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Dia do Agricultor: produtor rural de família pioneira na tecnologia agro conta as dificuldades e caminhos para se chegar ao topo

Completando 63 anos neste 28 de julho de 2023, o Dia do Agricultor se tornou uma data especial para lembrar dos trabalhadores e trabalhadoras de um dos setores mais importantes da economia brasileira: o agronegócio.

Em 2022, a produção no campo representou aproximadamente 25% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. E a expectativa é que o PIB do agro alcance nada menos que R$ 2,6 trilhões em 2023.

E para chegar a esses resultados, de acordo com o Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem cerca de 5 milhões de produtores rurais.  Além de referência em sustentabilidade, o país se destaca pela produtividade, já que em 2021 se notabilizou por ser o maior exportador de soja e o terceiro maior produtor de milho e feijão do mundo.

Todo este resultado conquistado pela nação brasileira vem do trabalho desses milhões de agricultores espalhados por todo o país. E os desafios são os mais diversos, indo das questões climáticas e chegando nas condições socioeconômicas nacionais e internacionais.

Kriss Corso, que é agricultor, agrônomo formado pelo Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal e fundador da Perfect Flight, agtech brasileira de gestão e rastreabilidade de pulverização com atuação internacional, é um dos “filhos” desta jornada dura do campo.

Kriss é neto de Josué Corso Netto, respeitado produtor agrícola que começou o trabalho no campo revendendo frutas e verduras que comprava em sítios. Após o falecimento do avô, a quem ele chama de “grande referência”, Kriss assumiu os negócios da família, junto de seu primo Josué Vasconcellos Corso, o Grupo JCN, e faz questão até hoje de levar adiante os valores de humildade, ética e perseverança do avô.

“Depois daquela perda inesperada e diante das dificuldades, já que foi uma transição forçada, a gente veio ao longo dos anos tentando aprender com os tombos; e também levamos esse conhecimento de todas as dificuldades para que outros também possam aprender com elas. Agora contamos com o meu irmão e sempre com o suporte da minha mãe e do meu tio para dar segurança para tomarmos as decisões corretas”, afirma.

Desafios no campo

O Dia do Produtor Rural foi criado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em 1960 para comemorar o centenário da instituição. Mesmo passando mais de seis décadas, algumas das dificuldades vividas pelos trabalhadores do campo permanecem.

Kriss cita as questões climáticas, que estão cada vez mais acentuadas  com o passar do tempo. As incertezas em relação a presença ou falta de chuva, clima muito quente ou muito frio sempre farão parte da vida de quem escolheu viver do fruto das lavouras.

Mas em meio às relações advindas da globalização, outras questões comerciais acabam impactando o trabalho do produtor. As variações do câmbio, nos preços das commodities e insumos também obrigam as pessoas do campo a estarem atentas ao que acontece além das fronteiras brasileiras.

Questões geopolíticas e crises como pandemia e a Guerra na Ucrânia mostraram como a informação também é um ativo, defende Kriss. Por causa destes eventos – que se somam a questões econômicas e tributárias do nosso próprio país –, muitos produtores têm sofrido na atual safra com os altos custos dos insumos.

“Todos esses fatores levam a uma realidade de que hoje em dia é necessário ter uma gestão muito profissional para buscar equilíbrio nos custos, aumentando a produtividade para conseguir margens melhores. Antes chamávamos as pessoas do campo de fazendeiros e produtores rurais, mas atualmente eu gosto de enxergá-los como empresários e empresas agrícolas”, destaca.

“E num futuro a  longo prazo, não só o produtor, mas a sociedade vai ter que se adaptar para alimentar mais gente, consequentemente deverá aumentar a produção na mesma área territorial. Então, o grande desafio será conseguir ser mais eficiente, se adaptar de forma mais rápida e diminuir os riscos”, acrescentou o fundador da Perfect Flight.

Importância da aposta em tecnologia no campo

O prognóstico de Kriss sobre o futuro no campo se baseia em estudos. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil precisará aumentar em 35% a produção de alimentos para alimentar toda a sua população até 2030. E a tecnologia será essencial para cumprir com o aumento da produção agrícola e pecuária sem ocupar mais terras.

Soluções tecnológicas já são uma realidade no agronegócio brasileiro, de acordo com estimativa da Secretaria Executiva da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão (CBAP), cerca de 67% das propriedades agrícolas usam algum tipo de tecnologia nos negócios, cultivo ou colheita.

