Com evidências arqueológicas, históricas, da neurociência e da psicologia social sobre o consumo de álcool na humanidade, o livro Embriagados: como bebemos, dançamos e tropeçamos em nosso caminho para a civilização (editora Krater, 416 p.), do filósofo americano Edward Slingerland, chega ao Brasil trazendo uma investigação científica profunda sobre a relação da humanidade com o consumo das bebidas alcoólicas. Agora, a obra pode ser conferida em 10 idiomas.
“Todos os rituais sociais e religiosos envolvem álcool. A bebida é usada em rituais há milhões de anos. Existem inúmeros achados arqueológicos. As pessoas eram enterradas com muito álcool nas catacumbas. O primeiro milagre de Jesus foi transformar água em vinho”, destaca o autor no texto.
O livro, traduzido para o português em sua mais nova edição, será lançado na próxima quarta-feira (30/8), das 18h às 21h30, na Sebinho Livraria, Cafeteria e Bistrô, em Brasília, com o apoio do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), da Associação Brasileira da Cerveja Artesanal (Abracerva) e da Federação Brasileira das Cervejarias Artesanais (Febracerva). A entrada é gratuita.
Slingerland é professor de Filosofia da Universidade de British Columbia, no Canadá, onde mora, e doutor em Estudos de Religião pela Universidade Stanford, nos Estados Unidos. Ele participará do lançamento por meio de um vídeo que enviará ao evento. Estarão presencialmente o professor do Programa de Pós-Graduação em Fisiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Glauco Caon, conhecido pelas suas pesquisas sobre o efeito do consumo moderado de bebida alcoólica sobre doenças crônicas inflamatórias, e o professor de História e Política Internacional na Universidade Anhembi Morumbi, Iberê Moreno.
Sucesso no exterior, onde foi lançado em inglês e traduzido para os idiomas chinês, coreano, italiano, espanhol, francês, russo, ucraniano e tailandês, o autor considera a importância das bebidas alcoólicas na formação de agrupamentos humanos que abandonaram o estado de natureza, sem regras e em constante clima de guerra de todos contra todos, para constituírem a civilização. Até então, essa questão central das ciências humanas era vinculada apenas ao surgimento de leis, da autoridade do Estado e da religião, tradicionalmente apontados como vetores desse processo.
Slingerland acredita que o tema sobre o consumo de bebidas alcóolicas deve ser discutido livre de preconceitos e defende que as pessoas tenham conhecimentos de perigos e benefícios para tomarem suas decisões de maneira informada e consciente. “O consumo moderado e social une as pessoas, mantém-nas conectadas às suas comunidades e lubrifica a troca de informações e a construção de redes de contato”, diz um trecho do livro. “É importante reconhecer que o álcool não é apenas um produto químico psicoativo, mas também serve como portador de significado sociocultural”, afirma o autor, em outra parte da obra.
Fonte: Cleomar da Silva Almeida Rosa