnicos, melhorias nos níveis hormonais relacionados ao bem-estar e menor excreção de compostos que podem causar prejuízos ambientais
A evolução de uma pesquisa de nove anos que tem atestado a eficácia da autoalimentação de peixes foi premiada no encerramento da 12ª Aquishow, em São José do Rio Preto, com o primeiro lugar na categoria Academia, do Prêmio Inovação Aquícola. Com o título de “A autoalimentação dos peixes: o próximo passo para a piscicultura de precisão no Brasil”, o estudo conseguiu promover melhores índices relacionados a produção zootécnica, com melhores parâmetros relacionados ao bem-estar e a diminuição da excreção de fósforo no ambiente desses animais.
Resultado de um estudo desenvolvido pelo professor adjunto da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Engenheiro de Pesca e Doutor em Zootecnia, Bruno Olivetti de Mattos, em conjunto com o professor adjunto da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Zootecnista e Doutor em Fisiologia e Nutrição de peixes, Rodrigo Fortes da Silva, a pesquisa contou com apoio da Nuter Alimentadores Automáticos. Iniciado em 2014, o estudo teve como inspiração o professor da Universidad de Murcia, na Espanha, e Doutor em Ciências Biológicas, Francisco Javier Sánchez-Vázquez, que é referência mundial em pesquisas sobre alimentação automatizada da aquicultura e parceiro no desenvolvimento de projetos elaborados por professores brasileiros.
“Quando iniciei o meu doutorado, identifiquei a possibilidade de desenvolver esse projeto juntamente com meu orientador, que na época era o professor Rodrigo Fortes da Silva. Pensamos em trabalhar a alimentação dos peixes de modo automático no Brasil, só que na ocasião não existia um alimentador com essa tecnologia disponível no mercado, além de ser um desafio a forma de demanda para se aplicar aos peixes. Desta forma, em conversas com o professor Francisco Javier Sánchez-Vázquez, ele nos auxiliou com diversas informações sobre o seu protótipo de alimentação automatizada”, relembrou Mattos.
Evoluindo com o modo de alimentação, que passou por avaliações iniciais com peixes pirarucu, o professor da UFRB relata que os estudos se aperfeiçoaram para que fosse possível o disparo de vários tipos de rações, o que possibilitou avaliar a auto alimentação desses peixes.
“Assim que estabilizamos o consumo nos alimentadores a demanda, iniciamos os trabalhos para verificar o ritmo alimentar desses peixes, o que nos possibilitou afirmar, pela primeira vez, que esses animais se alimentavam no período de dia, com a presença da luz natural. Na segunda etapa, ofertamos duas rações comerciais (39% e 49% de proteína), para avaliar o consumo de proteína dos peixes. Desse modo, foi possível avaliar que dada a oportunidade de seleção de dietas, os peixes apresentavam um padrão de seleção estável ao longo do período avaliado, fazendo com que o nível proteico selecionado fosse 44% de proteína”, explicou o Engenheiro de Pesca e Doutor em Zootecnia.
Tecnologia 3D e sequência da pesquisa
Inicialmente trabalhado em solo baiano, o estudo teve uma parte do seu desenvolvimento na Região Norte do País, por meio de uma experiência no Amazonas, com peixes tambaqui. Bruno integrou ao projeto os primeiros protótipos dos alimentadores automáticos da Nuter, que já utilizavam tecnologia em 3D. “Com o Nuter, conseguimos obter maior eficiência na produção e menor custo da alimentação, além de melhorar o bem-estar dos peixes e reduzir os valores de excreção de fósforo na água”, elencou o professor adjunto da UFRB.
Com o auxílio da expertise da Nuter em criar sistemas de alimentação automática para diversas espécies de animais, o pesquisador destaca que o próximo objetivo é aplicar a autoalimentação em tanque-rede com tilápias.
“Como iniciamos em caixas d’água de 250 litros com pouco peixes, e depois passamos para tanques de 1.000 litros, queremos aplicar essa forma de alimentação em tanque-rede, com tilápias, incluindo produtores e pescadores para melhorar a condição social, além de observar o desempenho zootécnico dos peixes, a parte sanitária, os parâmetros de bem-estar animal e poder avaliar o sistema de produção como um todo”, adiantou Mattos.
“Start” no mercado
A 12ª edição da Aquishow também foi um momento de estreia para Nuter e sua linha de alimentadores automáticos, que foram apresentados ao público da feira. Com o estante promovendo criações ao vivo e em 3D da sua linha de dosadores, que são os únicos do mercado certificados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), os visitantes também tiveram a chance de acompanhar de perto a operação desses equipamentos.
“A feira foi um grande sucesso e vamos ter a certeza no pós-evento, porém os indícios são grandes. Tivemos a presença de diversos dos maiores players da psicultura do Brasil, que nos visitaram e elogiaram o nosso projeto. As dores do mercado foram bastante conhecidas por nós e agora o nosso sistema de alimentação automática, com toda linha de produtos, se tornou conhecido”, avaliou o CEO da Nuter, João Benetti.
Sendo a primeira aparição da Nuter no cenário aquícola, Benetti considera que o momento é de mostrar que a companhia chegou para aplacar as maiores dores do mercado, por exemplo, alimentando alevinos com rações em pó, o que até então não se existia, e atender sistemas de criações, como o de tanque-rede.
“Conseguimos mostrar os conceitos da indústria 4.0 e os visitantes puderam perceber que é possível produzir com qualidade, criatividade, com auxílio da impressão 3D, por meio de um projeto altamente cientifico, homologado, certificado e avalizado, o que despertou um interesse do mercado em investir nas soluções Nuter”, concluiu Benetti.
Fonte: Juliano Rangel