Kriss durante sua trajetória como agricultor se deparou com a necessidade de encontrar soluções para uma parte importante do processo produtivo: a pulverização. Da busca por uma forma de mensurar os índices de aplicação de defensivos, para que não houvesse sobredosagem ou subdosagem, desperdícios de insumos e preservação do ambiente ao redor, o empresário achou uma janela de oportunidade e fundou a Perfect Flight.

Congregando soluções de IA e computação em nuvem, a agtech já possui 40 milhões de hectares digitalizados e monitorados, sendo o maior banco de dados do mundo neste quesito. Por ser construída em cloud, a tecnologia funciona em computadores, smartphones e tablets.

Funcionando a partir do Google Maps, o rastreio digital impede que florestas, campos abertos, rios, pastagens e áreas habitadas por comunidades de abelhas sejam atingidos de forma indevida pela pulverização aérea, o que além de melhorar a assertividade na aplicação, ajuda na preservação ambiental.

“A Perfect Flight descobriu um problema mundial de que pelo menos 30% do defensivo agrícola aplicado por via aérea não estava atingindo o alvo – o que representa possíveis falhas  nos locais de manejo ou a aplicação em áreas de restrição. E perceber que hoje temos a garantia de que uma tecnologia brasileira consegue atender a esse gargalo é um grande legado que temos em mãos”, afirma Kriss.

Corso é um entusiasta da tecnologia como aliada dos bons resultados do agronegócio e destaca que uma das principais apostas do momento é a inteligência artificial (IA), já que plataformas do tipo conseguem realizar análise de dados e resultados para se antecipar a problemas que antes eram de difícil solução. Por causa dessa capacidade de lidar com combinações complexas, projetos assim ajudarão a alavancar os produtos brasileiros e fazer com que as metas sejam alcançadas.

“Hoje já somos referência em termos de produção e sustentabilidade e temos que pensar onde podemos crescer mais em relação aos outros países nos próximos anos. Se o empresário agrícola se adaptar de uma forma muito rápida e adotar essas novas tecnologias, o Brasil tem condições de dobrar sua produção e ser muito mais eficiente”, defende.

Há segredos para o sucesso?

O Dia do Agricultor,além de uma data em homenagem aos homens e mulheres do campo, é também um período de lembrança da importância da contribuição e compartilhamento de informações para crescimento mútuo.

Kriss Corso diz que parte importante da pujança do setor agropecuário brasileiro vem da colaboração entre as pessoas que atuam no setor. Ele diz que há algum tempo percebe que há certas dificuldades em que os produtores enxerguem o valor nas ferramentas que já são validadas, mas que esse tipo de problema tem sido superado cada vez mais através de eventos, fóruns, workshops e outros momentos de troca.

“Para ter sucesso é preciso mitigar os riscos no campo, e isso passa pela adesão de tecnologias que te garantam uma facilidade maior para tomar decisões mais rápidas. Nós não controlamos o clima, por exemplo, mas com inovação podemos projetar a criação de mais sistemas de irrigação ao invés de expandir a área”, exemplifica o empresário.

Ele ressalta que não há fórmula secreta para o sucesso, mas dá algumas dicas sobre como os empresários agrícolas podem melhorar seu trabalho, que é tão essencial para o Brasil e para o mundo. Kriss pontua que a rentabilidade é importante, mas que ao mesmo tempo é preciso ter a eficiência como um objetivo.

Corso lembra que é preciso se planejar e sempre ter em mente uma visão a longo prazo, pensando na saúde financeira do negócio. Ele acrescenta que é importante não querer expandir a margem de lucro a qualquer custo e que passar o conhecimento de geração para geração – assim como aconteceu na família Corso desde lá atrás com o “seu” Josué – é uma das questões mais valorosas para uma empresa de qualquer setor.

“Precisamos pensar em sempre querer melhorar alguma coisa. Além disso, é essencial ter paixão pelo  negócio. Chega uma hora que a sua rotina se torna uma coisa tão prazerosa que os problemas do dia a dia ficam pequenos. Então é importante sempre olhar tudo com otimismo e oportunidades diárias de aprendizado”, finaliza.

Fonte: Pamela Gama

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