As fortes e frequentes chuvas que assolaram o Rio Grande do Sul, principalmente nos meses de setembro e novembro do ano passado, trouxeram como resultado para alguns produtores, a perda de nutrientes do solo e o aparecimento da erosão. Em alguns casos, mais graves, foi percebido o surgimento de voçorocas, grandes valas que se abrem no solo, em áreas totalmente degradadas. A solução para o problema passa por ações de correção e, com foco no futuro, estratégias de plantio que poderão evitar o pior em caso de novas precipitações similares a estas causadas pelo fenômeno El Niño.
Conforme o gerente Técnico da SIA – Serviço de Inteligência em Agronegócios, Armindo Barth Neto, as chuvas, que chegaram a 600 milímetros em um único mês, batendo médias históricas, pegaram o final de ciclo das lavouras de inverno, e a preparação das áreas para o cultivo das lavouras de verão, principalmente plantio de arroz e soja, que acontece nos meses de outubro e novembro. “Com isso, essas chuvas, atingindo bem essa fase, pegaram um período com pouca cobertura de solo e isso favoreceu muito à erosão e consequentemente até ao aparecimento de voçorocas, problemas de degradação das áreas. E muitos produtores, com o aparecimento das voçorocas, perderam muito solo na camada mais fértil dessas áreas que acabaram indo embora junto com as chuvas”, explica.
A primeira ação indicada pelo especialista, é ingressar com o maquinário necessário para fechar as voçorocas. Depois, Barth Neto recomenda a implementação de curvas de nível com o objetivo de evitar que a água atinja velocidade e abra novamente as voçorocas. O passo seguinte é a análise de solo para identificar o que realmente está faltando de nutrientes.
Ele explica que, como a camada que concentra a maior parte dos nutrientes tem até 20 centímetros e foi levada pela chuva, é preciso repor estes nutrientes do solo, com aplicação de calcário, adubos químicos e melhorar a capacidade orgânica deste solo, a melhoria dos substratos para os microrganismos, para que se obtenha uma atividade da microbiologia do solo mais acelerada. “E isso contribui muito também na fertilidade do solo e nesta questão também a aplicação de adubos orgânicos como esterco de aves ou esterco de suínos em quantidade bastante considerável, em muitos casos doses próximas as 10 toneladas por hectare ajuda bastante a recuperar esta vida no solo que só com a parte química não é possível ser recuperada”, detalha.
Para finalizar a recuperação, Armindo Barth Neto indica o plantio direto imediato, a semeadura do solo, sem revolvê-lo. “Voltar a este tripé a ser trabalhado, plantio direto (sem revolvimento do solo), fazer curvas de nível nas áreas e também manter o solo sempre coberto. São pontos fundamentais para que a gente não tenha problemas novamente de degradação deste solo, erosão e inclusive virar voçoroca”, ensina.
O gerente técnico da SIA diz, ainda, que para prevenir estes problemas, o produtor deve manter sempre as áreas em plantio direto. Segundo ele, é fundamental que não se tenha revolvimento de solo. “Áreas de plantio convencional são muito mais suscetíveis a esse processo de erosão e, somado a isso, as curvas de nível, coisa que vê muito pouco nas áreas de lavouras no Rio Grande do Sul, principalmente em áreas que tem um pouco mais de declividade. Então o trabalho tanto do plantio direto junto com as curvas de nível bem feitas (que suportem um grande volume de água) são quase imbatíveis nesta questão de fortes chuvas”, afirma. Manter sempre solos cobertos, plantas verdes em produção, também ajuda bastante a prevenir o processo de erosão.
Fonte: AgroEffective Assessoria de Imprensa